Subject: M. Carvalho |
Author:
Maria do Ó
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Date Posted: 01:00:53 01/02/03 Thu
In reply to:
Maria do Ó
's message, "M. Carvalho" on 02:13:41 12/25/02 Wed
M. Carvalho
Junto mais alguma informação sobre os fundadores do concelho.
Como sabe, a história da República no Algarve ainda está por fazer e só com pequenas monografias locais se pode depois ter uma visão do conjunto. É necessário conhecer melhor várias dezenas de republicanos que existiram nos principais focos republicanos.
No que respeita a São Brás de Alportel, é necessário conhecer a acção política de Abraão Amram, João Rosa Beatriz, Júlio César Rosalis, J. Sousa Uva, Virgílio de Passos, Boaventura Passos, poeta Bernardo Passos e Machado Santos.
Todos estes estadistas, directa ou indirectamente estão na base da fundação do concelho. Além disso, há outras personalidades (numerosas) que não devem ficar no esquecimento e que merecem também um estudo porque, indirectamente, contribuíram para o sucesso da causa.
1. O iniciador do processo, ainda no tempo da monarquia, foi J. Sousa Uva. Devido à conjectura administrativa e política o processo não avançou e, num comício, foi aprovado democraticamente o cancelamento da pretensão. Razões invocadas: os corticeiros ficariam prejudicados com a subida de impostos.
2. No ambiente eufórico da Primeira República, Virgílio de Passos retoma a ideia antiga e é a “alma” de todo o processo da elevação da freguesia a vila.. Como recompensa teve o lugar de secretário na nova Câmara.
3. Ajudaram Virgílio de Passos, Boaventura de Passos, na angariação de assinaturas (como recompensa foi nomeado amanuense da Câmara Municipal), e J. Rosa Beatriz, na obtenção dos documentos necessários para anexar ao processo (como recompensa foi nomeado Administrador do Concelho, cargo que desempenhou durante três meses).
4. J. Sousa Uva, em comício, foi eleito mandatário para representar a freguesia em Lisboa. Ficou encarregado de entregar o processo no Parlamento a pessoa que o defendesse. Porém, foi escolhido J. Rosa Beatriz, talvez pelas boas relações políticas com o Governo de então. A escolha não foi pública e deu ocasião a protestos, mas conseguiu que Machados Santos apresentasse e defendesse no Parlamento o processo. J. Sousa Uva foi o “ideólogo” republicano da aldeia e, democraticamente, teve a coragem de dissolver o histórico Partido Republico na aldeia e deu ocasião à pluralidade de partidos.
5. Machados Santos foi o deputado que apresentou e defendeu o projecto de elevação da freguesia a concelho no Parlamento. Depois de vários interregnos, como o Código Administrativo não foi actualizado e houve excepções, (a maioria dos deputados estava contra os novos concelhos “em cada esquina de um a rua”), o processo subiu a plenário e foi aprovado.
6. O poeta Bernardo de Passos, sendo secretário da Câmara Municipal de Faro, facilitou a documentação necessária que garantia a independência da freguesia.
Estes são o esteio da formação do concelho.
Entre outras personalidades, recordo Amram que influenciou politicamente J. Rosa Beatriz, e Júlio César Rosalis. Este foi talvez o maior democrata que passou pela aldeia. Grande orador, era o homem da paz e do consenso. Foi um dos dinamizadores da causa republicana na aldeia e evitou todos os radicalismos e ataques pessoais. Grande amigo de J. Rosa Beatriz, mas perante o radicalismo anárquico do “Herói da Rotunda, demarcou-se e enveredou pelo Partido Evolucionista. Foi Governador Civil em Faro.
Muito mais há a dizer. Fica para outra ocasião-
NB. Já que estou na mão do cangirão, ainda vou pensar se devo ou não passar para o FORUM o Testamento Político de J. Rosa Beatriz. Como há muita curiosidade e parece que há tabu, era um processo de desfazer certas auréolas. Ainda não encontrei um colega que me dissesse para avançar porque o texto é um mosaico de ideias em voga na época, por vezes mal assimilado e escrito de forma incorrecta. Para se conhecer o pensar da época há livros abundantes e escorreitos.
Causou-me um certo espanto o Presidente da Câmara afirmar solenemente a sua publicação. (Talvez fosse influenciado por uma minha colega que achou uma “novidade” o achado).Ou não o leu cabalmente ou não entendeu bem o seu conteúdo. Mas como já se publicaram uns versos de conteúdo duvidoso e de forma manca, com um prefácio “histórico”, nada já me espanta. Porém, servir-se de dinheiros públicos...
Marai do Ó, Alportel
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