Subject: Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação |
Author:
Agualva
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Date Posted: 17:49:45 12/06/03 Sat
A Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação que vai decorrer em Genebra nos próximos dias prepara-se para dar luz verde a propostas já decidas na OMC.Privatizar as telecomunicações e melhor pilhar o Mundo.
Vai decorrer em Genebra entre 10 e 12 de Dezembro a Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação. Esta cimeira organizada pela União Internacional das Telecomunicações visa dar cobertura a decisões já tomadas na OMC, que vão no sentido de liberalizar e ofereçer às grandes multinacionais das telecomunicações, os apeteciveis mercados que se abrem nos países em desenvolvimento e controlar a pretexto da segurança as comunicações globais.
Os governos e a sociedade civil vão ser postos perante um projecto libertícida e gerador de desigualdades, que no mais puro estilo neo-liberal visa colocar na mão de meia dúzia, o que deveria ser de todos. Uma regressão em termos dos princípios defendidos na Carta das Nações Unidas.
Mobilizações e protestos estão a ser organizados. <a rel=nofollow target=_blank href="http://www.geneva03.org/">http://www.geneva03.org/</a>
Mobilizações contra a Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação (Worlds Summit on Information Society).
De 10 a 12 de Dezembro terá lugar em Genebra a primeira Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação. Organizada pela UIT (União Internacional das Telecomunicações) esta cimeira será seguida duma segunda fase a acontecer na Tunisia em 16 e 18 de Novembro de 2005.
A sua origem parte de uma ideia desenvolvida nos anos 90: utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação como um instrumento para o desenvolvimento. A UIT fixou três grandes objectivos para a cimeira: Permitir o acesso de todos às tecnologias da informação e da comunicação (TIC), fazer das TIC um instrumento de desenvolvimento, dar confiança e segurança à utilização das TIC. A Cimeira esconde-se assim por detrás de uma retórica humanitária: Combater a assimetria numérica entre países industrializados e países em desenvolvimento. Também o projecto está cheio de palavras como erradicação da pobreza e da fome, igualdade entre homens e mulheres, luta contra a mortalidade infantil etc. etc. etc.
Estes conceitos retirados da Carta das Nações Unidas servem de cortina de fumo a negociações destinadas à abertura de novos mercados (por exemplo o dos países africanos) às grandes transnacionais de informação e comunicação dos países industrializados.
Desta forma eles apresentam esta Cimeira Mundial sobre as Tecnologias da Informação, como uma «cimeira de tipo novo» reunindo sectores governamentais, sectores privados e da sociedade civil. Um perfume conhecido não é? Normal: a receita não muda.Somente o pequeno club dos « leaders globais do futuro» de Davos, se autoproclama desta vez e
sem vergonha de «representantes dos povos do mundo»(!).
Entre os 56 chefes de estado ou de governo presentes em Genebra durante a Cimeira estarão ditadores, criminosos e fazedores de guerra bem conhecidos pelo desrespeito dos Direitos Humanos. A seu lado vão sentar-se os representantes das grandes multinacionais da comunicação, como especialistas em fusões de custo social elevado (caso da AOL, Vivendi Universal) ou de manipulação da informação (como a CNN ou a NBC) etc.
Claro a organização sentiu-se igualmente na necessidade de convidar representantes da «sociedade civil» para se associarem na elaboração das «soluções» : algumas ONG escolhidas, no baralho do costume, cumprirão certamente o seu habitual papel de figurantes, para darem mais credibilidade às «boas intenções» proclamadas na declaração de princípios e darem legitimidade às decisões. Como no Forum Económico Mundial elas intervirão apenas em momentos e lugares cuidadosamente agendados pelos organizadores para não terem demasiada audiência. E provavelmente acontecerá como no Forum Económico Mundial. Algumas ONG, que num primeiro momento aceitaram o convite retiraram-se pouco depois, acusando a organização de os manipular e de não ter em conta as suas opiniões.
Porque no fundo o que está em causa é escandaloso. Os problemas serão em primeiro lugar tratados do ponto de vista técnico e não politico e certos assuntos, essenciais a todo o debate sobre comunicação e informação, não serão deliberadamente discutidos :
A concentração dos média é cada vez maior (hoje 29 empresas controlam três quartos da informação mundial) pondo em perigo a pluralidade e qualidade da informação.
A diversidade cultural está seriamente ameaçada pela mundialização capitalista. A generalização da «cultura ocidental» (Hollywood ou Wall Street, Inglês) ameaça cada vez mais a autodeterminação e a autonomia locais.
As ameaças às liberdades individuais aumentam. Um dos objectivos da Cimeira é discutir os instrumentos para fazer crescer a «segurança» nos meios de comunicação: fichagem e espionagem das trocas de informação na base de sistemas de vigilância do tipo do «Echelon».
Os Direitos do Homem. As pressões terão sido de tal forma fortes, para que eles fiquem inscritos como princípios universais da «sociedade da informação», mas afinal parece que não vão figurar na Carta de Principios.
Para além do mais, os métodos propostos pelos organizadores da Cimeira para atingir os objectivos já foram préviamente decididos: Liberalizações e privatizações. Com efeito muitos dos assuntos a tratar nesta cimeira já foram discutidos na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Pouco antes de Cancun, por exemplo, os Estados Unidos proposeram a liberalização das rádios (o média mais importante) no Quadro do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços (AGCS). A privatização teve efeitos desastrosos no acesso à informação pluralista e confiável e gerou desigualdades devido à concentração dos serviços nas zonas mais ricas, que constituem os mercados mais rentáveis.
Não terminamos sem referir que durante os três dias da Cimeira, as liberdades democráticas dos habitantes de Genebra correm o risco de ser gravemente reduzidas por força dos dispositivos securitários de grande envergadura. Não obstante a cólera que se exprimiu quando das cimeiras da OMC, do FMI, do Forum Económico Mundial e mais recentememte do encontro do G8, os governos continuam a acolher estes tipo de acontecimentos.
Uma manifestação contra os autoproclamados «representantes dos povos do mundo» partirá da zona pedonal do Monte Branco no dia 12 de Dezembro às 12 horas.
Bloquemos o forum.
FORUM PARA TIRANOS, NÃO
O Colectivo de Resistência à Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação.
Traduzido de Indy Paris
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Mais informações em :
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Highnoon:
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Indy Liege:
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Indy Suiça:
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O mesmo colectivo emitiu ainda outro comunicado de que traduzi apenas algumas partes.
“Por uma sociedade da informação” afirmam os organizadores, mas em proveito de quem? Isso eles não dizem. A palavra de ordem é tecnologia e ponto final. Tecnologia da informação claro, mas que informação? É bom não esquecer que a continuação desta cimeira será na Tunisia (Novembro de 2005) esse paraíso da Liberdade de Expressão.
Vão discutir como reduzir a famosa fractura numérica entre paises industrializados e em vias de desenvolvimento, para que depois as multinacionais possam encontrar os seus mercados? Mas não há nada a discutir: é pegar ou largar. Os Estados do Sul devem renunciar aos monopólios públicos e terminar a liberalização das telecomunicações.Que todos sigam o exemplo do Senegal, senão....
Neste país as telecomunicações foram magnificamente desenvolvidas, enquanto serviço público. Depois da liberalização, a France Telecom tomou conta do mercado e aumentou extraordináriamente os seus lucros em poucos anos. Concentrou-se apenas nas cidades, esquecendo por completo todas as regiões periféricas.
Será que quando as Telecoms estiverem devidamente liberalizados, como convêm, chegará finalmente a internet para todos?
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