Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 12:15:57 07/09/04 Fri
In reply to:
Jorge Cordeiro, Avante, 08/07/04
's message, "Faces do oportunismo" on 22:22:54 07/08/04 Thu
As faces do oportunismo ou o oportunismo envelhecido
Publica Jorge Cordeiro no “Avante” um texto sobre o oportunismo que tem como ideia chave uma frase que ele diz que tem mais de cem anos, provavelmente de Lenine, mas que era frequentemente utilizada por Álvaro Cunhal. Mas enquanto que este, muitas vezes, a utilizava em situações concretas e de modo muito certeiro, Jorge Cordeiro generaliza-a, servindo-se desta como frase emblemática para atacar o oportunismo, o que conduz sempre a generalizações abusivas, muito típicas do pensamento idealista.
Mas não me parece ser este o maior defeito deste texto, é que ele poderia ser escrito à vinte, trinta, quarenta anos e reproduziria sempre os conceitos dos velhos manuais de marxismo-leninismo da Academia Soviética. Nada mudou, tudo continua a rodar na Terra como se estivéssemos em plena época da Terceira Internacional.
Esta concepção de oportunismo corresponde, no fundo, à mesma ideia simplista de que cada classe tem os seus partidos e a sua ideologia e que à pequena burguesia instável, às camadas intermédias proletarizadas e à classe operária de extracção recente haveria de corresponder o oportunismo, enquanto que à classe operária, haveria de corresponder a firmeza do marxismo-leninismo. Tal como em seu tempo se dizia que a social-democracia era produto da aristocracia operária
Visão estreita, mecanicista, muito influenciada por aquilo que mais envelheceu no leninismo, e acima de tudo na sua versão estalinista, que é considerar que o partido-vanguarda está associado intimamente à fracção da classe operária mais combatente e lutadora.
Ora hoje nada disto é assim. O movimento comunista internacionalmente estás de rastos, e isto não é motivo de alegria. Entre nós há muito que o PCP, já não é vanguarda de nada e muito menos da classe operária nacional, que se alterou ou desapareceu. Hoje o PCP será, se tanto, a vanguarda dos seus funcionários e de um conjunto de reformados, que conservam em si a memória dos tempos de luta.
A estrutura das novas classes há muito que já não correspondem àquilo que o Jorge Cordeiro descreve. O abandono do campo foi já, no nosso país, nos anos 60, a terceirização da sociedade está-se a dar a grande velocidade e hoje a classe operária já é minoritária entre os trabalhadores por conta de outrem.
Por outro lado, numa época de luta dos movimentos sociais, a que a Direcção do PCP se tem associado, muitas vezes para sabotar, ou para oportunistaiscamente dizer que também participa, vir dizer que o oportunismo “desvaloriza o papel da organização enquanto instrumento de luta e de transformação, traduzida na deliberada postura de seguir a reboque do movimento e do espontaneísmo com o único objectivo de neles buscar apoios independentemente do rumo que prossigam;” é negar importância às novas formas de luta e de organização, é supervalorizar o partido-vanguarda, fórmula há muito ultrapassada pela própria vida.
É no fundo esta mentalidade que leva a que se faça todos os esforços para desmobilizar a manifestação de Domingo, dia 27, e se marque outra pela estrutura sindical para se reafirmar a força da nossa organização.
Leiam este texto com olhos de ver e reparem no seu desgaste e envelhecimento. Não é um ataque ao oportunismo, mas sim um oportunismo envelhecido.
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