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Subject: Re: Castells no ar


Author:
Ângelo Novo
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Date Posted: 16:43:56 05/20/04 Thu
In reply to: paulo fidalgo 's message, "Informacionalismo e Manuel Castells" on 13:11:38 05/20/04 Thu

>1 - não li mais do que umas cento e tal páginas do
>dito Castells e acho o texto digno de um aprofundado
>estudo e nele encontro uma forte inspiração marxista e
>não vejo nele, por enquanto, qualquer saída do campo
>transformador.

Campo transformador? Mas qual deles?

O problema é que, como é patente para todos, há uns bons 25 anos pelo menos que perdemos a iniciativa no terreno da luta de classes. E é aproximadamente desde então que a burguesia nos martela constantemente os ouvidos que é preciso transformar o estado de coisas existente, censurando-nos hipocritamente e em tom falsamente amigável o nosso "conservadorismo".

A esquerda anti-capitalista não pode obviamente ser conservadora. Mas se muda de posições por cedência à chantagem do adversário e nos termos impostos por este, então está desgraçada. Uma coisa é eu fraquejar e, sem perder a lucidez, ceder terreno no jogo da corda. Outra coisa é eu deixar-me seduzir pelo adversário e passar a puxar para o lado dele porque é o que está a dar.

Ora, a meu ver foi isso mesmo que se passou com o Castells, juntamente com dezenas e dezenas de outros intelectuais e académicos ex-marxistas. Simplesmente, a sedução intelectual do marxismo é tal que eles mantém ainda assim certos hábitos e quadros mentais antigos, juntamente com um certo optimismo humanista. Mas só isso. De resto, a sua atitude é totalmente panglossiana. Este é o melhor dos mundos possíveis e para a frente é que é caminho, sem discussões inúteis.

Pelo menos é esta a ideia que retiro de uma boa meia dúzia de estudos e recensões alargadas da obra do Castells que já li (oriundas de vários quadrantes), porque propriamente dele não li uma página. Os livros são muitos e a vida desgraçadamente finita.


>Normalmente, as ideias foram consideradas trabalho não
>produtivo (não realizador de mais valia e apenas
>instrumento de suporte ao dito trabalho produtivo;
>para mimmé no entanto óbvio que isso tem deixado de
>ser assim com a dominância dos serviços).


Bom, é justo dizer aqui que nunca foi assim que o velho Marx pôs a questão.

Para Marx, quem concebe e dirige o processo de trabalho faz também parte de trabalhador colectivo e é também produtor de valor. Aliás o trabalho qualificado produz, no mesmo tempo, um múltiplo do valor do trabalho simples.
O que não produz valor é o enquadramento específica e historicamente capitalista da produção.

Digamos que há ideias e ideias. Produzem valor as ideias do engenheiro, do arquitecto, do desenhador, do técnico intermédio e do artista especializado. Não produzem valor as ideias do gerente, do administrador e do capataz. Estas são ideias não ao serviço do processo de produção em si, mas do processo de valorização do capital.


>2 - quanto aos 3 factores de revolução aqui descritos,
>devo dizer que um aspecto especialmente complexo na
>formação de uma base social de apoio `a revolução está
>na questão estudada por Inigo Carrera da
>subjectividade dual no campo assalariado. De facto, o
>capitalismo produz duas subjectividades divergentes de
>acordo com a posição do assalariado nas relações de
>produção: os que ocupam um lugar descartável de
>apêndices de máquina - o segundo e o terceiro
>segmentos de AN - e os que produzem mas ocupam um
>lugar chave na organização da produção - os primeiros
>em AN - e que disputam directamente ao capital - aos
>seus detentores - a primazia no processo produtivo.
>Desta dualidade, fica portanto um sério problema de
>fazer os primeiros entrarem em aliança e mutua
>compreensão como os segundos e os teceiros. Em
>princípio, a percepção do que deve ser um mundo novo
>pode ser mais nítida nos primeiros, embora neles possa
>e prolifere o reformismo e a colaboração de classes...


Pois, realmente essa é a questão.
A minha ideia é que existem objectivamente linhas de clivagem e afrontamento entre a burguesia, por um lado, e a classe operária clássica e os trabalhadores do conhecimento por outro. Ora, os actores concretos podem não se aperceber delas durante muito tempo. Mas perante uma situação de "stress" e, depois, de grande agitação social, causada pelo avolumar do exército de reserva (que já não é reserva nenhuma mas sim uma população excedentária para as necessidades deste sistema económico-social), essas contradições vão tornar-se óbvias e depois explodir, em sequência, com efeito multiplicado, abrindo opções novas para o desenvolvimento de toda humanidade por inteiro.

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Replies:
Subject Author Date
Re: Castells na Gulbenkianpaulo fidalgo17:11:48 05/20/04 Thu


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