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Date Posted: 12:49:53 11/01/04 Mon
Author: Nair Prata
Subject: Resumo-11ª semana

GUMPERZ, John J. Convenções de contextualização. In RIBEIRO, Branca & GARCEZ, Pedro (org.) Sociolingüística interacional. Porto Alegre: Editora Age, 1998. (capítulo 6) p.98-119.

Gumperz (1998) abre seu texto Convenções de contextualização afirmando que a diversidade lingüística funciona como um recurso comunicativo nas interações verbais do dia-a-dia e, numa conversação, os interlocutores se baseiam em conhecimentos e estereótipos relativos às diferentes maneiras de falar. O autor começa abordando o problema do valor simbólico de um número de variáveis lingüísticas, tentando descobrir como elas contribuem para a interpretação do que está sendo feito na interação comunicativa.
Num subtítulo chamado Pistas de contextualização, Gumperz (1998) considera como pressuposto básico que a canalização da interpretação se realiza por implicaturas conversacionais baseadas em expectativas convencionalizadas por co-ocorrência entre conteúdo e estilo de superfície. As pistas de contextualização são usadas e percebidas irrefletidamente, mas raramente observadas em nível consciente e quase nunca comentadas de maneira direta. O autor define estas pistas: “são todos os traços lingüísticos que contribuem para a sinalização de pressuposições contextuais”.
Através de exemplos, Gumperz (1998) mostra como podem haver diferenças significativas de interpretação em cada interlocução. O autor aponta ainda que, além de expressões formulaicas, fenômenos de alternância de código e sinais prosódicos, existem outros sinais rítmicos e fonéticos não tão prontamente identificáveis que entram no processo de contextualização. O autor lembra, ainda, que muitos mal entendidos podem ser relacionados a variações na percepção e interpretação de movimentos faciais e gestuais aparentemente sem importância.
Buscando apoio na literatura sobre o tema, Gumperz (1998) divide a conversação em fases distintas:
1. O que parece acontecer é que, no início de cada conversação, há uma fase introdutória quando as relações interpessoais são negociadas e os participantes procuram evidência de experiências comuns ou de alguma perspectiva compartilhada.
2. Se esta manobra for bem-sucedida, é mais provável que a interação subseqüente tome a forma de uma série de lances inter-relacionados nos quais os falantes cooperam na produção de uma seqüência bem coordenada de trocas de turno.
O autor conclui seu artigo explicando que problemas de comunicação causados por convenções de contextualização refletem fenômenos que são tipicamente socioligüísticos no sentido de que seu peso interpretativo é muito maior que seu significado lingüístico. Sempre que estas convenções ocorrem, têm o efeito de mudar retrospectivamente o caráter do que ocorreu anteriormente e de remodelar todo o curso de uma interação. Segundo Gumperz (1998), discrepâncias na prática dessas convenções podem persistir mesmo após anos de contatos intergrupais.
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TANNEN, Deborah & WALLAT, Cynthia. Enquadres interativos e esquemas de conhecimento em interação: exemplos de um exame/consulta médica. In RIBEIRO, Branca & GARCEZ, Pedro (org.) Sociolingüística interacional. Porto Alegre: Editora Age, 1998. (capítulo 7) p.120-141.

Tannen e Wallat (1998) abrem o texto explicando que o termo “enquadre” e outros afins têm sido usado de forma variada em lingüística, inteligência artificial, antropologia e psicologia. Segundo as autoras, os vários usos do termo se encaixam em duas categorias:
1. Uma é a de “enquadres de interpretação”, de natureza interacional, que caracteriza o trabalho de antropólogos e sociólogos;
2. A outra categoria é a de estruturas de conhecimento, à qual nos referiremos como “esquema”.
As autoras explicam que a noção interativa de enquadre se refere à definição do que está acontecendo em uma interação, sem a qual nenhuma elocução (ou movimento ou gesto) poderia ser interpretado. Para compreender qualquer elocução, um ouvinte (e um falante) deve saber dentro de qual enquadre ele foi composto. A noção interativa de enquadre refere-se à percepção de qual atividade está sendo encenada, de qual sentido os falantes dão ao que dizem.
O termo “esquemas de conhecimento” é utilizado para nos referirmos às expectativas dos participantes acerca das pessoas, eventos e cenários no mundo. Há uma distinção, portanto, entre o sentido deste termo e os alinhamentos que são negociados em uma interação específica. As autoras afirmam que, na fase inicial deste estudo, se referiam à noção interativa de enquadre como sendo dinâmica e à noção de esquema enquanto estrutura de conhecimento como sendo estática. Mas agora as autoras dizem perceber que todos os tipos de estruturas de expectativa são dinâmicas. Ou seja, as expectativas sobre objetos, pessoas, cenários, modos de interação e tudo o mais no mundo são continuamente comparadas à experiência de vida e então revistas.
Usando o exemplo de uma interação pelo telefone, as autoras demonstram uma relação particular entre enquadres interativos e esquemas de conhecimento, pela qual uma discrepância nos esquemas gera mudança de enquadres.
A partir deste tópico do artigo “A base do estudo”, as autoras passam a ilustrar esquemas e enquadres em uma interação gravada em vídeo em um contexto médico: o exame de uma criança (Jody) por uma pediatra na presença da mãe da criança. Tannen e Wallat (1998) explicam o objetivo do trabalho: “mostrar que examinar Jody na presença da mãe constitui uma pressão considerável sobre a pediatra, pressão que pode ser atribuída a um conflito de enquadramentos resultante de esquemas discrepantes.”
Para a análise a partir deste corpus, as autoras se utilizam das seguintes categorias:
1. Os registros lingüísticos: uso de registros lingüisticamente identificáveis;
2. Mudança de registro: durante a consulta, a médica alterna os registros lingüísticos;
3. Mudança de enquadre: a médica não apenas fala diferentemente com a mãe, com a criança e com a futura platéia do vídeo, mas também lida com cada uma destas platéias de maneiras diferentes, dependendo do enquadre em que está operando;
4. Enquadres simultâneos: exigem atenção simultânea;
5. A produção interativa dos enquadres: todos os participantes em qualquer interação colaboram na negociação de todos os enquadres operantes dentro da interação;
6. A homonímia dos comportamentos: atividades que parecem iguais na superfície podem Ter diferentes significados e conseqüências para os participantes se entendidas como associadas a enquadres diferentes;
7. Enquadres conflitantes: cada enquadre pressupõe maneiras de comportamento que podem entrar em conflito com as exigências dos outros enquadres;
8. Esquemas de conhecimento em uma interação pediátrica: assim como as maneiras de falar (isto é, de expressar e estabelecer o footing) em qualquer ponto da interação refletem a operação de múltiplos enquadres, de forma semelhante;
9. Esquemas diferentes: mãe e pediatra têm esquemas diferentes sobre as definições de paralisia cerebral, estado de saúde, etc.
Na conclusão, Tannen e Wallat (1998) explicam que utilizam o termo enquadre no sentido que os participantes constróem acerca do que está sendo feito. O termo esquema foi usado para se referir a padrões de conhecimento conforme são discutidos na Psicologia Cognitiva e na Inteligência Artificial. As autoras destacam, porém, que a importância do estudo vai além dos limites disciplinares dos cenários médicos. É correto crer que enquadres e esquemas operam de maneira semelhante em todas as interações face a face, embora enquadres e esquemas específicos irão necessariamente variar em diferentes cenários.

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