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observador curioso
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Date Posted: 26/02/05 23:30:52
Andávamos todos tristes por vermos o constante decaimento da esquerda. O PCP, de eleição em eleição, diminuia.
Alguns, porventura de forma voluntariosa mas ingénua, quiseram mudar o que se não pode mudar - o leninismo-estalinismo que caracteriza irrevogavelmente o PCP. Falharam.
São os chamados renovadores. Não se pode renovar o que é insusceptível de mudança sob pna de desaparecer.
O PCP é um anacronismo, uma espécie de dinossauro da política. Obsoleto ideologicamente mas tentando sobreviver à custa do descontentamento de um eleitorado sem esperança e sem futuro.
A maioria dos que votam no PCP estão sempre contra. Contra a União Europeia, contra o Euro, contra a modernidade, contra as novas tecnologias, contra os espanhóis que nos colonizam economicamente, contra o parlamento europeu, contra as transformações no tecido social, contra a liberalização do comércio, contra as indústrias chinesas dos téxteis, contra...contra...contra!
O PCP nunca mais nos disse do que estava a favor de. Não tem projecto. Não tem rumo. Não tem programa. É história, é um clássico, como os descobrimentos.
Mas eis que surge a nova esquerda. Ainda incipiente, eivada de dúvidas, sem grandes certezas nem verdades. Ancora-se nalguns projectos: defesa de minorias, defesa de liberdades, defesa dos que não têm habitualmente voz.
E essa esquerda arraza. Cresce, cresce, cresce. De uma força incipiente até uma representação parlamentar considerável não vão mais do que alguns anos.
O PCP está preocupado. Essa nova esquerda combate-o sem expressamente lhe ter declarado guerra. Vê fugirem-lhe os jovens, os quadros técnicos, aquilo a que chama de pequena burguesia urbana e suburbana. Em Lisboa, no Porto, em Setúbal a nova esquerda arrasta milhares. Elege deputados e cresce. O PCP resiste mas percebe que está porventura ferido de morte. E então estrebucha. mas já é tarde. O PCP é o passado - digno e glorioso de lutas, mas passado. O Bloco de Esquerda é inequivocamente o futuro.
Estás com o passado ou com o futuro? Escolhe.
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