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Date Posted: 03:47:29 05/17/05 Tue
Author: Liliane Sade
Subject: Resumo semana 12 - teoria sociocultural

Resumo 11 – semana 12

Liliane Assis Sade Resende
Lingüística Aplicada
Profa. Dra. Vera L. Menezes de O. e Paiva
FALE – UFMG


LANTOLF, J.P. Introducing sociocultural theory. In: LANTOLF, J.P. Sociocultural theory and second language learning. xford: Oxford University Press, 2000. p. 1-26
OHTA, A. S. Rethinking interaction in SLA: developmentally appropriate assistance in the zone of proximal developmente and the acquisition of L2 grammar. In: LANTOLF, J.P. Sociocultural theory and second language learning. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.51-78
PAVLENKO, A;LANTOLF, J.P. Second language learning as participation and the (re)construction of selves. In: LANTOLF, J.P. Sociocultural theory and second language learning. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.155-177

O tema desta semana é a aplicação da teoria sociocultural, com base principalmente nos trabalhos de Vygotsky, à aquisição de segunda língua.
O texto de Lantolf (2000) traz um resumo dos principais pontos da teoria sócio-cultural. O autor começa descrevendo o conceito de “mente mediada”. Para Vygotsky, os seres humanos se relacionam com o mundo externo através de artefatos concretos ou simbólicos. Estes artefatos são socialmente construídos e afetam a forma como o pensamento humano se desenvolve e mediam a interação do indivíduo com o mundo. A língua é um dos objetos usados para mediar essas relações e construir o pensamento.
Segundo Vygotsky, a única forma de se entender a cognição humana é através de uma abordagem histórica. Lantolf cita os quatro domínios genéticos propostos por Vygotsky para se analisar as funções mentais: filogenético, sociocultural, ontogênico e microgenético. O autor cita diversas pesquisas realizadas dentro destes quatro domínios, destacando o estudo desenvolvido por Luria (1981) o qual evidenciou a forma como a língua é usada pelas crianças como um meio para mediarem seus comportamentos.
Lantolf comenta também na visão de língua e pensamento para Vygotsky que, embora os diferencie como entidades separadas, enfatiza a interdependência existente entre ambos. O pensamento não pode ser entendido sem se levar em consideração a forma como ele é manifestado por meios lingüísticos e as atividades lingüísticas , por sua vez , não podem ser entendidas se não forem vistas como manifestação do pensamento. Com base nesse argumento, Vygotsky propõe a “palavra” como unidade de análise da mente mediada. Wertsch (1985) avança a proposta de Vygotsky ao contemplar a necessidade do significado semântico da palavra que só pode ser inferido em contextos de produção da língua.
Com base na proposta de Vygotsky, Lantolf comenta a “activity theory” proposta por Leontiev (1978) segundo a qual, toda atividade humana compreende três condições: o nível da motivação (motivos para agir), o nível da ação (que é intencional e dotada de significado) e o nível das condições (condições temporais e espaciais através de meios de mediação). Pessoas engajadas na mesma atividade podem atribuir a ela significados diferentes e ter motivos diferentes para agir. Por outro lado, diferentes atividades podem ser causadas por motivos semelhantes. Lantolf comenta sobre a instabilidade da natureza das atividades. Citando Cobb (1998) e Thorne (1999), o autor comenta o caráter dinâmico da atividade que pode começar como uma atividade e ser reformulada em outra no curso da ação. Um exemplo é o impacto da mediação da Internet na atividade comunicativa do aprendiz de língua estrangeira. A implicação pedagógica desta observação é a de que, em uma sala de aula, as atividades podem mudar de uma hora para outra ao mesmo tempo em que podemos ter diferentes atividades acontecendo ao mesmo tempo.
Lantolf enfatiza ainda a importância da “brincadeira” na concepção de Vygotsky para o desenvolvimento da criança. Em seguida, o autor comenta os conceitos de internalização e discurso interno. Para Vygostsky, o desenvolvimento da criança se dá, primeiramente, pelas relações externas, nas quais a criança tem contato com o discurso e a forma de pensar das pessoas de sua comunidade. A partir desse contato, a criança vai ao pouco internalizando essas “vozes” e formando seu próprio discurso interno, passando de um discurso particular em voz alta até a sua forma interna não verbalizada. Sendo assim, a consciência reside fora da mente interna do indivíduo e está ancorada na atividade social. A internalização é o processo pelo qual ações mentais são formadas a partir das ações sociais. Com base nessas considerações, Vygotsky constrói o conceito de zona proximal de desenvolvimento (ZPD). Vygotsky observa como o desenvolvimento de uma criança está relacionado à interação desta com um par mais proficiente. A ZPD é a distância entre o que a criança é capaz de produzir sozinha e o que ela é capaz de produzir com o auxílio e cooperação do par mais proficiente. O conceito de ZPD foi retomado em diversas pesquisas que tentam adaptá-lo ao aprendizado adulto, ao aprendizado de outras línguas e ao aprendizado colaborativo. Lantolf cita diversos desses estudos.
Os demais textos desta resenha dizem respeito à aplicação desses conceitos à aquisição de línguas.
Otha (2000) toma o conceito de ZPD para repensar o papel da interação e da colaboração na aquisição de língua estrangeira. A autora analisa a interação entre dois aprendizes universitários de Japonês ao desenvolver uma atividade específica – tradução - das três solicitadas pela professora (role-play, tradução e entrevista). Após discorrer sobre alguns pontos da teoria sociocultural, a autora apresenta transcrições das interações desses alunos e discute o papel da colaboração na aquisição. A autora faz uma série de observações. Primeiro, a ajuda não era dada pelo aprendiz mais proficiente sem que ela fosse solicitada pela aprendiz menos proficiente. Essa solicitação, no entanto, não era sempre verbal, mas era demonstrada através de pistas contextuais, tais como entonação, alongamento de sons, pausas, etc. Essas pistas eram percebidas pelo outro aprendiz que as usava para ajudar quando necessário. Usando a noção de “scaffolding” e baseando-se no trabalho de Lantolf & Aljaafreh, a autora comenta que a ajuda para ser efetiva deve ser gradual e contingente (oferecida apenas quando solicitada). A autora também observou a retirada da assistência ( do “scaffolding”) pelo par mais proficiente quando a outra aluna já conseguia se auto-corrigir. Usando a noção de construção da voz interna de Vygotsky, a autora analisa como a aprendiz menos proficiente se desenvolveu, partindo da ajuda explícita de seu colega, até a construção de seu esquema interno. O resultado da aprendizagem colaborativa foi positivo para ambos os colegas que a partir da colaboração puderam se desenvolver mais efetivamente. A autora demonstra ainda, como a partir de uma atividade que a princípio não imaginaríamos que pudéssemos ter interação, foi possível ocorrer a colaboração dentro da noção de ZPD.
Pavlenko &Lantolf (2000) demonstram como que ao adquirir uma nova língua, os indivíduos se reconstroem como pessoas. A aquisição de uma língua pode trazer também a reconstrução da identidade do aprendiz. Além de descrever alguns pontos da teoria sociocultural de Vygotsky, os autores também enfatizam a importância das narrativas pessoais como metodologia e como uma forma de facilitação de reconstrução de identidades. Os autores tomam as narrativas pessoais de autores que usaram suas obras para descrever suas experiências como imigrantes nos Estados Unidos. Pela análise de suas narrativas, Pavlenko & Lantolf descrevem o processo de reconstrução da identidade do aprendiz. Os autores desenvolvem um modelo que usa a metáfora da auto-tradução. Esta metáfora envolve o entendimento de novas práticas culturais, demandando que o aprendiz de língua reinterprete sua própria subjetividade (forma de ver e compreender o mundo) através deste processo. Os autores tomam a metáfora do ventriloquismo de Bakhtin para demonstrarem como, primeiramente, os imigrantes, tendo perdido o referencial interno de sua língua, significam o mundo usando o referencial externo dos outros; usam as vozes dos outros, para depois reconstruírem sua identidade e resignificarem o mundo com sua própria voz.
O processo de auto-tradução, segundo Pavlenko & Lantolf, envolve duas fases. A primeira (loss) é um deslocamento do “eu”. Nesta fase, há uma perda de identidade lingüística que resulta em uma sensação de perda em relação aos valores e significados individuais. Isso se deve ao fato de que o referencial usado pelo aprendiz para significar o mundo não pode ser usado com relação à nova cultura.
A transição entre a primeira e a segunda fase é caracterizada por uma espécie de “vácuo lingüístico”, no qual o aprendiz perdeu seu referencial de identidade lingüística sem ter ainda construído um novo referencial, isto é, ele já não consegue usar sua língua e seus valores para significar o mundo e também não consegue o fazer na nova língua e nova cultura que estão sendo adquiridas. É neste momento que, conforme Pavlenko e Lantolf, pode haver um “atrito” da primeira língua com a língua alvo.
A segunda fase (recovery) é caracterizada, segundo Pavlenko & Lantolf por uma recuperação e “re-construção” da identidade lingüística e do referencial de significação do mundo. À medida que o aprendiz consegue se desvencilhar de sua antiga identidade lingüística, ele vai se apropriando da nova e, através da reconstrução de uma nova identidade lingüística, ele também reconstrói um novo referencial de significação do mundo. Este estágio envolve um processo de recuperação contínua e auto-tradução. Os autores tomam a metáfora do ventriloquismo de Bakhtin para demonstrarem como, primeiramente, os imigrantes, tendo perdido o referencial interno de sua língua, significam o mundo usando o referencial externo dos outros; usam as vozes dos outros, para depois reconstruírem sua identidade e resignificarem o mundo com sua própria voz.
Finalmente, uma nova forma de significação do mundo e uma nova subjetividade são construídas e são expressas com uma nova identidade lingüística.
Usando a teoria da atividade descrita por Lantolf, os autores explicam o processo cognitivo e psicológico desses imigrantes que usam os artefatos externos – os outros - para construírem um novo sistema de significação e só depois fazem isso por si mesmos. Os autores apresentam os motivos implícitos que motivaram as ações desses indivíduos e demonstram como que, através do processo de identificação com a língua e com o país onde residiam, esses imigrantes se tornaram novos indivíduos tão envolvidos com a comunidade da língua alvo quanto os falantes nativos. Finalmente, os autores questionam o conceito de falante nativo, propondo que muito mais que fronteiras geográficas, esse conceito implica a interação social e participação efetiva do indivíduo em dada comunidade.

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