Author:
PEDRO ROLO DUARTE
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Date Posted: 6/05/05 10:21:17
A história, infelizmente, repete-se no primeiro momento em que tem a oportunidade de mostrar uma nova forma de fazer política, o candidato à Câmara Municipal de Lisboa Manuel Maria Carrilho exibe o vício de fundo que bloqueia a gestão política em Portugal: anuncia que, se ganhar, desfaz o projecto de Santana Lopes para o Parque Mayer. Aí está, portanto, a alternância entre PS e PSD no seu melhor: o partido que ganha aborta tudo o que estava em curso e avança com novos projectos. Normalmente, o ciclo eleitoral não lhe permite concretizá- -los, e sucede-lhe de novo o outro partido, que tratará de fazer voltar à estaca zero o que entretanto pudesse estar a começar. O Parque Mayer é um exemplo paradigmático desta forma absurda de fazer política: há quantos anos se estuda o futuro daquele espaço? Quantos projectos nasceram e morreram no timing de um ciclo eleitoral? Quantos milhões de euros se gastaram em estudos, encomendas e pareceres?
Não cabe aqui a discussão sobre qual é o melhor destino para o Parque - se um espaço cultural que anime a Avenida da Liberdade (essencial até para viabilizar a sua recuperação num momento em que se desenvolvem o comércio e o turismo na zona), ou se um espaço verde com ligação ao Jardim Botânico. O que cabe é pensar no absurdo que constitui a sucessão de ideias que aniquilam projectos anteriores sempre que um executivo muda de cor. O prof. Carrilho tem uma cidade inteira para redefinir e projectar. Mas seria bastante mais útil se começasse por reflectir sobre o que ainda não tem projecto, o que aguarda uma solução, o que está livre do "ónus e encargos", e deixar por uma vez que as obras já aprovadas e definidas se concretizem. Até porque se prevê o pior se o PS ganhar, o plano de Frank Gehry morre, e o maravilhoso espaço verde dos socialistas, depois dos estudos, das encomendas e dos pareceres, não tem tempo para crescer em quatro anos. O PSD voltará então à Câmara e constituirá uma nova comissão de sábios para limpar o verde e inventar um outro conceito que arrase o jardim de Carrilho. O Parque Mayer, entretanto, continuará paulatinamente a morrer sem dó nem piedade. Mas isso, pelos vistos, interessa muito pouco. Bom é ter projectos...
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