Author:
Daniel Oliveira - Barnabé
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Date Posted: 8/05/05 8:53:39
Um senhor chamado Alberto Gonçalves, que passa por intelectual e escreve no "Correio da Manhã", disse isto:
«Como o nome indica, aqui há apenas um bloco, sólido e sem fissuras ideológicas. Um calhau, portanto, junto do qual o PCP passa por um modelo de pluralidade (...) E mesmo este esboço de contestação é altamente improvável: a obediência no interior do bando é tão inquestionável que anula a influência dos narcóticos. Presumir que a Convenção “debata” é como esperar que um encontro de ‘skinheads’ (que por acaso hoje também há) promova a recolha de fundos para os refugiados do Sudão. Mas não custa tentar.»
À Mesa Nacional do BE concorreram duas listas alternativas, eleitas por voto secreto e com direito a representação proporcional naquele órgão, e uma terceira tendência fez várias propostas de emenda à moção maioritária, de forma organizada. As três linhas políticas em confronto apresentaram listas separadas à Convenção, todas elegeram delegados, sempre por voto secreto e representação proporcional, viram todos os seus textos publicados na imprensa interna do BE, e deram entrevistas para jornais nacionais e televisões. Houve debates com um representante de cada uma das duas moções em todos os distritos do país. Existe, no Bloco, o direito estatutário de organização de tendências e não há qualquer tipo de obrigação de silêncio público sobre as discordâncias internas. E os militantes, como se leu no "Expresso", fazem uso, sem qualquer problema, deste direito de falar para fora do Bloco sobre a vida do Bloco. A Convenção é aberta do primeiro ao último minuto. Os delegados falam com os jornalistas, durante a Convenção, sem ser em off, sobre as suas divergências. Não tem nada de especial. Chama-se a isto democracia.
No PCP os estatutos não permitem a ninguém nem apresentar moções alternativas (apenas propostas, que são ou não aceites) de alteração às teses apresentadas pela direcção, nem apresentar listas alternativas para qualquer órgão dirigente nacional. Não há voto secreto em Congresso, não há direito de organização por correntes, não é permitida a discussão pública sobre a vida interna do partido, o debate sobre a eleição do Comité Central é à porta fechada. Não estou a fazer nenhum juízo de valor, apenas a constatar um facto. Nem sequer a dizer que o PCP é menos democrático. Mas a pluralidade e a divergência pública não são, em geral, valores defendidos em estruturas leninistas. É uma opção. Não é a do Bloco.
Basta ler os estatutos do BE e as notícias dos jornais sobre a Convenção que hoje acaba para perceber que Alberto Gonçalves não faz a mais pálida ideia do que está a falar. Como sempre, aliás. Nem quer saber.
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