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Paulo J. N. Silva
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Date Posted: 8/05/05 13:34:49
Texto de Álvaro Cunhal em 1943, no III Congresso do PCP
«A Unidade da Nação Portuguesa na Luta pelo Pão, pela Liberdade e pela Independência»
Camaradas:
Cerca de dois anos e meio passaram sobre o I Congresso Ilegal do Partido. Estes dois anos e meio foram ricos de acontecimentos.
Na altura do nosso I Congresso Ilegal, os exércitos alemães, embora batidos pelo glorioso Exército Vermelho, ainda martirizavam a terra soviética, ocupavam quase toda a Europa, a França, parte da Itália. A Segunda Frente não fora ainda aberta. Nestes dois anos e meio, a unidade dos Aliados fortaleceu-se na guerra, a Segunda Frente foi aberta, o Exército Vermelho, sob a direcção superior do grande Stáline, prosseguiu as suas ofensivas até esmagar a fera no seu próprio covil, até içar, em Berlim, a bandeira da Vitória. A Alemanha hitleriana foi derrotada e com ela desapareceu a ditadura fascista mais reaccionária e sangrenta, desapareceu a vanguarda da reacção mundial. No Oriente, o militarismo japonês sucumbiu à ofensiva conjugada das armas americanas e soviéticas. A vitória militar dos Aliados foi uma vitória para todos os povos amantes da independência e da liberdade.
Na altura do I Congresso Ilegal, a Nova Ordem hitleriana dominava ainda a Europa. Governos fantoches a soldo de Hitler dominavam em todos os países reduzindo os seus próprios povos à mais feroz escravatura. Nestes dois anos e meio, assistimos à libertação de quase toda a Europa, ao julgamento e castigo dos principais traidores nacionais e criminosos de guerra. Por toda a Europa desenvolvem-se jovens e progressivas democracias.
Na altura do I Congresso Ilegal, as relações entre os Aliados fortaleciam-se para pôr termo à guerra com a «rendição incondicional» do inimigo. Nestes dois anos e meio, as relações entre os Aliados modificaram-se sensivelmente. Vencida a Alemanha hitleriana, os interesses imperialistas manifestam-se de novo com toda a sua agudeza. A política democrática da União Soviética, os anseios de liberdade e independência dos países libertos da tirania fascista e dos países coloniais defrontam-se com as ambições imperialistas e os interesses da reacção que se reagrupa.
Na altura do I Congresso Ilegal, o regime fascista português, prevendo a derrota inevitável da Alemanha, começava operando abertamente a «reviravolta para o lado da Inglaterra» e começava a receber apoio da Inglaterra. Nestes dois anos e meio, assistimos à consumação dessa política com prejuízo dos interesses nacionais, vemos a democrática Inglaterra estendendo a tábua de salvação ao fascismo peninsular, cúmplice de Hitler.
Na altura do I Congresso Ilegal, o fascismo salazarista levava a cabo uma política de miséria e de ruína, em benefício dum punhado de famílias. Nestes dois anos e meio, o fascismo salazarista ligou-se mais ainda a uma minoria monopolista, sacrificando o bem-estar do povo e o desenvolvimento e progresso da nação aos interesses do grande capital financeiro.
Na altura do I Congresso Ilegal, as forças antifascistas nacionais encontravam-se ainda dispersas, divididas e desorganizadas. Nestes dois anos e meio, assistimos à formação do Conselho Nacional, à consolidação e alargamento da sua influência e organização, à construção duma mais forte unidade entre todas as forças antifascistas e patrióticas, à primeira grande expressão legal da unidade antifascista.
Na altura do I Congresso Ilegal, vínhamos de viver as greves do Julho-Agosto e considerámo-las como o ponto de partida para novas lutas do nosso povo contra o fascismo. Nestes dois anos e meio, assistimos à multiplicação das lutas das classes trabalhadoras e do povo em geral, à crescente consciência política das massas, à primeiras grandes batalhas políticas contra a ditadura fascista.
Na altura do I Congresso Ilegal, o nosso Partido vinha de sair confiante e fortalecido das greves de Julho-Agosto e lançava as primeiras bases sólidas dum trabalho organizado. Nestes dois anos e meio, assistimos ao engrandecimento do nosso Partido, ao alargamento e consolidação da sua organização, à sua crescente ligação com as massas, ao desenvolvimento dos seus quadros.
Camaradas:
Para fazer frente à política antinacional da camarilha fascista entrincheirada no Poder, para fazer frente à fome, à miséria, à ruína, ao terror, à incultura, foi o nosso Partido que empreendeu a grande tarefa de estabelecer a UNIDADE DA NAÇÃO PORTUGUESA NA LUTA PELO PÃO, PELA LIBERDADE E PELA INDEPENDÊNCIA. Contra as tradições de rivalidades antigas e hábitos de inércia, o nosso Partido estendeu a mão a todos os patriotas honrados, e empregou os seus esforços e energias para abater as barreiras que separam bons portugueses de todas as tendências. Contra a política de divisão fascista, o nosso Partido procurou unir a classe operária, e unir as massas camponesas, e soldar a aliança dos operários e camponeses como base da unidade da nação. Contra a desorganização das forças antifascistas, o nosso Partido empreendeu a dura tarefa de organizar o Movimento de Unidade Nacional. Contra esperanças e sonhos vãos e soluções estranhas à própria actuação, o nosso Partido insistentemente indicou o único caminho para forjar a unidade e o único caminho que pode conduzir à vitória sobre o fascismo — a LUTA.
Seguindo esta justa orientação, o nosso Partido alcançou importantes êxitos. Mas nem tudo foram vitórias. Na sua actuação, o Partido cometeu erros e teve insucessos. Cabe a este Congresso analisar a actividade do Partido nestes dois anos e meio, os lados positivos e os lados negativos do trabalho do Partido, e tirar os necessários ensinamentos.
Andámos um importante caminho. Temos diante de nós novas dificuldades e novas tarefas. Cabe a este Congresso definir a orientação para o nosso trabalho futuro.
Camaradas:
O fascismo foi derrotado na guerra. Não foi ainda derrotado na paz. A reacção mundial reagrupa-se e procura entravar a marcha da história. O fascismo salazarista encontra novos apoios, manobra com a democracia, apoia-se na violência e entrincheira-se no Poder. A grande tarefa que se coloca ante a nação portuguesa é o derrubamento do fascismo salazarista e a instauração duma ordem democrática que permita ao Povo escolher livremente o seu destino e a edificação dum Portugal Livre, Independente, Próspero e Feliz. A tarefa que se coloca ante o nosso Partido é empregar todos os seus esforços e habilidade, toda a sua iniciativa e sacrifícios, na unidade e mobilização da Nação Portuguesa para o derrubamento do fascismo. Cabe a este Congresso definir
O CAMINHO PARA O DERRUBAMENTO DO FASCISMO.
http://www.pcp.pt/actpol/temas/60anos_fim_guerra/index.html
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