Subject: Socialistas saem do IV Governo Provisório Raul Rego e a sua equipa lançam o jornal "A Luta" |
Author:
João Mesquita
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Date Posted: 19/05/05 13:52:00
In reply to:
Eduardo Miragaia
's message, ""um golpe objectivo do PS, para arranjar um pretexto visível para a sua luta contra o PCP"..." on 19/05/05 13:38:57
PS rompe de vez com o gonçalvismo
confronto
Socialistas saem do IV Governo Provisório Raul Rego e a sua equipa lançam o jornal "A Luta"
João Mesquita, JN, 19/05/05
O "República" volta a publicar-se a 10 de Julho de 75, após quase dois meses de encerramento. Agora sob a a direcção do coronel Pereira de Carvalho, um dos três membros da comissão administrativa militar nomeada para o jornal. No dia seguinte, o PS abandona o IV Governo Provisório. A 25 de Agosto, Raul Rego e parte dos seus apoiantes estão a lançar um outro título "A Luta".
Muita água correu por baixo das pontes, entre a selagem das instalações do "República", a 19 de Maio de 1975, e a retoma da sua publicação. Uma nova Comissão de Trabalhadores (CT), agora liderada pelo jornalista e militante da UDP Eduardo Miragaia, lança uma campanha pública de solidariedade, pressionando a reabertura do jornal.
O grupo afecto a Raul Rego, antes de lançar "A Luta", edita nove edições do "Jornal do Caso República", confrontando-se com inúmeras dificuldades de impressão, resultantes da hostilidade com que os seus textos são recebidos em várias gráficas onde predominam sectores à esquerda do PS.
Logo no dia seguinte à selagem, Mário Soares e Salgado Zenha suspendem a sua participação nos conselhos de Ministros do IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves. Regressam duas semanas depois, com garantias do Conselho da Revolução de que seria encontrada uma solução a seu contento para o "República".
Mas sabe-se como o poder político era volúvel, por essa altura. Depois de vários avanços e recuos, o jornal reabriu mesmo, sem os elementos ligados ao PS e sob a responsabilidade de uma comissão administrativa integralmente composta por militares. O coronel Pereira de Carvalho passava a ser o director, o capitão Torres e o primeiro-tenente Cerqueira eram os restantes membros da equipa directiva. A Redacção era, por sua vez, recomposta com vários jornalistas conotados com a Extrema-Esquerda Alexandre Alhinho, que chefia, Fernanda Barão, José António Salvador...
Otelo Saraiva de Carvalho, comandante do COPCON (Comando Operacional do Continente), explicava assim a decisão de reabertura "A verdade é que as leis vigentes num país em revolução só devem ser cumpridas desde que não contariem a revolução".
Ruptura concretizada
O PS é que não está para cedências. Um dia após a republicação do jornal, retira-se mesmo do Executivo. "Já várias vezes tínhamos discutido a eventualidade de sairmos do Governo. Passada a barreira das eleições [para a Constituinte, em 25 de Abril de 75] e, aliás, vitoriosamente, nada obstava a que o fizéssemos", explicará Mário Soares, anos depois, à jornalista Maria João Avilez, em "Ditadura e Revolução".
Uma semana depois, os socialistas estão na Fonte Luminosa, em Lisboa, e no Estádio das Antas, no Porto, a anunciar em comício a sua ruptura definitiva com o primeiro-ministro Vasco Gonçalves. O PSD não quer ficar atrás e sai do Governo nesse mesmo dia. "Este novo 'República' acelerou o curso dos acontecimentos da Revolução, num sentido desfavorável ao poder gonçalvista", escreve o ex-jornalista da casa Mário Mesquita, em «Portugal, 20 anos de Democracia».
Tudo isto tem, é claro, reflexos no jornal, onde sectores próximos do PS, apesar de tudo, mantêm posições, incluindo ao nível da CT. Álvaro Belo Marques, que voltara ao seu antigo lugar de director comercial, demite-se a 18 de Novembro, sob a acusação de que o "República" se tornara "anticomunista" e depois de ter visto recusada uma reestruturação proposta pelo grupo conotado com o PCP. O director editorial Pereira de Carvalho segue-lhe as pisadas, três dias depois. O Conselho da Revolução recusa-se a ser avalista de um pedido de empréstimo bancário, de nove mil contos, para fazer face às dificuldades financeiras do periódico.
O "República" deixa de se publicar, de vez, a 22 de Dezembro de 1975. Tinha, então, um estatuto editorial que defendia "uma sociedade sem classes". O 25 de Novembro fora há um mês.
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