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Subject: A Extinção da Espécie Socialista


Author:
Paulo Gaião
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Date Posted: 7/05/07 9:20:31

A mais que provável derrota de Segoléne Royal em França poderá representar a extinção da última socialista da Europa, uma espécie de Neanderthal, não se sabendo adaptar ao homem novo Australopithecus, que nasceu nos Partidos Socialistas com Blair, Sócrates e até Zapatero, hoje os mais eficazes serventuários do capitalismo. Que ainda têm a imagem de esquerda bem fresca para iludirem os seus eleitores enquanto governam à direita em quase tudo...Quase tudo porque os socialistas ainda por cima sabem disfarçam bem com bandeiras tipicamente de esquerda, como a legalização do aborto e o casamento dos homossexuais, que parecem simples manobras de diversão nas suas mãos perante o caminho que abrem ao trabalho forçado, aos baixos salários e ao fim do Estado Providência.
Perante esta evolução, o que vai ser a governação da Europa nos próximos anos? Que alternativas existem? Depois de a esquerda fazer o trabalho que a direita nunca conseguiu fazer, emagrecendo o Estado, cortando na despesa pública, dando rédea solta ao capitalismo industrial e financeiro para estender os seus tentáculos e criando um novo código cultural baseado em mais trabalho e mais produtividade, tudo isto feito com apreciável êxito em termos eleitorais, o regresso dos socialistas às anteriores políticas, as de Sególene, parecem não fazer sentido. É como se Sócrates, Blair e Zapatero, ou outros no seu lugar, quisessem construir o que destruíram com tanto sucesso. Por sua vez, quando o PSD, o Partido Conservador Britânico ou o Partido Popular espanhol regressarem ao poder, esse processo poderá acontecer só por uma espécie lei da vida onde tudo flui necessariamente e não por um verdadeiro impulso de mudança. Com o seu espaço político ocupado, a direita precisa de se reinventar. Mas em que sentido? Pode até arvorar-se em paladina do Estado de Direito mas não pode, seguramente, ser o motor de uma nova revolução social e económica. Assim, tendo visto os Partidos Socialistas aplicar as políticas que sempre defendeu em teoria mas que nunca conseguiu aplicar por causa dos sindicatos, dos comunistas e da pressão das ruas, a direita não tem espaço de manobra para inverter posições. Restam, então, à direita algumas bandeiras contestatárias, no plano dos direitos, liberdades e garantias mas cuja mensagem o eleitorado não percebe bem porque não está habituado a vê--la a berrar. Precisamente o que está a acontecer em Portugal com o PSD e a Nova Democracia. O resto, condena a direita a alguns truques. Como está a fazer o Partido Popular de Rajoy, ao utilizar a ETA e a questão de soberania e do regime, como arma de arremesso político contra o PSOE.
Mas com este processo em que a esquerda se tornou direita e destrói todos os dias a ideia do Estado Providência que alimenta a Europa há 60 anos, trata os Sindicatos com desprezo e assenta o seu modelo de desenvolvimento em melhores condições de investimento para o grande capital, à custa da diminuição de direitos, garantias e renumeração para os trabalhadores, estes mesmos trabalhadores podem continuar a votar alegremente nos socialistas? Hoje é certo que votam, deixando-se ir, ora manietados, ora alienados, ora iludidos, ora esperançados, ora simplesmente pondo em acção mecanismos de sobrevivência, como foi o caso de Portugal com Sócrates depois do descalabro de Santana. Mas amanhã como será? Como Marx dizia, é preciso primeiro criar uma consciência nos trabalhadores de que são desfavorecidos, de que estão a empobrecer e não a enriquecer, como os critícos do marxismo gostaram tantos anos de garantir, concluindo que o bem-estar do proletariado impedia a revolução, de que estão a ser explorados por um capitalismo global cada vez mais voraz, em sociedades cada vez mais injustas, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. É preciso que haja uma consciência de classe. E as condições económico-sociais para tanto, e para o processo de luta de classes e de revolução social, (re) começam a existir... Quase quatrocentos anos depois do nascimento de Marx e de um conjunto de experiências mal sucedidas no século XX que fizeram cartilha do marxismo para alimentar projectos de poder pessoal e de controlo totalitário do mundo, o filósofo alemão pode estar a poucos anos de ver as suas teorias de novo ensaiadas... Talvez com mais pureza.


Este é o país

Este é o país onde o primeiro-ministro é acusado pelo maior partido da oposição de ter um projecto de poder pessoal. Este é o país onde a direita, com o seu espaço político ocupado pelos socialistas, no caso do Continente, ou pelo populismo de Alberto João Jardim, no caso da Madeira, faz um discurso insurrecto. Este é um país onde a capital Lisboa está paralisada há praticamente um ano, refém de tacticismos tanto à esquerda como à direita. Este é o país onde se vão fazer duas eleições para a capital no prazo de dois anos, como se a lei eleitoral funcionasse mais como empecilho do que como uma forma de melhor regular a gestão das câmaras. Este é um país onde as OPAs hostis têm uma morte lenta mas segura, como se o mercado não funcionasse e fosse preciso fazer um requerimento administrativo para as lançar. Este é o país que tem um dos partidos comunistas mais fortes da Europa mas que parece agachado perante Sócrates. Este é um país com três canais de televisão generalistas, com um deles na posse do Estado, ou seja debaixo da tutela do PS, e outro nas mãos do grupo socialista Prisa, dirigido pelo socialista Pina Moura. Este é um país onde muitas elites se deleitam com Espanha e só tem olhos para um futuro ibérico, sob a batuta de Madrid. Este é um país onde estão a ser sacrificados direitos e liberdades a bem do equílibrio financeiro e do crescimento económico, ou seja a bem da Nação, como dizia Salazar. Este é um país que tem sindicalistas reformados compulsivamente por delito de opinião.Este é um país com os nervos à flor da pele, onde uns odeiam Sócrates e outros o idolatram, admirando a tortura que ele faz da Função Pública. Este é o país onde um primeiro-ministro telefona seis vezes para um jornal para impedir a publicação de uma notícia. Este é um país onde os assessores se sentem cada vez mais senhores das consciências dos jornalistas. Este é o país onde a independência do Ministério Público e do poder judicial estão ameaçados. Este é o país que a pretexto do combate ao "jornalismo de sargeta" quer atacar a liberdade de imprensa. Este é o país que vai investigar a licenciatura do engenheiro Sócrates... A ver vamos.

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Subject Author Date
Como diria o cego! (NT)Observador interessado, atento e empenhado 7/05/07 19:34:07
Na ordem do diamim11/06/07 18:25:40


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