VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

22/12/24 6:14:02Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 123[4]56789 ]
Subject: A NUDEZ CRUA DA VERDADE


Author:
António Vilarigues
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 13/06/07 9:39:13

A NUDEZ CRUA DA VERDADE


“Não é em vão que se convoca uma greve geral, uma greve geral tem um significado político preciso (…) uma greve geral só existe enquanto combate a um modelo de sociedade, enquanto forma política de luta” escreveu São José Almeida. “A maioria que escreve sobre as greves, esta ou outras, tem como atitude típica o desdém (…) a greve é um dos raros momentos de protesto cívico (…)” sublinhou Pacheco Pereira.


A nudez crua da verdade mostra-nos que a Greve Geral convocada pela CGTP-IN se traduziu na maior jornada de luta que este Governo já enfrentou. Mesmo que nela só tivessem participado os 13% avançados pelo governo. Constituiu uma importante expressão das razões profundas de descontentamento e protesto popular. Representou uma clara afirmação de exigência de mudança.


A verdade é que a Greve Geral de 30 de Maio foi de todas as já realizadas aquela que mais apoio social colheu até hoje. As suas razões foram compreendidas e apoiadas por uma grande parte do povo português que das mais diversas formas (incluindo as sondagens …) o manifestou.


A verdade é que “só” o processo de preparação constituiu em si um dos mais importantes movimentos de esclarecimento, participação e mobilização dos últimos anos. A confirmá-lo esteve a adesão de 140 estruturas sindicais, as dezenas de milhar de activistas envolvidos, os mais de sete mil plenários realizados, as dezenas de milhares de acções de esclarecimento levadas a cabo. Reveladoras de uma impressionante força de intervenção social que se projectará muito para além da própria Greve Geral. Mesmo quando os trabalhadores foram confrontados com a proibição de plenários, com a recolha ilegal de dados pessoais, com as ameaças de processos disciplinares ou com o recurso à GNR para dificultar o exercício dos piquetes.


A verdade é que existem causas objectivas, bem fundas e sentidas, que exigiram o recurso a esta forma luta.


Em Portugal empobrece-se a trabalhar. Há dois milhões de pobres no nosso país. Mais de um terço dos pobres é trabalhador por conta de outrem com baixíssimos salários e em permanente degradação. E outro terço é reformado com reformas de miséria. Esta é a realidade.


Realidade é a destruição e deslocalização de empresas. É Portugal ter hoje a maior taxa de desemprego dos últimos vinte anos. É a existência de mais de 600 mil desempregados reais. É o facto de milhares de trabalhadores portugueses voltarem a emigrar e a sujeitar-se ao trabalho escravo e sem direitos. É o desemprego de longa duração a aumentar assustadoramente, com mais de metade (51,7%) dos trabalhadores no desemprego nesta situação.


Realidade é o nosso país ser na União Europeia (UE) o que tem a maior desigualdade na distribuição do rendimento. É os trabalhadores portugueses terem dos mais baixos salários dos países da UE e preços de serviços e bens essenciais dos mais elevados. É o nosso país apresentar o pior indicador de trabalhadores pobres na UE a 25. É o termos das mais elevadas taxas de risco de pobreza da EU entre aqueles que trabalham. É o sermos o país com menos justiça social e um dos mais desiguais na distribuição dos rendimentos.


Realidade é que aumenta a idade da reforma e diminui o valor das pensões. É a existência de novos e mais duros sacrifícios que resultam do agravamento dos impostos dos bens de consumo e dos rendimentos do trabalho, incluindo dos reformados. É o aumento das taxas de juro e do endividamento que ampliam as dificuldades e angústias de milhões de portugueses com a complacência e o silêncio cúmplice do governo.


Realidade é o crescimento da precariedade dos vínculos e das condições de trabalho e o aumento da instabilidade e insegurança da vida dos jovens. É mais de um milhão e duzentos mil trabalhadores terem vínculos precários, dos quais mais de meio milhão são jovens. É o eternizar a situação de precariedade com os contratos a prazo, os recibos verdes, a prestação de serviços, as bolsas de investigação, os apoios de inserção, o trabalho temporário.


Realidade é Portugal ser o terceiro país da União Europeia com maior percentagem de trabalhadores com contratos não permanentes. Ocupando a mesma posição quando o assunto é emprego por conta própria. Juntando a isto o trabalho a tempo parcial, verifica-se que 40,9% do emprego total em Portugal não apresenta a forma de contrato de trabalho sem termo e a tempo completo.


Realidade bem diversa é a circunstância de, ao mesmo tempo que se agrava a situação dos trabalhadores e da generalidade da população, os lucros dos grupos económicos e financeiros subirem todos os anos. Em 2006 os 5 principais bancos nacionais, juntamente com a EDP, a PT, a GALP e a SONAE tiveram 5,3 mil milhões de euros de lucros, mais 14,4% do que em 2005. Como o é alguns dos gestores de empresas privadas ganharem 130 (!!!) vezes mais que um trabalhador com o salário mínimo nacional.


Realidade é o nosso país estar aprisionado pelos interesses dos grupos económicos e financeiros. Cujos lucros aumentam todos os anos, à custa dos sacrifícios da maioria do povo e do comprometimento do desenvolvimento do país.


Realidade é que a decisão da CGTP de convocar uma Greve Geral para o dia 30 de Maio foi a resposta necessária aos mais de dois anos de ofensiva do Governo do PS contra os direitos laborais, os interesses dos trabalhadores e os direitos sociais do povo. Foi uma decisão natural. Uma decisão que deu expressão ao amplo descontentamento que atravessa a sociedade portuguesa. Foi uma decisão corajosa da CGTP. Uma decisão inteiramente justa. Por isso mais de um milhão e quatrocentos mil trabalhadores fizeram greve.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.