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Subject: Portela | |
Author: João Soares (Público, 19.06.2007) |
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Date Posted: 20/06/07 8:47:02 Portela Nenhuma outra capital europeia tem o seu aeroporto tão perto do seu centro urbano "Pela qualidade e grau de beleza da obra que construímos se saberá se sim ou não vivemos com verdade e dignidade. É necessário que aqueles que vão construir amem o espaço, a luz, o próximo."Sophia de Mello Breyner Tenho para mim que uma das primeiras obrigações, especialmente de quem tem responsabilidades públicas, é cuidar bem do que já temos. Ora, no que a aeroportos diz respeito, Lisboa tem a Portela. Um aeroporto, construído de raiz, nos anos 40 do século passado, com condições para ser um excelente aeroporto. Antes de mais, as que resultam da sua excelente localização, em termos de proximidade com o centro da cidade. Nenhuma outra capital europeia tem o seu aeroporto localizado tão perto do seu centro urbano. Nenhuma outra capital europeia lançaria pela borda fora esta mais-valia tão importante que é ter um aeroporto tão próximo do centro da cidade. Não conheço aliás nenhum caso de desmantelamento completo de um aeroporto. Usando a Portela, é possível chegar a Lisboa de manhã cedo (partindo de Amsterdão, Bruxelas, Londres, Paris etc...) ter duas reuniões durante a manhã e outras tantas durante a tarde, regressando depois, no mesmo dia, ao ponto de partida. Vivi muitos anos próximo do Aeroporto da Portela. Na linha de aproximação à mais utilizada das pistas da Portela, a 03/21. Há 20 anos a poluição causada pela aproximação dos aviões era considerável. Hoje é praticamente irrelevante. Quer no que diz respeito a ruído, quer noutros planos. O perfil das aeronaves melhorou muito em termos ambientais. A sua forma de aproximação às pistas, na aterragem e na descolagem, é hoje substancialmente diferente, para melhor. Os problemas da Portela são problemas com o funcionamento da Aerogare e das placas de estacionamento dos aviões. São problemas de organização. Que, aliás, começam por ser problemas de organização do espaço. Na Portela não se espera por aviões. Espera-se por malas, espera-se muito por malas. Espera-se para fazer o check-in. Espera-se por autocarros que vão buscar os passageiros a aviões que não encostam a mangas, mesmo quando há mangas disponíveis. Nunca, até hoje, soube de um avião que tivesse estado "em bicha" atrás de dezenas de outros para descolar ou aterrar, como acontece na generalidade dos outros aeroportos de capitais europeias. Há anos juravam-nos que a Portela estaria esgotada em 2000, depois asseguraram-nos que não passaria de 2007. Viu-se. Agora falam-nos de slots recusados. É falso, redondamente falso. O Aeroporto da Portela tem uma área de implantação no solo superior a outros aeroportos que tiveram, ou têm, mais tráfego em voos e número de passageiros - Hong Kong antigo ou Málaga actual. Isto sem considerar a área que ficaria disponível, em termos aeroportuários com a disponibilização do espaço ocupado (muito pouco ocupado, de facto!) pela Força Aérea no Figo Maduro, o Aeródromo de Trânsito n.º1. Para além do terreno de depósito municipal, propriedade da CML, também conhecido por Figo Maduro. A ideia que tem sido avançada de transferir para a Base Aérea de Beja a manutenção da TAP é boa. Em primeiro lugar porque representa uma oportunidade de animar, em Beja, um pólo aeronáutico importante em termos de manutenção de aeronaves. A manutenção feita pelas oficinas da TAP tem grande qualidade e é reconhecida internacionalmente. Sendo certo que a Manutenção da TAP já tem recusado oportunidades de contrato nesta área por falta de condições logísticas. Em segundo lugar, primeiro neste caso que estamos a abordar, porque liberta na Portela uma área muito vasta onde poderão, e deverão, ser construídos novos terminais de parqueamento e de acesso a aeronaves. E se se transferir também para Beja o que em matéria de manutenção de aeronaves está em Alverca, as OGMA (faz todo o sentido ter em Beja um grande pólo de manutenção e treino), ficaríamos, em Alverca, com uma pista para as low cost e carga com excelentes ligações rodo-ferroviárias ao centro de Lisboa. Em Lisboa, com o aeroporto na Portela, existe uma possibilidade/oportunidade, quase única na Europa do Sul, de organizar um interface entre aviões e navios como em poucas outras capitais do mundo existe. Lisboa é um porto de mar, junto à fronteira entre o Atlântico e o Mediterrâneo, cada vez mais procurado pelos grandes navios de cruzeiro. Que aqui tomam e largam passageiros. A localização do Aeroporto da Portela, tão próximo do porto de Lisboa, é uma óbvia, e muito importante, mais-valia para este sector em desenvolvimento acelerado. O que ainda não se fez, e há muito já deveria ter sido feito, foi a ligação do Aeroporto da Portela com a rede de comboios. A Portela está muito próxima do mais completo interface de transportes da cidade de Lisboa, a Gare do Oriente. Onde os passageiros podem dispor de autocarros, urbanos e interurbanos, metropolitano, comboios, táxis. Há anos foi prometida a ligação em mono-rail entre a Portela e a Gare do Oriente. Onde está ela? Como aliás onde está o metropolitano que se ficou a escassas centenas de metros do Aeroporto da Portela? "A megalomania não ajuda um país pequeno." Vasco Pulido Valente A obra de construção de um novo aeroporto, na Ota ou em qualquer outro lugar, é uma obra de custos gigantescos. Claro que nos dizem, nesta como noutras obras, que se paga a si própria. Que será capaz de gerar receitas que suportam as despesas da sua construção. Até estou disposto a admitir que este argumento é, em parte, verdadeiro. Só que este não é o modelo de desenvolvimento que quero para o nosso país. Não acredito, e não quero para o meu país, o modelo das chamadas "cidades aeroportuárias". Nós portugueses temos um sério problema com a ocupação do nosso território. O que aconteceria com a construção de um novo aeroporto, a 50 quilómetros a norte de Lisboa (ou na Margem Sul), seria que o nosso território, na envolvente desse novo aeroporto, se transformaria num contínuo urbano de betão e mais betão, como infelizmente conhecemos noutras regiões de Portugal. A distância entre a Ota e Lisboa seria a mais longa distância entre o centro de uma capital europeia e o seu aeroporto internacional. As desvantagens, relativas e absolutas, desta distância são indiscutíveis e, muito sinceramente, não vejo como superá-las. A ideia de um TGV que pára 50 quilómetros depois de ter iniciado a sua marcha é simplesmente ridícula. Fazer o percurso entre o centro da cidade e a Ota de táxi iria tornar-se incomportável em termos de custos. As consequências de uma eventual mudança de localização do Aeroporto da Portela para a Ota seriam terríveis para a hotelaria e o turismo. Como o têm sublinhado com clareza e frequência os responsáveis do sector. A construção de um novo aeroporto na Ota tem a lógica (e mesmo a origem histórica) de mais um elefante branco dos tempos de governação de Marcelo Caetano, como o porto de Sines ou, em África, Cahora-Bassa. Ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |