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Subject: Em Portugal Empobrece-se a Trabalhar!


Author:
António Vilarigues
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Date Posted: 18/05/07 17:54:29

Em Portugal Empobrece-se a Trabalhar!


Em Portugal empobrece-se a trabalhar. Há dois milhões de pobres no nosso país. Mais de um terço dos pobres é trabalhador por conta de outrem com baixíssimos salários e em permanente degradação. E outro terço é reformado com reformas de miséria. Esta é a realidade.

Realidade é a destruição e deslocalização de empresas. É Portugal ter hoje a maior taxa de desemprego dos últimos vinte anos. É a existência de mais de 600 mil desempregados. É o facto de milhares de trabalhadores portugueses voltarem a emigrar e a sujeitar-se ao trabalho escravo e sem direitos. É o desemprego de longa duração a aumentar assustadoramente, com mais de metade (51,7%) dos trabalhadores no desemprego nesta situação.

Realidade é o nosso país ser na União Europeia (U.E.) o que tem a maior desigualdade na distribuição do rendimento. É os trabalhadores portugueses terem dos mais baixos salários dos países da U.E. e preços de serviços e bens essenciais dos mais elevados. É o nosso país apresentar o pior indicador de trabalhadores pobres na U.E. a 25. É o termos das mais elevadas taxas de risco de pobreza da U.E. entre aqueles que trabalham. É o sermos o país com menos justiça social e um dos mais desiguais na distribuição dos rendimentos.

Realidade é que aumenta a idade da reforma e diminui o valor das pensões. É a existência de novos e mais duros sacrifícios que resultam do agravamento dos impostos dos bens de consumo e dos rendimentos do trabalho, incluindo dos reformados. É o aumento das taxas de juro e do endividamento que ampliam as dificuldades e angústias de milhões de portugueses com a complacência e o silêncio cúmplice do governo.

Realidade é o crescimento da precariedade dos vínculos e das condições de trabalho e o aumento da instabilidade e insegurança da vida dos jovens. É mais de um milhão de trabalhadores terem vínculos precários, dos quais mais de meio milhão são jovens. É o eternizar a situação de precariedade com os contratos a prazo, os recibos verdes, a prestação de serviços, as bolsas de investigação, os apoios de inserção, o trabalho temporário.

Realidade bem diversa é a circunstância de, ao mesmo tempo que se agrava a situação dos trabalhadores e da generalidade da população, os lucros dos grupos económicos e financeiros subirem todos os anos. Em 2006 os 5 principais bancos nacionais, juntamente com a EDP, a PT, a GALP e a SONAE tiveram 5,3 mil milhões de euros de lucros, mais 14,4% do que em 2005.

Realidade é que a decisão da CGTP de convocar uma Greve Geral para o próximo dia 30 de Maio é a resposta necessária aos mais de dois anos de ofensiva do Governo do PS contra os direitos laborais, os interesses dos trabalhadores e os direitos sociais do povo.

É uma decisão natural. Uma decisão que dá expressão ao amplo descontentamento que atravessa a sociedade portuguesa. É uma decisão corajosa da CGTP. Uma decisão inteiramente justa.

O país e os trabalhadores não estão condenados à aceitação resignada da inevitabilidade das políticas de direita. Uma outra política, que respeite as conquistas de Abril e os direitos do povo, não só é necessária, como é possível.


2007-04-30
António Vilarigues

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