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Subject: Inovar não é só na Economia


Author:
Vasco Almeida (Público, 02.04.2007)
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Date Posted: 2/04/07 17:11:23

Não chega inovar na economia. Uma sociedade desenvolvida tem que apostar
na intersecção das inovações económicas com as inovações sociais.


O grande desenvolvimento que os estudos de inovação conheceram nas últimas décadas permitiu chegar a um melhor entendimento sobre o desempenho das economias. No entanto, nas análises efectuadas, subsistem algumas limitações. Em primeiro lugar, a preocupação excessiva com as empresas capitalistas implicou que tivessem sido, apenas, consideradas as inovações orientadas directa ou indirectamente para o mercado. Isto significa que outras formas organizacionais, como as cooperativas ou as associações, ficaram de fora. Em segundo lugar, a atenção quase exclusiva no sistema de produção fez esquecer a importância da dimensão social. É certo que, cada vez mais, parece haver uma preocupação com a coesão social horizontal, como é o caso de alguns estudos sobre o capital social, ou mesmo com a coesão social vertical, quando se relaciona a desigualdade de rendimentos com a actividade inovadora. Não obstante, a questão social é apenas analisada como efeito perverso do processo de inovação ou, então, como uma condição determinante para o desenvolvimento económico. Assim, o conceito de inovação situa-se no domínio estrito do económico, sem lugar para a inovação social. Porém, como afirmava Peter Drucker, os seus efeitos são bem mais dramáticos e decisivos do que as inovações tecnológicas.
O que são Inovações Sociais? Geralmente, considera-se que as inovações têm, apenas, um carácter económico e estão ligadas a uma função de produção: são as inovações de produto, de processo, organizacionais e de marketing, tal como aparecem definidas na 3.ª edição Manual de Oslo. Porém, há as inovações sociais que estão ligadas ao bem-estar dos indivíduos ou das comunidades, através do emprego, do consumo e da participação, podendo assumir as mais diversas formas. O aparecimento dos jornais, a introdução dos seguros, o sistema educativo moderno, as empresas de inserção, uma linha telefónica de apoio a grupos de risco, o microcrédito e o software livre são, apenas, alguns exemplos.
Segundo a OCDE, as inovações sociais procuram novas respostas para os problemas económicos e sociais, identificando e assegurando novos serviços que melhoram a qualidade de vida dos indivíduos, através, por exemplo, da implementação de novos processos de integração no mercado de trabalho, novas competências, novos empregos e novas formas de participação.
De uma maneira geral, a forma como se define o conceito de inovação social reflecte, sobretudo, a preocupação de o incluir no campo do desenvolvimento social, apesar de não se recusar a possibilidade de o relacionar com o desenvolvimento económico. Assim, quando se afirma que as inovações sociais têm como objectivo solucionar um problema social, está-se a negar, implicitamente, a ideia de que elas podem, directa ou indirectamente, resultar do mercado e resolver um problema económico. No entanto, as inovações sociais procuram, frequentemente, soluções para questões ligadas à actividade económica. Este enviesamento resulta, em grande medida, da separação completa dos dois campos de investigação. De facto, as pesquisas sobre as inovações sociais, no campo do desenvolvimento social, e os estudos sobre as inovações (económicas), na área do desenvolvimento económico, foram-se consolidando de forma completamente estanque.
Silicon Valley e Inovações
O Silicon Valley, como centro de inovação tecnológica de excelência, trouxe grandes benefícios económicos à região. No entanto, o seu modelo de desenvolvimento acabou por mostrar os seus limites, tendo surgido problemas de vária ordem, ligados ao seu rápido crescimento, nomeadamente, a subida do custo de vida, a congestão do tráfego, a degradação do ambiente, os limites da capacidade do sistema educativo, o agravamento das desigualdades socioeconómicas e os problemas habitacionais. A região, na verdade, não conseguiu desenvolver uma arquitectura institucional constituída por organizações públicas e privadas com capacidade para dar resposta aos inúmeros problemas que enfrenta. Tudo isto faz temer, por exemplo, que a atracção de talentos que a região tem exercido como "um bom sítio para viver e trabalhar" possa vir a desaparecer.
Assim, nos últimos anos, o Silicon Valley tem assistido a um esforço crescente por parte dos sectores público, privado lucrativo e não-lucrativo no sentido de solucionar os seus mais diversos problemas.
Uma grande parte das inovações sociais tem sido desenvolvida pelo sector não-lucrativo que tem ido para além das suas funções tradicionais, inovando, por exemplo, no apoio à instalação de microempresas, no desenvolvimento de uma cultura empresarial, na canalização de fundos para outras organizações não-lucrativas cujo objectivo é a redução da pobreza, através da criação de emprego, na resolução de questões habitacionais para grupos específicos e na promoção do capital social. A própria obtenção de financiamento, através da filantropia de risco, é, em si mesma, uma importante inovação social.
Neste sentido, podemos afirmar que as inovações tecnológicas têm que ser completadas com inovações sociais, como forma de sustentar e de consolidar um modelo de desenvolvimento que assenta num processo contínuo de inovação. Além do mais, as fronteiras entre aquelas duas formas de inovação não são completamente rígidas. As inovações tecnológicas resultam de um processo social e, de uma forma geral, não se difundem sem fazer apelo às inovações sociais, sendo o inverso, também, verdadeiro. As inovações sociais necessitam, com maior ou menor intensidade, de um mínimo de suporte tecnológico.
O caso do Silicon Valley evidencia as vantagens de uma maior colaboração entre a abordagem das inovações sociais, no domínio do desenvolvimento social e a das inovações económicas, na área do desenvolvimento económico. Apesar das investigações abundantes que se desenvolveram, nos últimos anos, em torno da noção de inovações sociais, os diversos estudos nunca alcançaram um grau satisfatório na sistematização deste conceito. Assim, a abordagem das inovações sociais ganharia uma maior consistência com o contributo das teorias económicas.
No sentido contrário, as investigações na área do desenvolvimento económico poderiam, também, encontrar algumas vantagens nos estudos das inovações, no domínio do desenvolvimento social, permitindo-lhes, por exemplo, uma melhor compreensão sobre o papel dos vários actores - Estado, mercado e sociedade civil - na governação da inovação. Parece, pois, haver todo o interesse na abertura das fronteiras entre estas duas abordagens.

Docente do Instituto Superior Miguel Torga e doutorando em Governação, Conhecimento e Inovação pela FEUC

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