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Subject: Entrevista a Carlos Brito | |
Author: www.comunistas.info |
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Date Posted: 4/04/07 11:41:06 Entrevista de Carlos Brito para o Site da RC P: - Como vês a situação actual do movimento comunista e das vias para a sua próxima evolução? R: - A meu ver, a crise permanece. Avultam, usando uma linguagem metafórica, as ruínas e os escombros do velho M.C.I. (Movimento Comunista Internacional). Mas enquanto vários partidos, como o PCP, continuam mergulhados na poeira do sectarismo, fazendo de conta que nada aconteceu e mantendo-se de facto fiéis aos antigos dogmas derrotados, outros partidos procuram renascer dos escombros através da análise crítica e autocrítica do passado e, com esses ensinamentos, abrem caminho para o futuro. Com idêntica atitude, surgem novos agrupamentos, movimentos, associações, como a RC, nascidos das rupturas provocadas na luta pela renovação nos partidos que a bloquearam, usando métodos repressivos e sancionatórios. Finalmente, e persistindo na metáfora, florescem por todo o lado núcleos e grupos marxistas com uma visão teórica e uma praxis inovadoras. A superação da crise não se fará, de certeza, com a teimosia senil dos que não são capazes de mudar, mas terá que ser feita com estas renovadas e novas forças comunistas que não hesitam em lutar pela mudança de métodos, processos, vias, do próprio paradigma. É fundamental que os comunistas se separem inequivocamente do paradigma stalinista do Estado senhor e ditador, burocratizado e repressivo que vigorou na União Soviética e nos países do chamado «socialismo real». É preciso afirmar a união indissolúvel do socialismo com a liberdade e a democracia e o primado desta união em todas as etapas da luta. Como dizia João Amaral: «Não pode haver construção de uma sociedade de progresso e justiça se não houver escrupuloso respeito pela Carta da Democracia, do pluralismo e da liberdade». Por último, há que retomar a perspectiva de Marx sobre a autogestão social comunista em que o Estado progressivamente se retira e em que o desenvolvimento livre de cada qual se converte na condição do desenvolvimento livre de todos. P: Queres comentar os Encontros Internacionais de Partidos Comunista de que o PCP tem sido organizador e participante? R: Sim, não queria deixar de referir esses Encontros. É um facto que têm juntado à mesma mesa partidos com linhas políticas e concepções ideológicas diferentes, como por exemplo, o que é muito curioso, em relação ao «marxismo-leninismo». O segredo destas reuniões, em que o passado é tabu salvo quando é motivo de exaltação, reside em excluir todas as matérias teóricas e outras eventualmente polémicas. São encontros para produzir a aparência enganadora da continuidade do velho MCI, muito bons para proporcionar viagens e convívios de dirigentes, mas não creio que adiantem alguma coisa para a evolução do movimento. P: Agora com a sua estruturação qual é a viabilidade da RC cumprir um papel «pivot» no despertar do interesse dos comunistas portugueses para uma interrogação sobre os caminhos do comunismo? R: Julgo que para isso é muito importante a revalorização do trabalho teórico, o debate de ideias, a reflexão crítica sobre as boas e más experiências do movimento comunista e, ao mesmo tempo, o estudo sobre a nossa realidade e as actuais formas do domínio do capital. O objectivo deve ser o desenvolvimento de uma forte cultura de transformação social, não para formar sábios, mas para assegurar uma intervenção consistente nas batalhas de classe, nas lutas dos trabalhadores no nosso país e no mundo. É claro que este trabalho teórico não pode deixar de ter expressão pública. O site da RC tem um papel essencial a desempenhar. Livros, de autoria individual ou colectiva, e outras publicações são muito necessários, assim como a intensificação da colaboração em jornais e revistas, que já hoje acontece. Nada disto dispensa a realização de sessões para discussões teóricas onde confrontemos a nossa visão comunista com a de outros, comunistas ou não. Na minha opinião, o tal papel «pivot», que referes, também se deve realizar na intervenção que a RC for capaz de assegurar noutras áreas. Um aspecto destacado desta intervenção deve ser a contribuição da RC para a convergência das forças de esquerda sem exclusões (que do meu ponto de vista deve compreender o PCP, o BE, o MIC e os sectores do PS preocupados com o lado social da governação). Acho que RC pode avançar e popularizar ideias, através de debates e iniciativas de diferente natureza, que contribuam para um Programa de Governação à Esquerda que deve constituir a base de uma alternativa às políticas de direita que vigoram. P: Como vês a situação europeia em termos de posição e perspectiva das forças de esquerda? R: O impasse em que a União Europeia caiu há dois anos a este parte e a encruzilhada em continua a debater-se, como acaba de ser demonstrado pelas comemorações dos 50 anos do Tratado de Roma, são a clara demonstração das insanáveis contradições da integração hegemonizada pelo capital. Torna-se hoje muito evidente a crescente necessidade de uma força de intervenção política dos trabalhadores, coesa, autónoma, supranacional, a actuar dentro das instâncias comunitárias, que contrarie as «soluções» anti-sociais do neoliberalismo reinante e influencie políticas favoráveis ao desenvolvimento económico-social no espaço europeu e em cada um dos países membros, incluindo com uma mais justa redistribuição dos recursos financeiros e dos rendimentos. Eu sou daqueles que espero que o Partido Europeu da Esquerda, agregando comunistas e outras forças de esquerda, possa vir a desempenhar esse urgente papel. Entendo por isso que a RC deve apoiar, sem reservas, o seu reforço e consolidação e, também, por esta forma «assumir a dimensão internacional da luta dos comunistas», como diz Manifesto. Abril de 2007 [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |