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Subject: Belas sugestões!


Author:
DN 5/1
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Date Posted: 7/01/07 13:11:17

Treze ideias para mudar Portugal



Arménio Rego
Professor da Universidade de Aveiro

Mudam-se as organizações alterando os comportamentos dos seus membros. Muda-se um país quando o seu povo, em geral, altera condutas quotidianas - seja por "espontânea ocorrência", por iniciativa política, por acção das suas elites, ou por inspiração e estímulo de lideranças carismáticas. Não há, todavia, receitas. Por conseguinte, as linhas que se seguem são apenas reflexões, não pregações profes- sorais. Algumas são porventura politicamente incorrectas - mas não incorrectamente políticas.

1. Recompense-se o mérito. Aumentem-se os níveis de exigência. Premeie-se o rigor e a dedicação. Valorizem-se os bons desempenhos. Mas não se criem fossos indecorosos que firam a dignidade das pessoas e as alienem da vida organizacional.

2. Tomem-se os colaboradores como parceiros realmente fundamentais para a vida empresarial. A atribuição de culpas pela base ao topo, e vice-versa, gera desperdício de energias em batalhas internas que deveriam ser canalizadas para a produtividade e a qualidade do trabalho. As organizações revigoram-se com os seus colaboradores - e não contra eles ou apesar deles.

3. Partilhem-se os sacrifícios, mas também os ganhos alcançados com esses sacrifícios. Quem se sentirá empenhado numa organização que requer sacrifícios em tempo de "vacas magras", mas cujos benefícios depois alcançados são açambarcados apenas por um grupo restrito de beneficiários?

4. Que os líderes dêem o exemplo. Antes de exigir aos demais, que exijam a si próprios. Que as suas práticas sejam consistentes com as prédicas. Requerer sacrifícios aos colaboradores e, simultaneamente, esbanjar recursos - eis um caminho que apenas pode gerar cinismo e quebras de empenhamento e lealdade.

5. Que os líderes não "matem os mensageiros das más notícias" nem penalizem os espíritos críticos e independentes. Caso contrário, acabarão por ouvir apenas aquilo que querem ouvir. Viverão num mundo inexistente e tomarão decisões insensatas.

6. Aprendamos a respeitar o tempo dos outros. Se quatro milhões de portugueses desperdiçarem, cada dia, 15 minutos à espera de outrem que não foi pontual, temos um milhão de horas desperdiçadas. Se cada hora for remunerada a dez euros, teremos dez milhões de euros malbaratados em cada dia - várias centenas de milhões ao longo de um ano. Não é necessário que nos tornemos implacavelmente intolerantes. Mas podemos melhorar!

7. Contrariamente ao que por vezes se alega, os salários são (des)motivadores. Se não o fossem, não se discutia tão frequentemente o salário dos deputados, nem se ouviria a lamentação de que os salários dos gestores portugueses não são competitivos. Construam-se modelos de compensação mais equitativos e que permitam dignificar o trabalho - de todos os membros organizacionais.

8. Incuta-se na universidade o espírito do rigor e da honestidade. Que os professores requeiram dos alunos o que requerem a si próprios. E que os estudantes tomem a universidade como um benefício que a sociedade lhes proporciona - em vez de esgotarem energias a tomarem-se como "damas de honor", alvos de todos os mimos.

9. Valorizemos o facto de o País se situar no topo do planeta em muitos indicadores económicos e sociais - em vez de fazermos automutilação permanente porque nos situamos na cauda da Europa. Tomemos esse brio como factor de empenhamento e dedicação, para que passemos da cauda ao dorso, e depois à cabeça.

10. Combata-se o desperdício nas organizações públicas - na água sem destino, nas resmas de papel inutilizado, na iluminação desnecessária, no tempo desperdiçado em minudências, nos pequenos e grandes protagonismos pessoais narcísicos. Crie-se um prémio nacional que premeie boas práticas de combate ao desperdício.

11 . Gozemos as "pontes", e saibamos fruir a vida. Mas trabalhemos afincadamente antes e depois das "pontes".

12. Compremos o que é português e é bom. Porque não?

13. Aproveitemos o potencial contido em todos os portugueses. Perguntemo- -nos o que podemos fazer pelo País - em vez de invariavelmente pedirmos ao País que se ocupe de nós.

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