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Subject: 17. Ainda a determinação do curso da História - 1


Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 6/12/06 18:50:23


17. A estrutura social – tal como indicado na primeira proposição – é determinada pela sua fundação ou base económica. De acordo com este princípio, o curso da sua história é determinado por esta fundação económica.

Como já foi anteriormente referido, atribui-se (por vezes!...) a Marx a tese ou ideia de um determinismo "absoluto" (o qual estaria portanto em contradição de um eventual livre arbítrio relativamente ao sentido geral do processo histórico) sendo que esse "determinismo absoluto" verificar-se-ia no sentido de a base ou fundação económica "determinar" a estruturação social e por essa via determinar a superestrutura.
Vários estudiosos discutiram já (diria que) exaustivamente esta questão, mas atrevo-me mesmo assim a expor mais algumas outras reflexões. Designadamente no que diz respeito a um outro nível de "determinação" situado "mais abaixo do nível da 'base económica'". Estou a referir-me ao nível ecológico e geográfico, ou do território ocupado pelas diversas fracções nacionais da sociedade humana, por esse planeta fora. Ou seja, se quisermos, é possível argumentar que a história das sociedades humanas acaba até por estar "ainda mais determinada" (num grau mais profundo ou mais actuante) do que aquilo que normalmente se atribui a Marx (usualmente de forma errada, diga-se de passagem...)
Como será evidente, está também aqui implícita a questão velha e relha do materialismo "mecanicista" e do materialismo "dialéctico". E está sobretudo implícita da questão de se saber (ou investigar) "o que é fazem as sociedades humanas (ou as respectivas elites mais alertadas...) quando estas se apercebem do "curso da História". É então aí, nessa fase, que se acaba o "determinismo absoluto" (ou mecanicista...) e entra em cena o famigerado "livre arbitrio".

Os casos do Antigo Egipto e da Mesopotâmia (hoje o Iraque... malfadado povo...) são exemplos flagrantes da relação causa e efeito ("determinismo geográfico") entre a disponibilidade de cursos de água, o seu ciclo anual e a emergência de sociedades agrícolas. O próprio contraste entre as duas civilizações que se desenvolveram naquelas duas regiões do globo é um exemplo do caracter determinante da geografia (ou do meio ambiente) sobre a "base económica" e a estruturação social que aí venha a emergir. Enquanto que a Mesopotâmia está situada num cruzamento de rotas intercontinentais sem fronteiras naturais quer a Leste quer a Oeste, o Egipto está isolado (ou à margem) dessas mesmas grandes rotas comerciais entre a bacia do Mediterrâneo e o espaço geográfico veio a constituir-se por um lado na Índia e por outro lado na China.
Um mapazinho é capaz de ajudar...

Por outro lado, enquanto que o Nilo – que corre de Sul para Norte (a partir dos Trópicos) tem um ciclo anual de cheias e irrigação quase pendular, os rios Tigre e Eufrates correm de Noroeste para Sudeste (a partir das montanhas a oriente da Anatólia (zona continental temperada) e sujeitas a maiores variações climáticas. A estabilidade secular num dos casos vem a dar origem a uma civilização de uma maior estabilidade agrícola, enquanto que no outro caso vem a dar origem a civilizações de mais tensões e conflitos mais frequentes.
Haverá ainda a considerar o problema da distribuição e reprodução sustentada das plantas alimentares/agrícolas e dos animais domesticáveis o que por sua vez está relacionado com as temperaturas ao longo do ano e fertilidade dos solos. Esta fertilidade dos solos, por sua vez, está dependente da erosão geológica aos longo de milhões de anos, das chuvas, dos ventos e da ocupação do território por plantas e animais.
Para quem tiver muitas dúvidas sobre a validade deste tipo de argumentação relativamente ao grau de dependência das sociedades humanas e sua evolução histórica, relativamente ao seu meio ambiente, recomenda-se a leitura do recente livro ("best seller") de Jared Diamond "Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies" (New York - London - W.W. Norton & Company, 1999).
O subtítulo é já uma sugestão da tese do autor: "The Fate of Human Socities" (o destino, "fatal como o Destino...)

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Subject Author Date
17. Ainda a determinação do curso da História - 2Guilherme Statter 7/12/06 0:15:24


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