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Date Posted: Wed September 12, 2007 10:10:46
Author: CÉLIO BENVINDO (BOM DIA !)
Subject: CONTOS DE FADAS: por que

CONTOS DE FADAS: por que manter viva esta cultura


Era uma vez... . O que isso tem haver com a realidade das crianças de hoje? Qual é a importância de se contar, ou melhor, de se trabalhar estas estórias para as crianças? Este texto tem como objetivo não analisar um conto específico, mas discutir a idéia do escritor Bruno Bettelhem em A Psicanálise dos Contos de Fadas, e a partir daí tentar justificar as propostas apresentadas pelo escritor tendo em vista que estas não caiam no esquecimento.

A Psicanálise dos Contos de Fadas tem como discussão principal estudar os contos de fadas a partir do olhar da psicanálise e a partir daí atribuir a infância como material de formação psicológica, filosófica, social e humana. O escritor Bruno Bettelhem seguindo os objetivos da psicanálise que é desde a sua criação “resolver os conflitos internos do homem”, analisa os contos de fadas observando a importância destes para a vida não exterior, mas interior do individuo. É defendida pelo autor Bettelhem a tese de que os contos de fadas não apresentam nenhum mal à criança, mas que ajuda e muito no seu desenvolvimento. Segundo o autor estes contos “ajuda a criança na descoberta de si mesma”;

Estas estórias prometem à criança que, se ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua ajuda, e ela o conseguirá. As estórias também advertem que os muito temerosos e de mente medíocre, que não se arriscam a se encontrar, devem se estabelecer numa existência monótona - se um destino ainda pior não recair sobre eles. (A Psic. dos Contos de Fadas, pág. 32).


Ora, se os contos de fadas estão relacionados aos problemas interiores muito mais do que os exteriores logo, se exigem do educador ou de quem quer que aplique estes contos de fadas a outrem o mínimo de conhecimento possível tanto sobre o conto quanto sobre o ser humano. É preciso ver o outro pelo lado de dentro para obter o mínimo de êxito naquilo que se pretende, claro, se levar em consideração que os contos de fadas têm algo de positivo para este outro.

Uma das críticas do autor é quanto à falta de conhecimentos e objetivos na escolha das leituras para a infância. A escola, segundo o autor, não está preparada para isso. Escolhê-los no caso, livros e estórias, aleatoriamente sem ter em vistas objetivos claros a que se pretenda alcançar, podem trazer sérias conseqüências. Segundo Bettelhem isso deixa a desejar na medida em que, só a criança é quem sai perdendo. Por isso, ver como ultrapassadas estas estórias de Lobos, Fadas, Gigantes.... , não reconhecer o seu teor não moralista, mas filosófico para a vida humana, é ignorar todo o acervo do conto de fadas.

É conformizado pelo autor que “a criança se identifica” com o herói do conto de fadas. E isso na visão do autor não existe nada de negativo, uma vez que, o tempo dirá a criança que ela não é um herói. Todavia, se identificar com um herói é em última instancia tentar imitar os seus atos. Para o autor, algo positivo uma vez que a criança estará “explorando” forças internas e assim, buscando por para fora o seu verdadeiro “eu”, ou seja, estará se descobrindo. E se a criança está se descobrindo logo está também se deixando perceber por outros, o que facilita o trabalho de quem está do seu lada para o ajudar naquilo que for necessário. Até então, para Bettelhem os contos de Fadas a partir de uma visão psicanalista só tem algo a oferecer. E o melhor, algo positivo.
Salvatore D´Onofrio no livro Teoria do Texto 1 fazendo referencia a Piaget vai dizer que:

existe um estreito parentesco entre o universo do homem primitivo e o mundo da criança. Como esta, o aborígine não distingue a realidade da fantasia, a verdade do falso, o puro do maculado, o possível do impossível, o animado do inanimado. Sua mente é alheia a tais oposições. Como a criança que quer dar de mamar a uma boneca, assim o homem primitivo considera uma pedra como ser vivo, objeto sagrado. Da mesma forma, a categoria do tempo não apresenta a noção de evolução: a criança chora se a mãe vai embora, pois imagina o afastamento como definitivo; para o homem primitivo o tempo é fixado para sempre; as personagens míticas não envelhecem, porque, concebidas como modelos de valores eternos, não sofrem os efeitos das personagens do tempo. ( D´Onofrio 2001, pág. 107)

É interessante ressaltar que a literatura muitas vezes em relevo atualmente para as crianças, bem como toda a didática atual tem em mente um tipo de formação. Por outras palavras, tem em mente um tipo de homem que deseja formar. Partindo deste principio a didática atual não oferece para este futuro cidadão nenhuma oportunidade de questionar. Dando respostas prontas faz com que a criança não questione e com isso não se conheça. Se não se conhece, fica fácil manipulá-las desde já.

Os contos de fadas têm uma coisa muito interessante. Eles permitem a criança imaginar. No mundo da fantasia a criança curiosa pergunta ao seu pai ou ao seu educador: e ai, como foi? Eles foram felizes para sempre? Conta de novo.

Mais tarde esta mesma criança que fez pergunta há de se questionar: mais eu acreditava nisso? E sem duvida se verá em meio a um conflito bastante positivo, já que, a criança começa a formar a sua capacidade de raciocinar por conta própria. É justamente neste conflito que há de surgir, que a criança se verá como um ser diferente daquele herói até então imaginado e identificado por ela.

Ao contrário de outras leituras os contos de fadas ensinam tanto o que deve quanto o que não deve. O que é possível quanto o que não é possível.

O conhecimento de si mesmo permite à criança que esta não se deixa levar por qualquer ordem ou desordem interna ou externa. Na minha opinião, tese bastante significativa uma vez que o que se está em jogo é nada menos do que o conteúdo dos contos da fadas, e estes aplicados à vida humana.

Como material de formação estes contos têm muito a oferecer para o futuro leitor uma vez que ele desperta a capacidade imaginativa da criança e desperta para o mundo dos sonhos, da filosofia e por que não do real?

BIBLIOGRAFIA:

BETTELHEM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. 12. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
D´ONOFRIO, Salvatore. A Teoria do Texto 1- Prolegômenos e teoria da narrativa. 2. ed.São Paulo: Ática, 2001.
ALAMILLO, Assela. A Mitologia na Vida Cotidiana. São Paulo: Angra, 2002.

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