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Subject: Wall Street lava o dinheiro do narcotráfico impunemente** | |
Author: Zach Carter* |
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Date Posted: 6/08/10 12:11:01 06.Ago.10 António Maria Costa, Director Executivo do Gabinete das Nações Unidas para a Droga e a Criminalidade (UNODC), disse em fins de 2009 à imprensa “que muitos empréstimos entre bancos (empréstimos a curto prazo que os bancos fazem entre si) assentavam em dinheiro da droga”. Porquê, então, admira-mo-nos por se ter descoberto que o Banco Wachovia dos EUA lavou 380 mil milhões de dólares provenientes do narcotráfico, e que a questão ficou resolvida com uma multa que, nem de perto, anulou os lucros das operações ilegais que se vieram descobrir? «Grande demais para cair» é um problema muito maior do que se pensa. Todos lemos artigos de crítica ao governo por salvar os bancos das suas jogadas de alto risco, mas acontece que o problema do privilégio da Wall Street está muito mais profundamente arreigado no sistema legal dos EUA do que os simples resgates mostraram em 2008. Os maiores bancos dos EUA podem envolver-se em actividades descaradamente criminosas em grande escala e saírem quase totalmente indemnes. O último e repugnante exemplo vem do Banco Wachovia: acusado de lavar 380 mil milhões de dólares de dinheiro dos cartéis da droga mexicanos, espera-se que o gigante financeiro se safe com apenas uns arranhões graças à política oficial do governo, que protege os megabancos contra acusações criminais. Michael Smith de Bloomberg [1] escreveu uma revelação devastadora que pormenoriza as operações do Wachovia com o dinheiro da droga e a enviezada reacção do governo. O banco fazia transacções com dinheiro que provinha literalmente das toneladas de cocaína de cartéis da droga violentos. Não se trata de um acaso. Denunciantes internos do Wachovia avisaram que o banco estava a lavar dinheiro do narcotráfico, os manda-chuvas do banco ignoraram-nos totalmente para conseguirem maiores benefícios e o governo dos EUA está à beira de consentir que todos os implicados fiquem impunes. O banco não será acusado, visto que é política oficial do governo não processar megabancos. Do artigo se Michael Smith: «Nenhum grande banco dos EUA foi alguma vez acusado de violar a Lei do Sigilo Bancário ou qualquer outra lei federal. Em vez disso, o Departamento de Justiça resolve as acusações criminais utilizando acordos de suspensão das actuações judiciais, segundo as quais o banco paga uma multa e promete não voltar a violar a lei. (…) Os grandes bancos estão protegidos de irem a julgamento, graças a uma variante da teoria “demasiado-grande-para-cair”. Acusar um grande banco poderia provocar uma corrida frenética dos investidores para venderem as acções e provocar o pânico nos mercados financeiros». O Wachovia foi comprado pelo Wells Fargo em fins de 2008. O castigo do banco pela lavagem de mais de 380 mil milhões de dólares de dinheiro da droga consistirá na promessa de não voltar a fazê-lo e numa multa de 160 milhões de dólares. A multa é tão pequena que é quase garantido que o Wachovia obterá lucros do negócio de financiamento da droga depois de feitas as deduções dos custos legais e das multas. As autoridades internacionais conhecem a ligação entre banqueiros e narcotraficantes muito para além do Wachovia, mas os governos não fazem nada. Um relatório de 2009 do Bureau das Nações Unidas sobre Droga e Crime estabeleceu que as regras para impedir a lavagem de dinheiro da droga através dos bancos são na sua maioria violadas. Do relatório: «Em tempo de quebras dos grandes bancos, os bancos parecem pensar que o dinheiro não tem cheiro. Os cidadãos honestos que enfrentam dificuldades em tempos de crise financeira perguntam-se por que razão não são confiscados os lucros do crime, convertidos em ostentosos imóveis, carros, barcos e aviões». Em fins de 2009, o chefe desse departamento da ONU António Maria Costa disse à imprensa que muitos empréstimos entre bancos (empréstimos a curto prazo que os bancos fazem entre si) assentavam em dinheiro da droga. Quando os mercados financeiros paralisaram em 2007 e 2008, os bancos voltaram-se para os cartéis da droga para obterem dinheiro. É possível que muitos bancos importantes não tivessem sobrevivido sem esse dinheiro da droga. Nota do tradutor: [1] Bloomberg é o principal web-site norte-americano de informação económica e financeira, sediado em Nova Iorque e com delegações em Tóquio e Londres (www.bloomberg.com/). * Zach Carter é editor de economia de AlterNet e colaborador da revista The Nation. ** Ver “A Banca e a liberdade comercial… da droga”, Jorge Cadima, odiario.info de 31 de Julho (http://www.odiario.info/?p=1688) Este texto foi publicado em www.alternet.org/economy/147564/wall_street_is_laundering_drug_money Tradução: Jorge Vasconcelos [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |