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Subject: Do Capitalismo para o Digitalismo


Author:
Beja Santos
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Date Posted: 04:08:26 06/03/04 Thu


É possível religar os paradigmas marxista e digital? Sabe-se mas não se discute às claras: a teoria marxista do valor é insuficiente para compreender o que está em marcha no paradigma digital.

Aliás, é por demais evidente que a nova esfera do trabalho assenta na automatização do trabalho repetitivo com degradação do assalariamento. Há cada vez menos mercadorias baseadas no tempo de trabalho, dado que o seu valor está, na vida actual, subordinado ao conhecimento nelas incorporado.
Vêm estas observações a propósito de um livro controverso que apela ao debate público («Do Capitalismo para o Digitalismo», de Fernando Penim Redondo e Maria Rosa Redondo, Campo das Letras, Novembro de 2003), em que os autores se propõem contribuir para reajustar o pensamento marxista de modo a reabilitar o projecto comunista, actualmente desacreditado.
Reflectindo sobre a realidade portuguesa, os autores recordam-nos que o número de “não operários” não pára de crescer e que são menos de 30 por cento os assalariados que podem ser classificados como operários.
Entrou no domínio do grotesco supor que há condições para manter um quadro praticável da luta de classes quando cada vez mais trabalhadores assalariados estão perante um patrão que é um representante do Governo e não um empresário privado. Isto remete-nos para a questão de, para muitos assalariados, existir um sério condicionamento das possibilidades de organização sindical e da reivindicação laboral. De acordo com um certo pensamento da esquerda, impõe-se apreciar estas “disfunções” para descobrir formas de compatibilização entre o marxismo e o digitalismo (recorde-se que no novo modo de produção o valor se baseia não no tempo de trabalho mas no “conhecimento incorporado” através do trabalho).

DIGITALISMO VERSUS CAPITALISMO

Digitalismo significa captura, armazenamento, tratamento e difusão da informação necessária à produção de conhecimento. Decorrente do digitalismo, emergiu uma nova formação económica e social com um novo modo de produção e uma nova base material. O trabalho deixou de ser repetitivo e passou a pautar-se pela indeterminação e pela imprevisibilidade.
Tais especificidades obrigam a repensar a teoria do valor, uma das bases do marxismo. Agora, é o conhecimento que determina o valor de troca e não a duração do trabalho, como acontecia no paradigma industrial. Aliás, as decisões actuais dos consumidores repercutem expectativas da sociedade do conhecimento.
A reconciliação do marxismo com o digitalismo será possível graças ao conhecimento, desde que se venha a determinar um cenário de superação do capitalismo sob a forma de projectos cooperativos em que todos participem na qualidade de trabalhadores cooperantes. Tal exigirá a renovação da teoria viabilizadora de uma alternativa da produção no contexto da sociedade estruturada nas tecnologias da informação e comunicação.

OUSAR TEORIZAR O MARXISTA DIGITALISTA

A maioria dos trabalhadores (65 por cento em Portugal e 75 por cento nos EUA) é hoje constituída por quadros, especialistas e técnicos que manipulam directamente informação. Impõe-se ultrapassar a distinção feita por Marx entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo. Os autores propõem que a mais-valia seja calculada não no fim de cada dia mas no fim do ciclo económico das mercadorias, ou seja, estabelecendo-se um valor de troca baseado em conhecimento. Trata-se do desafio que os autores promovem sob a consigna “especialistas de todos os saberes, uni-vos!”.
As propostas de «Do Capitalismo para o Digitalismo» representam uma corajosa análise que convida à discussão pública, neste tempo de ultraliberalismo triunfal. A social democracia e o comunismo não podem ignorar que as potencialidades técnicas da sociedade digital convocam formas de reatamento teórico, independentemente das convicções dos autores. Enfim, um ensaio que merece a discussão na praça pública, até porque o digitalismo é irreversível.

BEJA SANTOS

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