Author:
Teresa Pereira da Fonseca
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Date Posted: 00:09:16 07/10/04 Sat
In reply to:
Vítor Dias no "Semanário", 9 de Julho de 2004
's message, ""Mais uma razão"" on 20:00:21 07/09/04 Fri
Parece que outra vez e infelizmente o Vitor Dias vai ter razão. Já na semana passada acertou quando falou nas dessimulações.
Mas como outros já aqui disseram, unidos venceremos e a luta é o caminho!
>"Mais uma razão"
>
>Vítor Dias no "Semanário"
>9 de Julho de 2004
>
>É certo que não faltam boas, sólidas e imperativas
>razões de natureza democrática e de interesse nacional
>para justificar a convocação de eleições antecipadas e
>que, aliás, estão ditas e reditas.
>
>Mas, sendo essas as razões substantivas e decisivas
>que aconselhariam uma tal opção, não podemos deixar de
>acrescentar, em registo exclusivamente pessoal, que
>todo o comportamento do PSD e do CDS-PP neste
>processo, longe de poder ser considerado um pormenor
>acessório e despiciendo, é antes, a diversos títulos,
>uma razão suplementar para que não lhes seja
>satisfeita a desmedida ânsia de se manterem
>tranquilamente no governo como se nada se tivesse
>passado.
>
>Na verdade, o “filme” essencial desse comportamento
>começa em 26 de Junho quando uma bem sucedida operação
>de intoxicação junto dos “media” gizada e inspirada
>pelos “cérebros” da coligação governante coloca a
>opinião pública e as instituições democráticas perante
>a ideia de um facto consumado – a saída de Durão
>Barroso para a Europa e a sua “entrega” do cargo de
>Primeiro-Ministro a Santana Lopes – com todos os
>ingredientes de assunto doméstico resolvido dentro das
>quatro paredes do serralho laranja com o alegado
>beneplácito do Presidente da República.
>
>A coisa assumiu tais proporções de arrogância e
>enxovalho ao PR que este, no próprio dia, teve de pôr
>alguns pontos nos iis, recapitular algumas esquecidas
>evidências de natureza funcional e constitucional e,
>reflexamente, tirar o tapete a todos quantos o
>quiseram tratar como subserviente notário de decisões
>e escolhas alheias.
>
>Esta parte da história teve depois novo desdobramento
>quando, perante o Conselho Nacional do PSD, Durão
>Barroso terá voltado à carga com a ideia de que só
>teria aceite o cargo europeu face à garantia ou
>compromisso do PR de que não haveria eleições
>antecipadas. Mas neste domínio, que aliás obrigaria a
>nova rectificação da Presidência da República, mais do
>que conjecturar sobre quem mente, quem se expressou
>mal ou quem ouviu pior, talvez seja mais sensato
>lembrarmo-nos que é da natureza humana que, quando se
>quer muito uma coisa – neste caso, escapar para
>Bruxelas –, é bem provável que só se oiça e valorize o
>que convergir com essa vontade e já nem se oiça, fixe
>e muito menos se conte aos correligionários tudo o que
>complicar a concretização dessa mesma vontade.
>
>Depois, numa exuberante confirmação de que o vezo
>manipulador não poupa nem os da casa, sobretudo se
>perfilham reservas ou objecções face a aspectos da
>manobra desencadeada, vieram as “fugas” de informação
>sobre uma alegada posição apoiante de Cavaco Silva e
>sobre uma suposta retractação de Manuela Ferreira
>Leite no Conselho Nacional do PSD, uma e outra seca
>mas devastadoramente desmentidas pelos próprios.
>
>A seguir, num pequeno mas significativo sinal do
>pensamento reservado dos círculos dirigentes do PSD e
>numa altura em que Santana Lopes ainda falava com
>filigranas de prudência verbal e de comedimento
>político em relação ao PR, tivemos no “Expresso da
>meia noite” da SIC Notícias (em 2/7) o deputado do PSD
>e fiel santanista Henrique Chaves a fechar o programa
>desabafando que o que estava mal era a “demora” e a
>“procissão em Belém”.
>
>Mais à frente, em “oportuna” entrevista à RTP, tivemos
>Santana Lopes já a falar do “meu Governo” e a transpor
>para o plano político aquele conhecido truque do
>cidadão que diz para outro que “eu jamais lhe direi
>alguma coisa mas, se dissesse, teria de dizer que você
>é um grande estupor”.
>
>E, finalmente, máximo desaforo e inesquecível pináculo
>de falta de educação, arrogância e sobranceria,
>tivemos na passada terça-feira a “comunicação ao país”
>ou a palestra de Paulo Portas, à saída da audiência
>com o Presidente da República, a pretender fazer a
>minuciosa demonstração de que nenhuma das “três”
>situações que, em escrito anterior, o PR admitia
>justificarem-se eleições antecipadas correspondia à
>situação actual.
>
>Sendo que, de imediato, teve de passar pela vergonha
>de, segundo foi noticiado, os serviços de Belém terem
>remetido prontamente aos órgãos de comunicação social
>duas outras situações, descritas no mesmo texto do PR,
>que Paulo Portas havia desonesta e interesseiramente
>escamoteado.
>
>Tudo visto, se houver eleições antecipadas, já sabemos
>que grande vai ser a gritaria do PSD propositadamente
>esquecido que por quatro vezes (em 1979, 1985, 1987 e
>2002) reclamou eleições antecipadas e, por via delas,
>acedeu ao governo e que, se tivesse um pouco de
>“fair-play”, devia compreender que é normal e natural
>que alguma vez perca o governo por via de eleições
>antecipadas.
>
>Se não houver eleições antecipadas, para além da
>continuação de uma malfadada política e da vida
>artificial de um governo manchado por uma
>descredibilização originária, não nos admiremos que,
>quando o PR já tiver perdido o poder de dissolução da
>AR, Santana Lopes, repetindo uma cena antiga, venha
>declarar cínica e ofensivamente que o PSD tudo fará
>“para que o Presidente da República possa terminar com
>dignidade o seu mandato”.
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