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Subject: É claro que tem razão.


Author:
João Laveiras
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Date Posted: 00:26:53 07/10/04 Sat
In reply to: Teresa Pereira da Fonseca 's message, "Re: "Mais uma razão"" on 00:09:16 07/10/04 Sat

Claro que o Vítor Dias tem toda a razão neste seu artigo
Mas, para bem da unidade de todos, não vale forçar a nota.
Todos unidos contra a extrema direita populista e contra o Américo Thomaz II.

>
>Parece que outra vez e infelizmente o Vitor Dias vai
>ter razão. Já na semana passada acertou quando falou
>nas dessimulações.
>
>Mas como outros já aqui disseram, unidos venceremos e
>a luta é o caminho!
>
>>"Mais uma razão"
>>
>>Vítor Dias no "Semanário"
>>9 de Julho de 2004
>>
>>É certo que não faltam boas, sólidas e imperativas
>>razões de natureza democrática e de interesse nacional
>>para justificar a convocação de eleições antecipadas e
>>que, aliás, estão ditas e reditas.
>>
>>Mas, sendo essas as razões substantivas e decisivas
>>que aconselhariam uma tal opção, não podemos deixar de
>>acrescentar, em registo exclusivamente pessoal, que
>>todo o comportamento do PSD e do CDS-PP neste
>>processo, longe de poder ser considerado um pormenor
>>acessório e despiciendo, é antes, a diversos títulos,
>>uma razão suplementar para que não lhes seja
>>satisfeita a desmedida ânsia de se manterem
>>tranquilamente no governo como se nada se tivesse
>>passado.
>>
>>Na verdade, o “filme” essencial desse comportamento
>>começa em 26 de Junho quando uma bem sucedida operação
>>de intoxicação junto dos “media” gizada e inspirada
>>pelos “cérebros” da coligação governante coloca a
>>opinião pública e as instituições democráticas perante
>>a ideia de um facto consumado – a saída de Durão
>>Barroso para a Europa e a sua “entrega” do cargo de
>>Primeiro-Ministro a Santana Lopes – com todos os
>>ingredientes de assunto doméstico resolvido dentro das
>>quatro paredes do serralho laranja com o alegado
>>beneplácito do Presidente da República.
>>
>>A coisa assumiu tais proporções de arrogância e
>>enxovalho ao PR que este, no próprio dia, teve de pôr
>>alguns pontos nos iis, recapitular algumas esquecidas
>>evidências de natureza funcional e constitucional e,
>>reflexamente, tirar o tapete a todos quantos o
>>quiseram tratar como subserviente notário de decisões
>>e escolhas alheias.
>>
>>Esta parte da história teve depois novo desdobramento
>>quando, perante o Conselho Nacional do PSD, Durão
>>Barroso terá voltado à carga com a ideia de que só
>>teria aceite o cargo europeu face à garantia ou
>>compromisso do PR de que não haveria eleições
>>antecipadas. Mas neste domínio, que aliás obrigaria a
>>nova rectificação da Presidência da República, mais do
>>que conjecturar sobre quem mente, quem se expressou
>>mal ou quem ouviu pior, talvez seja mais sensato
>>lembrarmo-nos que é da natureza humana que, quando se
>>quer muito uma coisa – neste caso, escapar para
>>Bruxelas –, é bem provável que só se oiça e valorize o
>>que convergir com essa vontade e já nem se oiça, fixe
>>e muito menos se conte aos correligionários tudo o que
>>complicar a concretização dessa mesma vontade.
>>
>>Depois, numa exuberante confirmação de que o vezo
>>manipulador não poupa nem os da casa, sobretudo se
>>perfilham reservas ou objecções face a aspectos da
>>manobra desencadeada, vieram as “fugas” de informação
>>sobre uma alegada posição apoiante de Cavaco Silva e
>>sobre uma suposta retractação de Manuela Ferreira
>>Leite no Conselho Nacional do PSD, uma e outra seca
>>mas devastadoramente desmentidas pelos próprios.
>>
>>A seguir, num pequeno mas significativo sinal do
>>pensamento reservado dos círculos dirigentes do PSD e
>>numa altura em que Santana Lopes ainda falava com
>>filigranas de prudência verbal e de comedimento
>>político em relação ao PR, tivemos no “Expresso da
>>meia noite” da SIC Notícias (em 2/7) o deputado do PSD
>>e fiel santanista Henrique Chaves a fechar o programa
>>desabafando que o que estava mal era a “demora” e a
>>“procissão em Belém”.
>>
>>Mais à frente, em “oportuna” entrevista à RTP, tivemos
>>Santana Lopes já a falar do “meu Governo” e a transpor
>>para o plano político aquele conhecido truque do
>>cidadão que diz para outro que “eu jamais lhe direi
>>alguma coisa mas, se dissesse, teria de dizer que você
>>é um grande estupor”.
>>
>>E, finalmente, máximo desaforo e inesquecível pináculo
>>de falta de educação, arrogância e sobranceria,
>>tivemos na passada terça-feira a “comunicação ao país”
>>ou a palestra de Paulo Portas, à saída da audiência
>>com o Presidente da República, a pretender fazer a
>>minuciosa demonstração de que nenhuma das “três”
>>situações que, em escrito anterior, o PR admitia
>>justificarem-se eleições antecipadas correspondia à
>>situação actual.
>>
>>Sendo que, de imediato, teve de passar pela vergonha
>>de, segundo foi noticiado, os serviços de Belém terem
>>remetido prontamente aos órgãos de comunicação social
>>duas outras situações, descritas no mesmo texto do PR,
>>que Paulo Portas havia desonesta e interesseiramente
>>escamoteado.
>>
>>Tudo visto, se houver eleições antecipadas, já sabemos
>>que grande vai ser a gritaria do PSD propositadamente
>>esquecido que por quatro vezes (em 1979, 1985, 1987 e
>>2002) reclamou eleições antecipadas e, por via delas,
>>acedeu ao governo e que, se tivesse um pouco de
>>“fair-play”, devia compreender que é normal e natural
>>que alguma vez perca o governo por via de eleições
>>antecipadas.
>>
>>Se não houver eleições antecipadas, para além da
>>continuação de uma malfadada política e da vida
>>artificial de um governo manchado por uma
>>descredibilização originária, não nos admiremos que,
>>quando o PR já tiver perdido o poder de dissolução da
>>AR, Santana Lopes, repetindo uma cena antiga, venha
>>declarar cínica e ofensivamente que o PSD tudo fará
>>“para que o Presidente da República possa terminar com
>>dignidade o seu mandato”.

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