Subject: algumas achas para debate |
Author:
Luís Carvalho
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Date Posted: 00:04:49 07/11/04 Sun
In reply to:
João Lopes
's message, "Re: Sampaio tomou uma decisão correcta e corajosa? Não" on 19:57:37 07/10/04 Sat
Apenas algumas achas para este debate:
Fernando Redondo tem muita razão em apelar a uma maior modéstia e serenidade por parte da esquerda. E a menos imediatismo.
A decisão de Jorge Sampaio não teve, a meu ver, nada de especialmente corajoso ou cobarde.
Pessoalmente, claro que desejo a direita fora do poder o mais rapidamente possível e aí substituída por uma alternativa à esquerda.
Mas...
João Lopes diz bem. Quem deu, directamente, a oportunidade (e a legitimidade) ao PSD e ao CDS/PP de governarem em coligação durante a presente legislatura foi o povo nas eleições de 2002. Ora, como estipula a Constituição da República, o povo é soberano. E soberanamente distribuiu uma maioria absoluta entre o PSD e o CDS/PP com um prazo de validade de 4 anos.
As eleições para o Parlamento Europeu foram precisamente isso: eleições para o Parlamento Europeu.
Não temos em Portugal um mecanismo que permita ao eleitorado demitir um governo a meio do mandato. Tal existe por exemplo, na Califórnia, onde foi recentemente levado à prática e ditou a saída do governador em funções e a sua substituição pelo actor Arnold Schwazneger. Tal existe também na Venezuela, fruto da revolução bolivariana liderada por Hugo Chavez, e vai ser levado à prática no próximo mês.
Seria bom termos em Portugal um mecanismo assim? Mas não temos.
Fernando Redondo tem muita razão ao manifestar-se siderado por algumas reacções à decisão do presidente, em considerar um autêntico tiro no pé a forma como muita gente à esquerda está a reagir. Em deduzir da demissão que Ferro Rodrigues que este estava à espera de um favor de amigo...
Caríssimo João Lopes, como partido mais votado, é claro que coube ao PS a maior responsabilidade pela não rentabilização da maioria de centro-esquerda então existente na Assembleia da República. Teve medo da direita e a ela foi cedendo.
Mas não apaga isso o pouco empenho e a postura maximalista do Bloco de Esquerda e principalmente do PCP nas suas condições para viabilizarem o governo de Guterres.
Sobre o PCP... eu estava lá... lembro-me, por exemplo, de uma reunião da Direcção Regional de Santarém do PCP. Onde um membro da Comissão Política do Comité Central levou a minimização do perigo de regresso da direita ao poder ao ponto de dizer que o PSD até tinha perdido votos nas eleições autárquicas... tentando apagar os votos de coligações lideradas pelo PSD em concelhos como Lisboa ou Cascais...
A direcção do PCP foi cega face à possibilidade de regresso da direita ao poder. E acusou de traição aqueles militantes do PCP que apelaram, não no abstracto mas no concreto e em tempo útil, a uma convergência à esquerda.
No momento presente nenhum dos três principais partidos do campo centro-esquerda (PS, PCP e BE) assumiu uma autocrítica pela sua postura na anterior legislatura. E só muito vagamente falam na possibilidade de uma convergência à esquerda. Apenas o Movimento de Renovação Comunista tem tido o mérito de defender claramente uma convergência à esquerda.
Haver agora eleições antecipadas seria um golpe de sorte. A não concretização desta possibilidade nada tem de dramático. O combate ao governo de direita e a construção de uma alternativa à esquerda não podem estar dependentes de golpes de sorte!
Tal como previsto inicialmente (em 2002), a luta continua. E não contra Jorge Sampaio mas contra o PSD e o CDS/PP.
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