VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 123456789 ]
Subject: Uma oportunidade perdida


Author:
Carlos Carvalhas, Secretário-geral do PCP
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 19:30:12 07/12/04 Mon

Convívio de Mulheres CDU/Porto

Intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-geral do PCP
Arcos de Valdevez, 11 de Julho de 2004

Uma oportunidade perdida

Este nosso convívio decorre depois da grave decisão do PR dar nova vida a uma coligação, que tinha sofrido uma estrondosa derrota eleitoral, num quadro de um profundo descontentamento que percorre o país, com uma política desgraçada, injusta e errada, e depois do abandono do Primeiro Ministro, que tinha jurado cumprir a legislatura.

A profunda insatisfação, o descontentamento a frustração e a revolta com a decisão do PR, designadamente daqueles que mais têm sido atingidos pelas políticas da direita, entre os quais se encontram na primeira fila as mulheres, são perfeitamente compreensíveis e justificadas.

O PR, no nosso ordenamento constitucional, não é uma rainha de Inglaterra, nem pode sê-lo de facto, a coberto de muita retórica ética de esquerda, de promessas de vigilância e de discursos sem conta, sem qualquer efeito concreto.

Não chega dizer-se que “há mais mundo para além do défice”, ou criticar o “pacto de estabilidade quando já todos o criticavam”, ou chocar-se com a situação dos mais desfavorecidos, quando depois, no concreto, na hora da verdade, se dá uma legitimidade acrescida, um novo fôlego àqueles que estavam condenados pelo povo, e que foram os responsáveis pela mais grave recessão da economia portuguesa e responsáveis pelo sofrimento sem conta de milhares e milhares de famílias.

Não tem grande significado pratico mostrar-se preocupado com os centros de decisão nacionais e depois dar luz verde a todas as privatizações, que paulatinamente vão caindo nas mãos de estrangeiros, transformando o nosso país, cada vez mais, numa região da península, com uma independência formal.

Nem constrange ninguém dizer-se que “mantém o poder” de dissolver a Assembleia da República, quando se perde uma oportunidade de ouro para interromper a acção de um governo desacreditado e desgastado, dando a palavra ao povo soberano, para decidir do rumo e soluções necessárias.

A luta continua camaradas

Nesta ocasião dizer que se mantêm intactos todos os poderes constitucionais...cheira a tiro de pólvora seca. O PSD até já se dá ao luxo de afirmar que desvaloriza os avisos de Sampaio.

A direita já percebeu que, em relação à “bomba atómica”, só lhe basta ter paciência. E que as ameaças de vigilância valem tanto como a vigilância feita às negociatas com as privatizações, ao subsídio de doença, ao código laboral, à dita consolidação orçamental e, com a sua arrogância, quando chegarem os seis meses fatais, em que já nem a ameaça da bomba atómica pode ser usada, se houver alguma veleidade de contestação, dirá como Cavaco: “Tudo faremos para que o Sr, Presidente da República termine o seu mandato com dignidade.”

A mais clara resposta que o PR teve à sua decisão incompreensível e impeditiva da clarificação que, a todos os títulos, se impunha, está nos elogios encomiásticos de João Jardim .

Para já, a decisão do PR provocou a demissão de Ferro Rodrigues e é para nós muito claro que, se se fala em termos de derrotas e vitórias, o que podemos dizer é que, objectivamente, a voz dos grandes interesses falou mais alto que a voz dos trabalhadores e do povo, que a voz dos grandes grupos económicos falou mais alto do que a voz dos sindicatos e dos micro, pequenos e médios empresários.

Mas, se de derrota se quer falar, quem sai derrotado desta decisão é a democracia, é o regime democrático, é a rectificação de uma política desgraçada, é o PR na sua relação com os que mais sofrem, na sua relação com os democratas, na sua relação com a esquerda consequente..

O Presidente vai continuar a ter à sua volta os cortesãos, os louvaminhas, mas a sua credibilidade foi profundamente atingida. O futuro mostrar-nos-à em que é que se traduz, no concreto os avisos e a vigilância do PR.

A mobilização popular necessária para vencer a crise, relançar a economia em bases sólidas, rectificar a legislação inaceitável e abrir uma porta de esperança, sofreu um revés.

O Primeiro Ministro indigitado, tal como fez o comparsa da Defesa, vai agora pôr a máscara de uma posição de Estado, encenar a humildade, o rigor e a competência, com a mesma pose com que o outro falava dos remédios, da lavoura e dos velhinhos. Ambos vão pôr o contador a zero, como se o governo fosse novo, como se não fossem a continuação do anterior, como se não tivessem qualquer responsabilidade, e para esta metamorfose lá estarão os brasileiros e americanos da propaganda, já treinados no “Lisboa está mais bonita” ou “Estamos a modernizar Lisboa”.

Perdeu-se uma oportunidade de rectificar legislação reaccionária e de regressão social e democrática.

Perdeu-se uma oportunidade de se alcançar uma nova maioria e com ela dar resposta ao drama e ao flagelo do aborto clandestino, e à perseguição e criminalização das mulheres.

Perdeu-se uma oportunidade de alterar a política económica que vai condenar o país pelo menos em 2004 e 2005 a continuar a afastar-se do crescimento médio da UE, quando Durão Barroso tinha prometido que com ele o país cresceria sempre dois pontos acima da média da UE.

Perdeu-se uma oportunidade de se dar combate efectivo ao desemprego, ao trabalho precário, aos baixos salários e à política de concentração de riqueza.
Perdeu-se esta batalha, mas a luta continua. Disso podem ter a certeza Santana, Portas e companhia.

Este governo derrotado e desacreditado, este governo do desemprego, da precariedade, da pobreza, da acentuação das desigualdades, das concepções reaccionárias sobre as mulheres, sobre a família, sobre os direitos de quem é obrigado a vender a sua força de trabalho, foi premiado.

Não por nós que o desmascarámos e lhe apontámos o cartão vermelho em nome dos trabalhadores e do povo. E o governo de Santana Lopes terá de nós a firme oposição nas instituições e fora delas.

Não cruzaremos os braços, não viraremos as costas ao combate e á mobilização popular. Com confiança vamos para a luta, combatendo todas as medidas que atinjam os trabalhadores, o povo e o país.

O outro foi combatido e derrotado. Na noite das eleições disse que tinha lido os sinais que o povo lhe tinha dado. E quando o Presidente do Grupo Parlamentar do PSD jurava a pés juntos que o Primeiro Ministro nunca quebraria os compromissos que tinha com o povo português, já este estava a fazer as malas para Bruxelas, para o exílio dourado e bem remunerado...

Agora há que continuar a luta.

Nós não nos resignaremos a que o PSD e o CDS prossigam, até Outubro de 2006, a sua obra de destruição e de retrocesso e continuaremos a intervir pela crítica, pela proposta e pela mobilização das massas, para que, tão cedo quanto possível, seja posto termo à existência do governo de direita e, por vontade dos portugueses, conquistado um outro caminho, que dê resposta aos problemas, que leve à prática a igualdade de direitos das mulheres, que promova a justiça social, que abra os caminhos do progresso de Portugal, numa Europa de paz e de cooperação.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Replies:
Subject Author Date
Re: Uma oportunidade perdidaJosé Manuel Faria20:30:02 07/12/04 Mon


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.