Subject: 3 pergunstas a João Semedo |
Author:
Comunistas info
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Date Posted: 21:30:48 07/12/04 Mon
3 perguntas a João Semedo
1. Achas que, ao fim destes anos, se verifica que afinal a esquerda elegeu
um Presidente ás direitas?
Não tenho essa opinião. A esquerda que elegeu e reelegeu Jorge Sampaio votou
num programa e num compromisso presidencial democrático e que traduz uma
leitura à esquerda da nossa arquitectura político-constitucional. Foram
votos num candidato que se bateu contra os candidatos da direita. Nesse
sentido, não me parece que devamos sentir qualquer arrependimento mesmo
quando, como acontece agora e com particular gravidade, o presidente eleito
pela esquerda se comporta como um presidente ás direitas. Ao longo dos seus
dois mandatos Jorge Sampaio, por diversas vezes, dificultou e entravou
determinados desígnios da direita. No entanto, é igualmente verdade, que
nestes dois últimos anos, a sua acção poderia ter sido bem mais dinâmica e
determinada contra algumas políticas governamentais que chocam violentamente
contra os direitos e interesses dos portugueses e contra valores e
princípios consagrados na Constituição, como foram exemplo, a revisão do
código laboral, a reforma da administração pública, a política anti-SNS, o
alinhamento com a administração norte-americana na guerra contra o
Iraque,etc... Sampaio tem deslizado para a direita e esta decisão de dar uma
nova oportunidade à coligação PSD-CDS/PP é um momento nesse percurso.
Veremos, no futuro próximo, se Jorge Sampaio retoma e reassume o seu
primeiro e mais nobre compromisso, enquanto presidente, para com o país e os
portugueses: a defesa de políticas democráticas e constitucionais.
2. Achas que a posição de Jorge Sampaio arrumou a questão das eleições
antecipadas ou achas que lutar por elas continua na ordem do dia?
Não é preciso muita imaginação para antecipar o crescimento da tensão social
e política com a entrada em funções do governo Santana Lopes. Presumo,
igualmente, o agravamento da própria conflitualidade e instabilidade entre
instituições e órgãos de soberania. Mais cedo do que tarde, será evidente a
incapacidade da direita e da extrema direita governarem o país e de
resolverem os problemas nacionais e dos portugueses que não pararão de agravar-se.
É o que podemos esperar quer da tão falada continuidade das
políticas governamentais quer dos inevitáveis excessos populistas e
demagógicos de um governo chefiado por um primeiro-ministro de casino. Nesse
caso, acabará por impor-se a necessidade de demitir o governo e convocar
eleições.
3. Achas que a decisão de Sampaio tinha por objectivo subjacente impedir
Ferro Rodrigues de chegar a 1º ministro?
Se Sampaio tivesse feito o que devia, isto é, permitir que fossem os
portugueses a decidir da saída para a crise aberta pela fuga de Durão
Barroso, convocando eleições legislativas, o PS teria grandes hipóteses de
ganhar essas eleições e, em consequência, de formar governo fosse em que
modelo fosse, sozinho ou com o apoio de outras forças de esquerda. Não
seria de estranhar que Ferro Rodrigues fosse o primeiro-ministro desse
governo ou, em alternativa, qualquer outro destacado dirigente socialista.
Objectivamente, a decisão de Sampaio deu o prémio a Santana Lopes e à
direita e impediu a esquerda e o PS de irem a jogo. É caso para dizer ou
pensar que, com amigos destes, o PS e Ferro Rodrigues podem dispensar os
inimigos. Ao optar por Santana Lopes, o presidente não só inviabilizou a
expectativa socialista de voltar a governar como também fragiliza e
descredibiliza o PS na sua acção como maior partido da oposição. Mesmo que
Ferro Rodrigues não se tivesse demitido, tem de reconhecer-se que,
objectivamente, a decisão de Jorge Sampaio acabou por interferir na
actividade e na vida interna do PS.
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