Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 01:02:13 07/13/04 Tue
In reply to:
Luís Carvalho
's message, "Que Fazer?" on 22:55:14 07/12/04 Mon
Que fazer?
Como esta expressão, que não era de Lenine, mas que ele popularizou, ainda hoje nos desperta o desejo de juntar alguns conceitos e propor algumas linhas de acção!
É evidente que o inimigo principal não é o Jorge Sampaio, mas é bom que não branqueemos a sua acção e a analisemos no contexto das medidas gravosas que dela resultam. Penso, por isso, que ainda é indispensável a sua crítica e denuncia.
Mas falemos agora do futuro da alternativa de esquerda.
Uma das coisa que se verificaram com a vitória da direita nesta crise foi que esta achou, ou os seus comentadores por ela, que era necessário, com a demissão de Ferro Rodrigues, o PS fazer uma inflexão de rumo, abrir, neste momento, o seu espaço ao centro, abandonando quaisquer veleidades de ligação à esquerda. É bem significativo de como esta crise, desencadeada a partir de Belém, contribuiu também para tornar mais difícil uma alternativa de esquerda. Hoje, Helena Roseta, na SIC Notícias, com grande clareza, alertava para isto e para o que se estava a preparar no PS para o levar para o Centro e para as águas mornas do Bloco Central.
Nesse sentido, quando o Luís de Carvalho defende que hoje a alternativa não será de esquerda mas de centro esquerda, eu tremo, porque oiço o som mavioso dos comentadores de direita a tentarem arrastar o PS para o centro.
Que queremos, quando hoje falamos de uma alternativa de esquerda, provavelmente não mais do que aquilo que propõe, simplesmente pôr de acordo, tornar governável essa alternativa é hoje um trabalho hercúleo, pois presentemente as diferentes esquerdas têm objectivos e preocupações eleitorais bastante diferentes. Não me compete a mim, ao falar de alternativa de esquerda, começar a atacar as outras forças, mas a vontade de aproximação é neste momento mínima.
Simplesmente, este desejo de criar uma alternativa de esquerda e de verificar a sua dificuldade, não nos pode impedir de lançar pistas , de caminhar na abertura de novos paradigmas e, nesse sentido, em trabalhos futuros gostaria de abordar estas minhas preocupações.
Assim, e desde já, gostaria de afirmar que Portugal não é uma ilha. Hoje as alternativas à esquerda passam também por aquilo que na Europa se pensa da esquerda, das possibilidades de reversão das situações. Por isso a nossa participação no Partido da Esquerda Europeia, a nossa inserção naquela Europa que caminha para o progresso e para as tentativas de transformação social é tão importante.
Hoje, cada vez mais, o problema não é só a aliança das forças sociais do progresso é igualmente a conquista da hegemonia cultural e ideológica por essas forças. E isto é um trabalho paciente, aquilo a que Gramsci chamava a "guerra de posição".
Por isso, para lá das situações conjunturais, que determinam alterações na correlação de forças, tornando o trabalho mais fácil ou mais difícil consoante os casos, há um trabalho de fundo, paciente, de toupeira, como diria o Zeca Afonso, que progressivamente vá permitindo reverter a nosso favor o domínio cultural e ideológico que a direita, o capitalismo e o imperialismo exercem na sociedade.
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