Subject: Re: Do Desenvolvimento individual... |
Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 12:25:03 03/22/04 Mon
In reply to:
Gonçalo Valverde
's message, "Da soberania do corpo" on 17:45:51 03/19/04 Fri
>Se é impossível compreender a história a partir de um homem abstracto ou de indivíduos colocados em primeiro plano , quando estes são sempre , como diz Marx "produzidos pelas circunstâncias " , em contrapartida, o estudo das relações sociais não só não proìbe como até obriga a que se volte aos seus efeitos sobre as vidas individuais e as personalidades que nelas se produzem , até elas poderem ser , numa medida históricamente muito variável e em condições bem determinadas ,actores da sua história. Marx esclarece , sempre que tem ocasião disso ,qual é o resultado para os indivíduos das lógicas inerentes às relações sociais, desde a indicação das formas mistificadas da consciência que são inseparáveis das relações comerciais, até à da liberdade efectiva que permitirá uma enorme redução do tempo de trabalho.
Portanto , não só a mais estrita fidelidade ao marxismo não exclui a preocupação teórica com o indivíduo como ainda, segundo me parece ,não se consegue compreender nada do materialismo histórico se o amputarmos deste significado antropológico global - "A história social dos homens é sempre apenas a história do seu desenvolvimento individual" ,lê-se na carta a Annenkov em que Marx resumia os ensinamentos da "Ideologia Alemã".
Não se pode confundir desastrosamente a aspiração à individualidade autónoma com arrogância do individualismo concorrencial ,e pior ainda , suspender toda a emancipação pessoal até à conquista do poder e à socialização da economia , ao ponto de tratar como secundárias manobras de diversão , lutas como o feminismo e o direito das mulheres ,sempre nos quadros que a lei estime ,a disporem do seu corpo .
Prestar contas à sociedade !? Sem comentários...
Não posso concordar com o argumento da soberania do
>corpo nesta questão, ou em qualquer outra questão que
>envolva razões de saúde pública. É certo que não sou
>médico e como tal um leigo na matéria, mas a
>argumentação da soberania do corpo parece-me a mim que
>contradiz o facto de sermos seres sociais, ou seja que
>vivemos em sociedade. Aliás, se os meus parcos
>conhecimentos na matéria não me enganam, esta é uma
>das bases do pensamento marxista.
> Ora enquanto seres sociais não nos podemos dissociar
>do impacto que as nossas acções têm na sociedade em
>que estamos inseridos, e a aplicação do "principio de
>soberania do corpo" parece-me entrar em conflito com
>essa questão. Porque levado ao extremo o argumento da
>soberania do corpo então seria defensável que a mulher
>no último dia da gravidez pudesse abortar, o que me
>parece um contrasenso, pois parece-me que moralmente a
>diferença entre esse acto e o acto de matar o bebé
>depois do seu nascimento é minimo. Mesmo
> Por outro lado, numa sociedade diferente, em que os
>cidadãos tivessem toda a informação ao seu dispor
>sobre métodos contracepcionais, que os mesmos
>estivessem acessiveis gratuitamente, e que fosse
>disponibilizada todo o apoio para as mães durante o
>periodo da gravidez e periodo posterior, não me parece
>defensável o aborto exceptuando nos casos da
>existência de impactos para a saúde fisica e ou
>psiquica da mãe.
> Ora a posição transmitida pelo BE (e já anteriormente
>pelo PSR) é que em qualquer instância o aborto deveria
>ser uma opção e que o mesmo poderia até ser comparado
>a um método contracepcional.. pelo menos foi essa a
>imagem com que fiquei quando vi o famoso cartaz da mão
>a tapar a vagina, ligando a sexualidade com o aborto,
>ligação essa que não me parece de todo válida.
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