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Date Posted: 01:02:29 11/22/04 Mon
Author: Ângela
Subject: Resumo nº 14 - Semana de 22 nov a 26 nov

Resumo nº 14 – CAMERON Deborah, Verbal Hugiene for women: Linguistics misapplied? In Applied Linguistics, vol 15, no 4, dec, 1994
Ângela Spesiali Aroeira

O propósito do artigo de Cameron é discutir as bases teóricas em que se assentam os pressupostos para treinamento e aprimoramento da capacidade feminina de se comunicar tanto pessoal quanto profissionalmente, em público ou em espaços privados. Treinar e aprimorar pressupõem um estado inicial distante do ideal, o que para Cameron atesta o viés androcêntrico e etnocêntrico da questão. Aos esforços de levar a prática de uma linguagem melhor, esteticamente mais desejável e eficiente Cameron denominou de Higiene Verbal. Em suas palavras: “ This term is intended to encompass a diverse set of activities linked by the idea that some ways of using language are functionally, aesthetically, or morally preferable to others”(p.383). Sem questionar se a linguística aplicada deve ou não se envolver em temas como a higiene verbal, a autora critica os trabalhos dos lingüistas no que respeita o treinamento em comunicação para mulheres.
Sobre o método: De acordo com ela, pesquisadores da linguagem e do gênero, a exceção de Henley(1978), e Crawford têm pouco sobre teoria, metodologia ou efetividade desses treinamentos. Cameron utiliza dois tipos de fonte de dados: (a) manual de treinamentos e seus derivados publicados em revistas dirigidas ao público feminino, livros de auto-ajuda, etc; (b) entrevistas informais com 16 mulheres sobre suas experiências de treinamento.
Background histórico sobre higiene verbal para mulheres: Linguagem e gênero tornou-se área de interesse, na década de 70, e a partir de então o comportamento real de homens e mulheres e as normas prescritas para estes, não só por especialistas como por truísmos populares tornaram-se objeto de análise. Na Idade Média, por exemplo, já havia registro de conselhos para as mulheres quando estas se expressassem (Armstrong e Tennenhouse, 1987). No séc XVIII, as mulheres eram aconselhadas a restringir sua fala ao ambiente privado doméstico, cultivar a habilidade de ouvir e ceder à fala masculina. Conforme os estudiosos essas prescrições “vigoraram” até os anos 50. Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o movimento feminista em geral, as mulheres passaram a buscar treinamentos especializados para conquistarem, entre outras coisas, a habilidade masculina de se expressar, garantidas pela ideologia da Equal Amendment. De acordo com a ideologia vigente, o modo de falar das mulheres era demasiadamente feminino e seu baixo desempenho feminino era resultado também desse “handicapp” – “ women as a group [...] are likely to lack confidence and skill in the communicative tasks of public and professional life”(p.384) Cameron questiona esta visão a partir de uma perspectiva política: é mais fácil para as corporações atribuir as dificuldades das mulheres ao nível individual do que ao nível de parâmetros culturais e determinantes estruturais como a responsabilidade pela criação de filhos, cuidado com a casa, etc. A outra perspectiva diz respeito a questões empíricas e teóricas. Quais são as evidências que permitem afirmar que todas as mulheres apresentam comunicação inadequada em contextos profissionais? Que evidências sustentam que o TA (treinamento de assertividade) é a solução para corrigir a inadequação?
A Racional para treinamento: Pressuposto de as mulheres, como grupo, foram socializadas para utilizar certo tipo de linguagem que é inadequado a lugares públicos e profissionais
Assertividade: para trazer confiança, para buscar seus direitos e respeitar os direitos dos outros. A competência social está baseada no “Modelo dos Direitos”, e fortemente associada ao movimento feminista que atribuía a incompetência feminina tanto a causas estruturais quanto a socialização sexista da mulheres.
Diferenças de gênero-O modelo de deficit: Lackoff postulou dois estilos de fala: a linguagem neutra, utilizada pelos homens e algumas vezes por algumas mulheres e a linguagem das mulher (WL). Este estilo, marcadamente feminino é menos direto e menos impositivo; utiliza muitos intensificadores, qualificativos, tag questions, e elevação da entonação nas declarações; uso exagerado de expressões de polidez, evita termos rudes, fazendo uso de um vocabulário específico do gênero com adjetivos vazios, resultante de pressões normativas em direção a um ladytalking. Lackoff apresenta ainda o dilema pelo qual as mulheres passam: as mulheres com o ladytalking são consideradas inseguras, evasivas e indecisas, mas se assumem uma postura mais direta e mais assertiva correm o risco de serem consideradas pouco femininas. Embora feminista Lackoff adota em seu trabalho uma posição sexista. WL é inadequada e o TA servirá para preencher essa lacuna.
Ao analisar material de treinamento em assertividade para mulheres Tannen extrai três conclusões: (1)os fundamentos empíricos nos quais sebaseiam os treinamentos partem de uma hipotética, não real, homogeneidade entre mulheres e sua diferenciação dos homens; (2) ainda que a WL reflita alguma verdade sobre o estilo feminino, conselhos para falar diretamente sempre soam bizarros na perspectiva sociolingüística, desconsiderando como funciona de fato a comunicação face a face; (3) mesmo que se considere o falar diretamente como o modo correto de falar esta posição é androcêntrica e etnocêntrica. Julgar a fala das mulheres segundo parâmetros masculinos é no mínimo um equívoco e no máximo preconceituoso.
Gênero e generalizações: os treinamentos baseiam-se em casos anedóticos, alegorias, e não em dados empíricos significativos.
A sociolingüística da diretividade: Falar direto, bald on the record (Brown e Levinson) de certa forma pode resultar em violação das regras da polidez. “Since all face-to-face interaction has an affective or interpersonal dimension as well as an informational one, politeness cannot be avoided without giving serious offence. [Thus] the style recommended in training manuals is both peculiar in principle and remote from what competent speakers routinely produce in practice.
The sexual politics da diretividade – dominância e diferença. Ao invés do modelo de déficit esta perspectiva aponta a WL como resultado de sua posição subordinada frente ao sexo masculino – Modelo da dominação. O uso de desculpas, de tag questions e expressões minimizadoras de posturas impositivas refletiriam essa subordinação, é o Modelo da Dominação. Penélope Brown (1980) e Janet Holmes (1984) e Jennifer Coates (1989) enfatizam a necessidade das mulheres em manter a cordialidade e o fluxo conversacional, mais do que uma dificuldade de se impor – Modelo da Diferença. Há divergências entre teóricos da dominação e diferença. Os primeiros rejeitam a tentativa de definir conflitos entre homens e mulheres na conversação como mal-entendidos simétricos e argumentam que as mulheres desenvolvem aquelas habilidades para enfrentar a desigualdade. Os teóricos da diferença proclamam a igualdade dos estilos de ambos, homens e mulheres, e consequentemente a competência específica a cada um.
O androcentrismo no treinamento de comunicação: Gervasio e Crawford revisam a literatura sobre a avaliação do comportamento assertivo e encontram: (1)Estudos de avaliação confirmam que comportamento assertivo produz reações diferentes de comportamento não assertivo, o que não quer dizer que juízes preferem o comportamento assertivo ao não assertivo; (2) As diferenças de avaliação dependem do gênero do ator que é assertivo: tanto homens como mulheres percebem o comportamento assertivo de mulheres como menos favorável do que o dos homens. Para estes autores a pouca aceitação de comportamento assertivo é explicada pela sociolingüística porque viola as regras da polidez e a máxima do principio da cooperação que sustenta as conversações.
Avaliação dos treinamentos de comunicação: Os treinamentos, além de se basearem em modelos inadequados de interação face a face, (déficit e diferença de gênero) já amplamente rejeitados, não têm objetivos precisos o que dificulta valia-los do ponto de vista de seus benefícios. Informantes disseram sobre o simplismo e ao mesmo tempo consideraram positivos pelo fato de os treinamentos propiciarem encontros sociais, troca de experiências, mais do que competência na comunicação. Para Cameron estes treinamentos reforçam o estereótipo da desigualdade, mais do que promovem esforços para a diminuição desta.

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