Author:
JOSÉ MANUEL FERNANDES
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Date Posted: 16/02/05 19:05:48
In reply to:
Fernando Penim Redondo
's message, "CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS" on 16/02/05 16:50:25
Perguntaram que sacrifícios era necessário fazer. Não responderam. Falaram antes da capacidade de, através do voluntarismo do Estado, criar postos de trabalho. Induzir crescimento. Captar investimento. Como? Ficámos por saber. Porque falar de medidas com efeito a médio prazo - como a qualificação dos portugueses - é fundamental se se disser como, entretanto, conseguimos ultrapassar a próxima legislatura.
O que há para fazer no domínio da criação de empregos? Boas intenções e meros "objectivos" em lugar promessas. Talvez subsídios para os jovens. Ou isenções fiscais para as empresas. Isto é, mais despesa para o Estado. Com que dinheiro? Mais impostos? Vade retrum. Racionalização da máquina do Estado? Com calma, muita calma, e sempre sem despedimentos. Poupar nas despesas correntes? Claro, mas depois de fazer estudos.
Alterar o regime das reformas da segurança social? Nem pensar, asseguraram os mais à esquerda e também o PP. Talvez, depois de se estudar, entaramelou-se José Sócrates. Com respeito pelos direitos adquiridos, actualizando a idade da reforma gradualmente - aí uns quinze, trinta dias por ano, concretizou, a medo, Santana Lopes. E, claro, todos podem optar. Até por causa dos direitos adquiridos...
Saúde? Educação? Todos de acordo nos objectivos: mais qualidade, mais serviços, mais professores, mais médicos, mais... tudo. Já gastamos, proporcionalmente, mais dinheiro na educação para os resultados que obtemos do que os nossos parceiros, mas pouco se falou sobre como gastar o mesmo dinheiro com mais eficiência. Haja antes mais dinheiro...
Mas não há. Pelo contrário: falta dinheiro. E vai faltar mais porque há um conjunto de gastos sociais que vão subir inevitavelmente - com a saúde, com a segurança social - e o crescimento económico, com a actual estrutura produtiva do país, não permite milagres: vai continuar a ser anémico ou, então, malsão porque assente no endividamento e no consumo excessivo.
Esta clareza faltou ontem no debate. Prometeu-se mais depressa o Céu ao virar da esquina do que a necessidade de um esforço colectivo, seguramente penoso, mais difícil e longo do que fácil e rápido. Não se viu uma luz ao fundo do túnel - o que não surpreende, pois olhou-se mais para trás do que para a frente.
De facto, no início prometeu-se falar sobre o futuro, mas passou-se o tempo a falar do passado. Sócrates, Louçã e Jerónimo (enquanto pode) dos últimos três anos: uma tragédia, afiançaram. Santana e Portas dos seis anos anteriores: o pântano, recordaram. A nenhum lhes ocorreu que olhando sobretudo para trás não são capazes de oferecer aos portugueses uma esperança de futuro. E que, assim, por muito estudada que estivesse a lição, robotizado o discurso, melados os olhares, por muito abundantes que fossem os gráficos e surpreendes os trunfos escondidos, no fim poucos portugueses terão resolvido as suas dúvidas. Os que as tinham. E os que os ouviram até ao fim
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