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Subject: Votar pela Negativa


Author:
JOSÉ MANUEL FERNANDES
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Date Posted: 17/02/05 9:02:11
In reply to: Fernando Penim Redondo 's message, "Re: Infantilidade e falta de sentido cívico!" on 16/02/05 18:24:23

Os dois principais debates desta campanha eleitoral - o frente a frente entre Sócrates e Santana e o de anteontem com todos os líderes dos partidos parlamentares - registaram audiências muito elevadas. Significativamente mais elevadas do que os debates de campanhas eleitorais anteriores.

O que é que isso quer dizer? Há duas respostas possíveis. Uma é que os portugueses se interessam mais por política do que habitualmente se julga, o que pode indicar que estarão mais mobilizados para votar do que se pensa. Outra que os portugueses estão mais indecisos do que é habitual e, por isso, mais disponíveis para seguir os debates e tentar encontrar neles algum esclarecimento. Neste último caso, a hipótese de uma grande afluência é menos segura pois não é certo, pelo contrário, que os debates tenham estado à altura das expectativas.

Provavelmente a explicação para o interesse manifestado pelos telespectadores reside algures entre aquelas duas motivações. Ambas, no entanto, reforçam algumas indicações que a campanha, as sondagens e reportagens vistas e lidas um pouco por todo o lado têm vindo a reforçar. A primeira é que existe uma enorme sensação de desconforto com a situação actual, o que potencia a vontade de mudança que muitos sectores do eleitorado manifestam. A segunda é que as propostas políticas capazes de corporizar essa mudança não estão a afirmar-se com a força proporcional ao desejo de romper com o actual estado de coisas. A terceira é que poderá emergir das eleições um panorama político menos polarizado do que o dos últimos anos, isto é, pode registar-se uma menor concentração de votos no PS e no PSD (que têm chegado a captar, em conjunto, cerca de 80 por cento dos votos). Deste fenómeno resultaria uma subida dos pequenos partidos maior do que a esperada (sendo significativo que o debate com todos, um tipo de debate que habitualmente tem audiências baixas, tenha captado a atenção de tantos portugueses durante tanto tempo).

Estes indicadores, longe de mostrar uma eleição totalmente em aberto, parecem indicar que esta eleição será aquela onde, desde o 25 de Abril, mais fortemente se sentirá o peso do voto negativo. Por outras palavras: como sucede muitas vezes nas democracias, os eleitores mais do que escolher uma alternativa em que acreditam, votam para correr com uma maioria que já conhecem. Trocam um melão que já abriram e lhes soube mal por outro que ainda não abriram, de que até podem suspeitar, mas fazendo-o na esperança de que seja menos amargo.

É isto natural? Absolutamente. Como costuma dizer Ralf Darhendorf, uma das características que definem as democracias liberais é que elas, mais do que o regime onde se escolhem os governantes, são a forma de governo que permite ao povo substituir pacificamente os governantes que não deseja que continuem. O que vem depois, para além de ser sempre um melão de características algo desconhecidas, até pode ser um governo com pedaços de vários melões, solução também muito habitual nas democracias parlamentares europeias.

Na situação portuguesa a eventual novidade de a principal motivação de muitos eleitores ser um "voto útil de rejeição" coloca maior pressão sobre quem quer que ganhe as próximas eleições desde que esse alguém não seja o partido do actual primeiro-ministro: é que pode iniciar o mandato em condições de fraca adesão popular, para não dizer de desconfiança antecipada. Em tempos de crise isso tornará ainda mais exigente e difícil o trabalho do futuro executive.

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