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Date Posted: 10:33:28 05/23/05 Mon
Author: Liliane Sade
Subject: Semana 13 - Instrução Formal

Resumo 12 – semana 13

Liliane Assis Sade Resende
Lingüística Aplicada
Profa. Dra. Vera L. Menezes de O. e Paiva
FALE – UFMG

ELLIS, R. A theory of instructed second language acquisition. In: ELLIS, R. SLA research and language teaching. Oxford: Oxford University Press, 1997. p.107 a 133

Neste texto, Ellis procura desenvolver um modelo cognitivo de aprendizagem com base em processos mentais para tentar demonstrar como o aprendiz consegue transformar o conhecimento explícito advindo do ensino formal em conhecimento implícito, bem como, partir de um comportamento controlado para o automático. Para Ellis, esses tipos de conhecimento – explícito e implícito e controlado e automático – não são excludentes. Ao contrário, eles se interceptam em um continuum que permite que as estruturas aprendidas via instrução formal sejam adquiridas pelo aprendiz.Com esse modelo, Ellis assume a posição de interface que aceita que a instrução formal pode levar à aquisição da língua.
Para desenvolver seu modelo, Ellis focaliza o ensino das estruturas gramaticais e os aspectos universais da linguagem, e analisa a relação entre o tipo de aprendizado que ocorre em contextos de sala de aula e os resultados que são esperados a partir desse aprendizado. Ao desenvolver seu modelo, o autor exclui, deliberadamente, os fatores afetivos e sociais que atuam sobre o aprendizado.
Antes de apresentar seu modelo teórico, o autor discorre sobre os tipos de input encontrados em sala de aula. Justificando seus argumentos pelas evidências apresentadas nos trabalhos de Lightbown (1983), Lightbown & Spada (1990), Sharwood Smith (1981), Hatch & Wagner-Gough (1975), Parker & Chaudron (1987), Long (1983) e outros, Ellis propõe que na instrução destinada a ensinar o código lingüístico, as características da L2 são feitas freqüentes de modo artificial em sala de aula. O tipo de input apresentado pelo professor, a forma de correção dos erros, a fonte da explicação (professor, aluno ou livro) e a metodologia usada pelo professor (privilegiando o foco na forma) podem concorrer para que elementos gramaticais sejam salientes para o aprendiz e logo, passíveis de serem notados, comparados e incorporados à sua memória de longo prazo e logo, tornarem-se conhecimento implícito. Ao contrário, a instrução que privilegia as oportunidades de comunicação natural concorre para a saliência de aspectos lingüísticos de forma diferente. Isso acontece via transformação do input com vistas a torná-lo mais compreensível como é o caso da linguagem usada pelo professor em sala de aula (teacher talk) e da negociação de sentido entre alunos-professor e alunos-alunos. Ellis, no entanto, observa que a sala de aula, no geral, não é o ambiente mais propício para a riqueza de input uma vez que a fala do professor é dominante e que o input recebido de colegas é raro e imperfeito. Estes fatores, entretanto, não impedem que o conhecimento explícito trabalhado em sala de aula não possa ser adquirido pelos aprendizes.
A distinção entre conhecimento explícito e implícito, controlado e automático é feita a seguir. O conhecimento explícito é referido na Psicologia Cognitiva como aquele que pode ser analisado (independente de seu uso), é abstrato (assume a forma de uma generalização do comportamento lingüístico), é explicável e consciente. O conhecimento implícito é intuitivo, inconsciente (mas não completamente inconsciente, uma vez que pode ser acessado por intuição, conforme Krashen propôs com o termo “by feel”), pode ser abstrato (o aprendiz tem um conhecimento intuitivo sobre as generalizações embora não saiba mencionar as regras), pode ser de dois tipos: conhecimento de itens discretos (vocabulário) ou conhecimento baseado em regras (sintaxe), é escondido (difícil de se saber como é representado na mente), é manifestado na performance (procedural) e pode se tornar explícito quando o aprendiz, em sua performance, tenta acessar regras e palavras no ato de produção da língua.
A distinção entre processo controlado e automático foi feita primeiramente por Shiffrin & Schneider (1977) e retomada por McLaughlin, Rossman & McLeod (1983) para explicar a aquisição como um processo que parte de um conhecimento cognitivamente mais elaborado para um estágio autônomo de performance. O processamento automático acontece após diversos mapas de representação do input concorreram para a construção de uma resposta específica. Já o processamento controlado acontece pela ativação de nódulos particulares da memória através de um controle atento. Ele requer tempo para ser ativado. Ellis desenvolve argumentos de forma a demonstrar como ambos os processos controlados e automáticos podem ser conscientes ou não (fazendo uso do conhecimento explícito ou implícito) e como ambos os conhecimentos implícitos e explícitos podem ser controlados ou automáticos. O autor critica Krashen por afirmar que o conhecimento explícito não pode ser transformado em implícito. Os trabalhos de O’Malley, Chamot & Walker (1987) e Sorace (1985) são usados para justificar a posição de interface adotada pelo autor. No entanto, Ellis adverte quanto ao risco de se associar o comportamento controlado ao conhecimento explícito e o automático ao implícito. Segundo ele, estes conhecimentos e processos se interceptam em diferentes momentos da aquisição. Tomando os trabalhos de Tarone (1983) e o seu próprio - Ellis (1987), o autor constata, através do estudo da variabilidade lingüística do aprendiz, a processualização do conhecimento implícito. O autor defende uma posição de interface fraca uma vez que, para ele, o conhecimento explícito pode se tornar implícito, apenas quando os aprendizes estão “prontos” para a instrução. Para que o conhecimento explícito possa ser processado e enviado para memória de longo prazo, é necessário que ele possa compará-lo e acomodá-lo ao conhecimento que ele já tem. Sendo assim, o conhecimento prévio do aluno (seja ele o conhecimento de mundo – top-down – ou o conhecimento lingüístico – bottom-up) funciona como um filtro para controlar o que será processado ou não do conhecimento explícito advindo da instrução. Dentro dessa perspectiva, o valor da instrução formal é o de ajudar os aprendizes a desenvolverem controle sobre o conhecimento (implícito ou explícito) que eles já têm.
Tomando os quatro sentidos do conceito “conhecimento explícito” de Schmidt (1990, 1994) – conhecimento intencional, atentivo, consciente e controlado, Ellis apresenta seu modelo cognitivo para explicar a aquisição desde o input de estruturas lingüísticas (conhecimento explícito) até sua incorporação à interlíngua do aprendiz (conhecimento implícito). Para Ellis, o processamento do input do conhecimento explícito em conhecimento implícito (aquisição) envolve dois estágios: o primeiro é a percepção (pela freqüência, saliência ou importância) de determinado aspecto da língua. Este comportamento é consciente e pode ser induzido por uma série de fatores. Nessa fase, o input se transforma em intake quando ele é processado na memória curta. O segundo estágio é quando o conhecimento prévio do aprendiz interage com o novo via comparação e criação de hipóteses, e o conhecimento novo é processado e integrado à interlíngua do aprendiz (e armazenado na memória longa). Para que essa comparação possa ser efetivada é necessário que o aprendiz esteja “pronto”, ou seja, que o estágio em que seu conhecimento prévio se encontra o habilite a formar hipóteses com relação ao conhecimento novo. Sendo assim, a transformação do conhecimento explícito em implícito se dá mediante três processos: percepção (noticing), comparação e integração.
Para automatizar o conhecimento adquirido, Ellis sugere que sejam necessários diferentes tipos de prática de acordo com o tipo de conhecimentos (explícito ou implícito) envolvidos. No caso do conhecimento implícito, a prática deve operar sob condições reais de uso da língua. Já o conhecimento explícito é automatizado via prática gramatical controlada.
Ao desenvolver seu modelo, Ellis aborda também o papel fundamental de outros tipos de conhecimento, tais como o conhecimento de mundo que habilita os aprendizes a inferirem significados e compõem a competência estratégica do aprendiz que facilita a comunicação fluente e o uso da língua materna (L1). Quanto a esse último fator, Ellis sugere que a transferência lingüística deva ser vista como positiva a contribuir para o processo de construção do conhecimento implícito e não como um fator inibidor do uso da língua alvo.
Finalmente, Ellis aborda o papel da produção do aprendiz – output. Com base no trabalho de Swain (1985), o autor aborda a importância do output a contribuir para a percepção de falhas na compreensão e como Krashen argumenta, a contribuir para auto-input. Para tanto, a negociação que ocorre na interação é fundamental. Um último fator interessante observado por Ellis é que o aprendizado só acontece quando o aprendiz percebe uma falha em sua compreensão e fica atento ao input para superá-la. Por essa lógica não é a compreensão em si mesma que facilita o aprendizado e sim a falta dela.

LARSEN-FREEMAN, D; LONG, M.H. Instructed second language acquisition. In: LARSEN-FREEMAN, D; LONG, M.H. An introduction to second language acquisition research. London: Longman, 1991. p.299-331

O texto de Larsen-Freeman & Long faz uma revisão teórica de diversos estudos realizados com o intuito de averiguar os efeitos da instrução formal sobre a SLA. Estes estudos visaram à observação desses efeitos sobre a rota e ritmo de desenvolvimento na interlíngua e sobre o grau máximo de proficiência atingido pelos alunos em ambientes de instrução formal e de aquisição natural.
Na primeira parte do texto (8.2), os autores apresentam os resultados das primeiras pesquisas relativas ao efeito da instrução formal e suas implicações. Essas pesquisas, realizadas no final da década de 60 e meados dos anos 70, época em que os métodos de ensino tradicionais, baseados no Behaviorismo e neo-Behaviorismo dominavam a prática pedagógica, foram influenciadas pela emergente corrente teórica mentalista proposta por Chomsky. Larsen-Freeman & Long apontam o resultado geral das pesquisas realizadas sobre a aquisição de morfemas que evidenciaram o caráter inato e universal do desenvolvimento lingüístico. Evidências do universalismo foram descritas em diversos trabalhos, tais como o trabalho pioneiro de Dulay & Burt (1977), o modelo teórico de Krashen (1982), os estudos de Felix & Simmet (1981) e de Wode (1981). Todos esses trabalhos enfatizam que a instrução formal, ou o foco na forma, não tem efeitos expressivos sobre a aquisição. A implicação pedagógica advinda daí foi o desenvolvimento de métodos, como o “Natural Approach” (originalmente criado por Terrel e desenvolvido por este e Krashen) que rejeitam o foco na forma e advogam a favor de uma abordagem naturalística. Além disso, passou-se a focalizar o aprendiz e sua contribuição para o aprendizado e a reformulação do papel do professor como parceiro e não “mestre do conhecimento”. Larsen-Freeman & Long reconhecem os pontos positivos introduzidos na prática pedagógica advinda a partir dessas pesquisas, mas criticam a escolha de um único método como o melhor método. Além disso, os autores advertem quanto à necessidade de verificação empírica de como o foco na forma pode colaborar de alguma forma para a aquisição. Nas seções subseqüentes, os autores descrevem estudos que procuraram verificar isso com relação na ordem de acuidade e seqüências de desenvolvimento (seção 8.3), no processo de aquisição (seção 8.4), no ritmo da aquisição (seção 8.5) e no grau de proficiência atingido (seção 8.6).
Na seção 8.3 foram descritas as pesquisas realizadas com morfemas por Perkins & Larsen-Freeman (1975), Fathman (1975, 1978), Makino (1979, 1980), Pica (1983). Estes estudos, de forma geral, constataram a pouca influência da instrução sobre a ordem de aquisição dos morfemas estudados. Um único resultado diferente foi apurado por Sajavaara (1981). Ellis (1984) e Felix (1981) observaram a super freqüência de uso de determinadas estruturas devido à sua instrução em sala de aula. Lightbown e colegas (1978, 1980, 1983) também verificaram esse efeito, porém apontaram o caráter retroativo do mesmo no que eles chamaram de efeito atrasado. Larsen-Freeman & Long comentam mais detalhadamente o modelo multidimensional de Pienemann (1984) e as hipóteses advindas desse estudo: “learnability Hypothesis” e “teachability hypothesis”. A primeira diz respeito ao fato de que os alunos só tiram proveito da instrução quando estão “prontos” psicolinguisticamente para isso. A segunda hipótese, derivada da primeira, atesta que o ensino para alunos que não estejam “preparados” não vai ajudá-los a saltar um estágio na seqüência de desenvolvimento.
Na seção 8.4, os autores comentam o estudo de Pica (1983) que usou três contextos diferentes em sua pesquisa: o natural, o da instrução formal e o misto e verificou que o maior efeito da instrução foi sobre o uso gramatical de determinados morfemas. Enquanto os grupos naturais e mistos evitaram o uso de determinadas formas, o grupo da instrução formal super generalizou o uso dessas formas, o que comprova que a instrução formal teve efeito sobre a aquisição. Comportamento semelhante foi observado por Lightbown (1983) que observaram ainda que aprendizes sem instrução formal tendem a restringir sua comunicação a códigos lingüísticos reduzidos.
Na seção 8.5, Larsen-Freeman & Long retomam o trabalho de Pienemann (1984) que demonstra que embora o efeito da instrução não se observe sobre a ordem de aquisição, ele atua sobre o ritmo da mesma. Os autores apresentam ainda o resultado de seis estudos analisados por Long (1983) nos quais se verificou o efeito da instrução sobre o ritmo do desenvolvimento. Os autores comentam ainda os estudos de Fathman (1976), Hale & Budar (1970), Weslander & Stephany (1983), Gass (1982) e Keenan & Comrie (1977) que apontam nessa mesma direção.
Na seção 8.6, os autores descrevem um dos estudos mais representativos que procurou estabelecer o efeito da aquisição sobre o nível máximo de proficiência obtido: Pavesi (1984). Desconsiderando as diferenças entre os níveis socioculturais entre os participantes observados nesse estudo, Pavesi constatou que, a grosso modo, os alunos que se submeteram à instrução formal atingiram níveis mais elevados de desenvolvimento, embora com um tempo de exposição à língua, do que o grupo que adquiriu a língua naturalmente e com elevada exposição ao input em ambientes naturais. Pavesi atribui o maior desenvolvimento de um grupo ao “discurso planejado” (termo cunhado por Ochs, 1979 para se referir a um discurso gramaticalmente elaborado) a que estiveram sujeitos durante a instrução formal. De forma antagônica, Larsen-Freeman & Long rejeitam essa explicação e citam o trabalho de Schmidt & Frota (1986) através do qual foi possível constatar que a exposição ao input em sala não garante o uso das estruturas fora dela. Sendo assim, os autores atribuem o desenvolvimento dos alunos submetidos à instrução formal no estudo de Pavesi ao efeito dessa instrução. Para comprovar seu argumento, os autores citam os estudos de Swain (1985), Plann (1977) e três estudos descritos por Zobl (1985). De forma similar a Lightbown (1983), Zobl observa que aprendizes sem instrução formal tendem a fossilizar prematuramente.
Diante dos estudos narrados, os autores concluem que (1) a instrução formal não afeta a ordem de aquisição e sim o ritmo e o grau de desenvolvimento da mesma; (2) as pesquisas realizadas até a data de seu trabalho são insuficientes para constatar precisamente os efeitos da instrução formal sobre a aquisição; (3) os argumentos de muitos teóricos contra os efeitos da instrução formal sobre a aquisição são prematuros; e (4) é necessário que sejam desenvolvidas novas pesquisas experimentais para a verificação dessas questões.
Na seção 8.8, os autores criticam a posição estabelecida por Krashen que distingue aquisição e aprendizado como distintas e não influenciáveis. Essa posição é tratada na literatura como “posição da não interface”. Os autores corroboram com a posição contrária – a de interface entre aquisição e aprendizado, argumentando com base em McLaughlin (1978), Stevick (1980), Bialystok (1982), Sharwood-Smith (1981), Rutherford (1987), Schneider & Shiffrin (1977) e outros que o aprendizado pode levar à aquisição quando o conhecimento explícito e controlado passa a ser implícito e automático. Essa transformação ocorre por um processo de uso, prática, rotinização e conscientização sobre os padrões de combinação lingüística. Os autores mencionam o trabalho pioneiro de Seliger (1979) no que tange essas questões, trabalho esse que reconhece a necessidade dos alunos de estarem “prontos” para que a instrução formal possa surtir efeitos.
Na seção 8.9, os autores apontam a necessidade de novas pesquisas para a verificação das questões pedagógicas concernentes à instrução formal e sugere pesquisas que possam levar em consideração a forma como o input em sala pode ser manipulado para salientar padrões de uso da língua a serem adquiridos pelos aprendizes. Sugere ainda, pesquisas que visem observar os tipos de atividades de produção que são aplicadas aos aprendizes. Finalmente, os autores argumentam a favor da importância da “action-research” – pesquisa realizada pelos próprios professores em suas práticas pedagógicas.

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