Author:
João Morgado Fernandes
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Date Posted: 5/05/05 10:37:20
U m dos maiores críticos de Tony Blair vive em Portugal. Chama- -se Mário Soares e, valha a verdade, tem mostrado uma enorme coerência nessa posição - criticou-o quando os socialistas/guterristas o incensavam como líder da terceira via, critica-o agora que a direita o idolatra por causa do Iraque e da economia. Mas Soares tem mais pontos de contacto do que certamente gostaria com o seu camarada inglês da Internacional Socialista. E isso pela via do pragmatismo. O pragmatismo que levou Soares a meter o socialismo na gaveta, a fazer uma aliança de governo com o CDS e outra com o PSD, a aplicar as receitas liberais do FMI para salvar o País da bancarrota. Nada de muito diferente do que Blair tem feito - há oito anos que a Grã--Bretanha regista indicadores económicos bastante favoráveis simplesmente porque Blair se limitou a prosseguir a política económica liberal e as reformas dos serviços públicos de Margaret Thatcher.
O sucesso de Blair na gestão da economia e do aparelho do Estado e o seu desprezo pela ideologia (a Economist chamava-lhe "o melhor candidato do centro-direita"...) têm sido de tal ordem que o seu principal adversário, Michael Howard, líder dos conservadores, ficou praticamente sem programa eleitoral, sendo obrigado a refugiar-se num populismo
anti-imigrante com péssimos resultados.
Cá, como lá, então como agora, a ideologia pode servir para ganhar eleições, mas é com pragmatismo que se governa.
Tony Blair chega, pois, a estas eleições com três grandes trunfos a situação económica do país, a melhoria global de funcionamento dos serviços públicos... e a promessa de que este será o seu último mandato e que o seu sucessor é o ministro das Finanças, Gordon Brown, que o suplanta largamente nas taxas de aceitação do eleitorado.
Esses trunfos - assim como a debilidade dos adversários - parecem explicar que os ingleses estejam dispostos a confirmar o seu primeiro-ministro, apesar de 62% considerarem que ele mentiu sobre o Iraque e de as instâncias judiciais internas admitirem que a participação na guerra violou as leis inglesas. A isso, Tony Blair quase pede desculpa - "estava convencido de que fazia o melhor para a Grã-Bretanha". A avaliar pelas sondagens, está perdoado.
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