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Subject: Re: A guerra podia ter sido evitada (1)


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Para que nunca mais aconteça o fascismo
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Date Posted: 8/05/05 17:32:20
In reply to: Carlos Carvalhas 's message, "foram os comunistas dos primeiros a levantar-se na luta contra o fascismo" on 7/05/05 9:09:37

Para que nunca mais aconteça o fascismo, Editorial Avante, 1996 (páginas 39-47)

A guerra podia ter sido evitada (1)

Em Setembro de 1939 os exércitos nazis invadiram a Polónia, iniciando a Segunda Guerra Mundial.

Mas a guerra começou de facto muito antes, com a remilitarização da Alemanha e a sua expansão territorial, beneficiando da complacência e das contradições dos círculos dirigentes, políticos e económicos dos principais países ocidentais, interessados na repressão e esmagamento das forças progressistas da Europa, seduzidos pelo ódio anticomunista promovido pelo nazismo e esperançados em virar contra a URSS o militarismo alemão e as suas ambições duma nova partilha do mundo.

A Inglaterra e a França consentiram a militarização alemã (1936), a intervenção militar de Hitler e Mussolini contra a República Espanhola (1937-1939), a anexação da Áustria (1938), negociaram com Hitler o Pacto de Munique (1938) que permitiu o desmembramento e ocupação de Checoslováquia, inviabilizaram os acordos propostos pela URSS para garantir a defesa dos países ameaçados pela agressão hitleriana.
Hitler teve o caminho aberto para se lançar na guerra.

As guerras preparatórias

O fascismo prepara a guerra

A década de 30 é marcada por uma nova crise do capitalismo. O fascismo – a ditadura terrorista dos monopólios – implantou-se em vários países. Aceleram-se os pressupostos de uma nova guerra de partilha imperialista.

Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, a Alemanha reganha o seu fulgor imperialista e inicia uma política de exigências expansionistas, pondo em causa o papel da França, a principal potência imperialista do continente. Os dirigentes da França e da Inglaterra, então ainda a maior potência imperialista do mundo, adoptam uma política de cedência e concessão em relação a Hitler, na esperança de que este concretizasse as suas ameaças expansionistas a leste, atacando a União Soviética.

Assim, perante a passividade da França e da Inglaterra, assiste-se à ocupação italiana da Etiópia; à intervenção ítalo-alemã na Guerra de Espanha ao lado dos fascistas; à ocupação militar da Renânia pela Alemanha; e à anexação da Áustria. Em Setembro de 1938, na Conferência de Munique, a França e a Inglaterra entregam vergonhosamente a Checoslováquia a Hitler.

O Japão invade o nordeste da China (Manchúria)

O Japão foi a primeira potência imperialista a lançar-se no caminho da revisão do sistema de Versalhes-Washington, na luta pela redivisão imperialista do Mundo.

O governo reaccionário do Kuomintang, empenhado em tentar esmagar a revolução chinesa, capitula.

As contradições entre os EUA e a Grã-Bretanha de um lado e o Japão de outro agravam-se bruscamente, mas o imperialismo americano e britânico esperam que o Japão se lance contra a URSS na Primavera de 1933, deixando-lhe as mãos praticamente livres.
Em Março de 1932 é formado na Manchúria (Norte da China) o Estado fantoche de Manchuco.

Em 1936 Japão e Alemanha firmam o Pacto-Anti-Komintern (a que a Itália fascista adere um ano mais tarde).

Em 1937 os imperialistas japoneses lançam-se abertamente na tentativa de dominar completamente a China.

Itália fascista invade a Etiópia

A conquista da Etiópia pela Itália foi consequência directa da política de conivência com o agressor por parte da Inglaterra, França e EUA e, em particular, da confabulação imperialista anglo-franco-italiana.

Em 7 de Janeiro de 1935, é assinado em Roma, entre Laval e Mussolini, o acordo franco-italiano de partilha de esferas de influência em África que deixa aos fascistas italianos as mãos livres para a invasão da Etiópia.

Perante as ameaças de invasão, a Etiópia pede ajuda à Sociedade das Nações. A URSS apela para medidas especiais que impeçam a agressão, o que é recusado pela França, Inglaterra e outros membros da Sociedade das Nações.

Em 9 de Dezembro, no mais rigoroso segredo, a França e a Grã-Bretanha concertam posições sobre o abandono da Etiópia à Itália fascista.

Os EUA por seu lado fazem vista grossa sobre os preparativos de agressão.
Em 31 de Agosto a Câmara de Representantes e o Senado norte-americanos aprovam a célebre “política de neutralidade” que, proibindo o fornecimento de armas a países beligerantes, de facto priva a Etiópia de se defender enquanto a Itália continua a fornecer-se no mercado norte-americano.

As tropas nazis passam o Reno

Violando frontalmente as restrições impostas pelo Tratado de Versalhes e pelo Tratado de Locarno as tropas nazis ocupam a zona desmilitarizada do Reno, realizando a sua primeira grande provocação belicista.

A França, o país mais directamente visado pela provocação e então a potência militarmente mais forte da Europa não se opõe à aventura.

A URSS ligada à França pelo tratado de 1935 manifesta a sua prontidão para ajudar a França a conjurar a provocação nazi. Mas a reacção francesa acalenta a esperança de dirigir sobre a URSS os nazis alemães.

A este respeito são significativas as confidências do primeiro-ministro Flandin ao embaixador norte-americano em Paris em 8 de Março, segundo as quais a remilitarização e fortificação da zona do Reno seriam utilizadas pela Alemanha “para fixar a sua atenção no Sul e no Leste: na Áustria, Checoslováquia, Polónia e URSS”.

Os acontecimentos subsequentes confirmaram tais esperanças inteiramente, salvo no que respeita à própria França que acabou por ser ela a própria vítima da “política de apaziguamento” em relação ao perigo nazi.

Os imperialistas ingleses e franceses, em lugar de combaterem a política agressiva da Alemanha nazi, preferiram entender-se e traficar com ela. Manifestam a disposição de rever o Tratado de Locarno e retirar a cláusula de desmilitarização do Reno. Estudam a devolução à Alemanha das suas antigas colónias em troca da entrada daquela na Sociedade das Nações.

Posição da URSS: tal atitude “significaria o regresso à política de prémio ao agressor, a rotura do sistema de segurança colectiva, o fim da Sociedade das Nações” (…) “a única resposta digna a Hitler seria reforçar por todos os meios a segurança colectiva, incluindo as medidas de represália contra a Alemanha que a Sociedade das Nações considere possível adoptar”.

Sublevação fascista contra a República de Espanha

Em 16 de Fevereiro a Frente Popular vencera as eleições. Mas a coligação reaccionária fascista, que tantos sofrimentos causara já aos povos de Espanha, não se conforma com a derrota. Estimulada pela impunidade dos agressores fascistas na Etiópia e no Reno e segura do seu apoio prepara imediatamente e desencadeia depois a contra-revolução armada.

Tem início a “Guerra Civil” de Espanha, de facto uma contra-revolução sangrenta que os fascistas espanhóis vão vencer, apesar da heróica resistência da classe operária e do povo de Espanha, graças ao apoio e à intervenção militar directa da Itália fascista e da Alemanha nazi.

A “não intervenção” das potências ocidentais

A política adoptada nesta situação pela Grã-Bretanha, França e EUA patenteia uma clara posição de classe, hostil à classe operária e às forças progressistas de Espanha, anticomunista, posição que prevaleceu sobre toda e qualquer ordem de considerações. Política de abandono do governo legítimo da República às mãos dos agressores fascistas, conduzida hipocritamente a coberto das máscaras de “não intervenção” e da “neutralidade”.

Churchil afirmou abertamente que a eventul vitória dos fascistas era um “mal menor” que o triunfo do Governo republicano.

Em 25 de Julho o governo de Léon Blum proíbe a exportação de armas para Espanha e encerra a fronteira franco-espanhola.

Em Agosto de 1936 o governo de Léon Blum propõe a “não intervenção”. Forma-se em Londres o Comité de Não Intervenção.

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