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Para que nunca mais aconteça o fascismo
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Date Posted: 8/05/05 15:23:21
In reply to:
Carlos Carvalhas
's message, "foram os comunistas dos primeiros a levantar-se na luta contra o fascismo" on 7/05/05 9:09:37
Para que nunca mais aconteça o fascismo, Editorial Avante, 1996 (páginas 29-37)
A ascensão do nazi-fascismo
Nascimento do partido nazi
Ninguém diria a 1 de Abril de 1929, data em que foi formado o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, que este então minúsculo partido viria a governar a Alemanha e que o seu líder, Adolf Hitler, viria a tornar-se o ditador mais sangrento da História.
O Partido Nazi, como ficou conhecido, foi de início apenas mais um partido cujos objectivos consistiam na recusa do Tratado de Versalhes e na vingança da humilhação sofrida pela Alemanha após a derrota na Primeira Guerra Mundial. O seu discurso ideológico era uma miscelânea de nacionalismo e racismo exarcebados e de anticomunismo visceral.
Outra característica que o partido nazi evidenciou foi a militarização de grande parte da sua organização que se agrupava nas chamadas Secções de Assalto (SA), grupos de arruaceiros que além de garantirem a segurança dos comícios nazis intervinham violentamente nos comícios de outros partidos, nomeadamente do comunista.
O símbolo adoptado pelo novel partido foi o da suástica, símbolo esse que viria a transformar-se num sinal de opressão e terror nazis.
Anos difíceis para Hitler
Em Novembro de 1923, Hitler, cujo partido crescera entretanto, ensaia um golpe na Baviera que fica conhecido como o “Putsch da Cervejaria”. O falhanço desse golpe, apesar do apoio do prestigioso general Ludendorff, levou-o à prisão e a uma condenação de cinco anos. Contudo, nove meses depois foi solto, facto que comprova as simpatias e conivências que já então existiam para o futuro do ditador.
Na prisão, Hitler escreveu parte daquele que viria a ser o livro-base do pensamento nazi – Mein Kampf (Minha Luta). Nesse livro, Hitler explana as teses que viriam a transformarem-se na filosofia de acção do Estado nazi. Todas essas teses viriam a ser postas em prática com impressionante rigor durante o período em que os nazis dominaram grande parte da Europa.
Ao aproximar-se o fim da década de 20, o dinheiro começou a afluir ao partido nazi proveniente de alguns grandes industriais bávaros e renanos que apreciavam a forma contundente como Hitler se opunha aos sindicatos e aos marxistas. Entre eles contavam-se Fritz Thyssen (proprietário da maior empresa siderúrgica alemã) e Emil Kirdorf (“rei” do carvão do Ruhr). Contudo, apesar desses apoios, os nazis sofreram um revés eleitoral em 1928 conseguindo apenas 800.000 votos num corpo eleitoral de 30 milhões.
A depressão Económica
No ano seguinte vem a grande depressão económica. A Alemanha que havia recuperado economicamente em grande parte graças aos empréstimos norte-americanos é profundamente atingida pelo colapso de Wall Street. A produção alemã caiu 50% entre 1929 e 1932. As falências de empresas sucederam-se aos milhares. Os desempregados atingiram seis milhões nos finais de 1930.
O ascenso eleitoral
A miséria e a fome grassavam na Alemanha. Hermann Muller, o último chanceler social-democrata da República de Weimar, resigna em 1930. Sucede-lhe Hermann Brunning, o líder do Partido Católico do Centro, que ao não conseguir a aprovação pelo Parlamento dum plano financeiro de emergência solicita a hindenburg a sua dissolução e a convocação de eleições.
Hitler, dispondo de imponentes meios financeiros postos ao seu dispor pelo grande capital, leva a cabo uma campanha tonitruante e demagógica. Consegue 6.400.000 votos e 107 lugares, um resultado completamente inesperado que transformou os nazis na segunda força política da Alemanha.
Os comunistas obtiveram igualmente um bom resultado ganhando mais de 1 milhão de votos, conseguindo 4.600.000 votos e 77 lugares. Os sociais-democratas e os partidos burgueses perderam bastantes votos.
Após o sucesso eleitoral dos nazis em 1930, Hitler viu reforçados os apoios financeiros à sua causa, o leque de capitalistas apoiantes alargou-se enormemente.
O período de 1931-1932 continuou a ser de profunda depressão económica e miséria. O chanceler Brunning, conhecido pelo “Chanceler da Fome”, adoptou uma política antipopular que mergulhou as classes mais desfavorecidas numa situação insustentável.
Os compromissos da social-democracia
O movimento operário reforçava-se, mas a nefasta influência dos sociais-democratas não era negligenciável. De facto os sociais-democratas sempre preferiram a aliança com os partidos burgueses à aliança com o Partido Comunista.
A sombra tutelar do pensamento de Friedrich Ebert, o chanceler social-democrata que jugulara brutalmente, por conta dos latifundiários prussianos (junkers), a insurreição popular “spartakista” de 1919 (assassínios de Karl Liebknecht e de Rosa Luxemburg), continuava a influenciar decisivamente o Partido Social-Democrata.
Nas eleições presidenciais de 1932, os sociais-democratas preferiram apoiar o velho e reaccionário marechal Hindenburg, símbolo vivo da moribunda República de Weimar, a arranjar um candidato democrático. Hitler também concorreu, assim como Thalman, o líder do Partido Comunista.
Na primeira volta das eleições Hindenburg teve 18 milhões de votos, Hitler 11 milhões e Thalman 5 milhões. Na segunda volta, Hindenburg venceu Hitler, mas não era de subestimar o facto de o líder nazi ter duplicado a sua votação em dois anos.
A burguesia opta definitivamente por Hitler
Após a vitória de Hindenburg, Brunning consegue aprovar um decreto que proíbe a organização paramilitar nazi – as SA – que contava já com 400.000 homens. Contavam com cada vez maiores simpatias no Exército e, com o auxílio do General Schleicher, um manobrador que tinha grande influência sobre Hindenburg, conseguem forçar a demissão do Chanceler Brunning, e do ministro da Defesa, o general Groener.
Franz von Papen, um aristocrata ultra-reaccionário, é nomeado chanceler e dissolve o Parlamento de acordo com a vontade dos nazis e suspende a proibição dos SA.
Nas eleições de Julho de 1932 os nazis obtêm um êxito retumbante (13.700.000 votos e 230 lugares em 608). Os sociais-democratas continuam a perder posições (133 lugares) e os comunistas transformaram-se no terceiro partido com 89 deputados (ganham 12). Os partidos burgueses perdem todas as posições à excepção do Centro Católico. A pequena e média burguesia estavam a passar-se em massa para os nazis.
Goering, o mais próximo colaborador de Hitler, é eleito Presidente do Reichstag. Hitler exige a chefia do governo e cria um ambiente de terror e de pró-guerra civil com as suas Secções de Assalto. Hindenburg nega todo o poder a Hitler e aconselha-o a formar um governo de coligação, que ele recusa.
Sociais-democratas recusam entendimento com os comunistas
Perante o impasse, novas eleições em Novembro, que redundam num recuo dos nazis (perdem 2 milhões de votos e 34 lugares). Os comunistas continuam a subir (100 lugares). Os sociais-democratas continuam a baixar (121 lugares), mas recusam qualquer entendimento com os comunistas. Os restantes partidos burgueses recuperaram os votos perdidos pelos nazis, que continuam a ser os mais votados (196 lugares). De qualquer modo a posição de Hitler enfraqueceu-se.
Hitler chanceler
O general Schleicher, a eminência parda do regime e ministro de Defesa, deixa de apoiar o chanceler von Papen. Sem esse apoio Von Papen demite-se e sucede-lhe Schleicher. Contudo, o seu governo só durará 57 dias. Von Papen vinga-se de Scleicher aliando-se a Hitler.
Hindenburg acaba por nomear Hitler chanceler em 30 de Janeiro de 1933. Von Papen e Hungenberg, ligados aos partidos do Centro e Nacionalista, respectivamente, são vice-chanceleres. O Exército, onde os simpatizantes nazis eram cada vez mais numerosos no corpo de oficiais, apoia a nova fórmula do governo.
Inicia-se o período mais negro da história da Alemanha.
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