Subject: A sondagem real! |
Author:
Honório Novo
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Date Posted: 17/10/05 16:02:50
In reply to:
www.comunistas.info
's message, "A posição da Renovação Comunist sobre os resultados das eleições autárquicasa" on 13/10/05 17:43:39
A sondagem real!
Honório Novo, deputado do PCP, JN, 17/10/05
Uma semana depois a poeira assentou e as declarações pomposas já produziram os efeitos pretendidos, sendo agora tempo de confrontar os resultados reais com os discursos de circunstância e com as perspectivas criadas antes do acto eleitoral de 9 de Outubro.
É verdade que o PSD tem o maior número de presidências de Câmara. Só que isso já sucedia e os resultados mostram que, entre 2001 e 2005, o PSD passa afinal de 159 para 158 presidências. É verdade que o Porto, Lisboa, Coimbra ou Sintra têm presidentes do PSD (e que tal tem indesmentível importância política), mas a verdade é que isso já ocorria há quatro anos. Em suma o PSD pouco ganhou de concreto e o PS não só nada ganhou como nada ganhará nestes como noutros concelhos se insistir em impor a sua vontade sem olhar nem atender à força, ao projecto e à alternativa real que existe à sua esquerda e que sai destas eleições bem reforçada. O exemplo maior está em Lisboa onde a Direita só ganha porque o autismo do PS preferiu romper o acordo existente...
Os números da "sondagem real" mostram muito bem quem é que ganha estas eleições em todos os seus parâmetros; quem, em comparação com 2001, obteve mais votos, mais presidências de Câmara, mais vereadores, mais eleitos em assembleias municipais, mais presidentes de Junta e mais eleitos em assembleias de freguesia. Esta comparação global mostra que há uma única força partidária que em 2005 sai reforçada em qualquer um dos seis "parâmetros eleitorais" que estavam em jogo a 9 de Outubro.
Claro que há outros números para confrontar com as perspectivas criadas antes do acto eleitoral e que põem a nu escandalosos proteccionismos. O BE não multiplicou nem por sete nem por dez os seus votos de 2001, sendo verdade que se o PS passa em oito meses de 45% para 36%, também os bloquistas passam no mesmo tempo de quase 7% para menos de 3%, perdem mais de 200 mil votos, não reforçam a sua única maioria presidencial, perdem três das seis presidências de freguesia que detinham, e afundam-se no Porto ao fazer de Rui Sá e da CDU obsessões fundamentais.
Finalmente as sondagens. O papel que representaram merece ser analisado com rigor. Não é que não suceda noutros actos eleitorais, só que os erros que vezes demais ocorrem (vejam-se os casos de Lisboa e do Porto com os "empates técnicos de última hora"
), a par do condicionamento que provocam, é, nas eleições autárquicas, multiplicado e amplificado com consequências incalculáveis na autenticidade dos resultados.
Quando, por exemplo, uma empresa de sondagens reconhece (embora a posteriori) que a "amostra seleccionada estava muito longe de ser representativa" dos eleitores de um dado concelho, quando admite que as "sondagens podem influenciar o comportamento" (isto é, o voto real) dos eleitores, cabe perguntar quem e com que objectivos concretos encomenda e divulga estes "estudos de opinião"? Quem e com que objectivos os mediatiza tão fortemente, durante toda uma campanha eleitoral, até mesmo no seu último dia?
Quem aceita participar nesta perturbação do normal processo de reflexão que antecede a opção de voto não é inocente, visa interferir e condicionar os resultados finais. Sobretudo em eleições autárquicas onde muitas presidências ou a composição de executivos (e suas maiorias) se jogam tantas vezes por meia dúzia de votos. Obtidos os efeitos pretendidos fecham-se em copas, erguem muros de silêncio, esquecem as "maravilhosas" sondagens que propagandearam
até ao próximo acto eleitoral onde regressarão com a habitual capa de isenção!
E que tal um estudo de opinião sério e representativo que mostre quais os efeitos provocados por "sondagens" encomendadas? E que tal ponderar sobre as suas consequências, voltando quiçá a impedir o regabofe da sua divulgação durante os últimos dias de campanha?
Honório Novo escreve no JN, semanalmente, às segundas-feiras.
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