Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:
Donate to VoyForums (PayPal):
24/11/24 18:30:41 | [ Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: [1], 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 ] |
Subject: Ainda o trabalho "produtivo" e "improdutivo" | |
Author: Guilherme Statter |
[
Next Thread |
Previous Thread |
Next Message |
Previous Message
]
Date Posted: 9/02/06 22:56:31 Já se viu aqui neste forum alguma polémica (mas não só) acerca das ideias de trabalho "produtivo" e trabalho "improdutivo". Conforme já tive ocasião de aqui opinar, o interesse dessas categorias analíticas é "meramente" heurístico, no sentido em que a sua discussão pode pelo menos permitir aos participantes na discussão "descobrir" ou melhor entender aqueles conceitos e a sua relação com outros como "valor", "sobre-valor", "utilidade" e "acumulação". E tenho essa opinião (a do interesse "meramente" heurístico) na medida em que me parece (como aliás a muito boa gente, incluindo-se aí praticantes e defensores da chamada "vulgata marxista" - aproveito para esclarecer que o termo não é meu, encontra-se com frequência na literatura e não tem qualquer intuito pejorativo) pois, como ia dizendo, tal como muito boa gente, também penso que os geniais contributos de Marx se podem "resumir" a duas grandes ideias ou descobertas. Por um lado a destrinça entre "trabalho" e "força-de-trabalho". Por outro lado a sua (re)formulação da "Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro". Mas vamos por partes e voltemos à estória do "trabalho ‘produtivo’" e "trabalho ‘improdutivo’". Em primeiro lugar a ideia de "trabalho ‘produtivo’" e/ou "trabalho ‘improdutivo’" não é original de Marx. Foi simplesmente buscá-la aos autores da Economia Política que ele mesmo qualificou de "clássicos". Adam Smith, no capítulo III do livro "An Enquiry into the Causes and Nature of The Wealth of Nations” (páginas 429 e seguintes do livro editado por Andrew Skinner da Pelican Classics), publicado em 1776 – logo mais de noventa anos antes do "Das Kapital" de Marx – descreve detalhadamente a sua ideia de trabalho "produtivo" e trabalho "improdutivo". Por alguma razão Marx classificou Adam Smith (e os seus seguidores imediatos) de "clássicos da Economia Política". Também por alguma razão Lenine disse que a "Economia Política" inglesa era uma das fontes do Marxismo (juntamente com a Filosofia alemã e o Socialismo francês). Também John Stuart Mill, no capítulo III do livro "Princípios de Economia Política" (páginas 57 a 64 do livro editado pela Nova Cultural) e originalmente publicado em 1848, discute a diferença entre trabalho "produtivo" e trabalho "improdutivo", sendo que J.S. Mill considera no entanto que, por exemplo, o trabalho de treinar (educar) melhor os trabalhadores era em si também um trabalho produtivo (desde que daí resultasse um efectivo acréscimo na produção material de coisas). Ou seja, aquilo que eu (à semelhança de muitos outros) tenho aqui qualificado como "um aumento efectivo da produtividade societal". Ou seja, toda esta pseudo-polémica acerca de Marx ter dito ou pensado isto ou aquilo sobre "trabalho 'produtivo'" e "trabalho 'improdutivo'" tem, quanto a mim, muito pouco de "marxista". Nem sequer de "marxiano", "neomarxista" ou "revisionista". A estória vem de longe e pelos vistos ainda não acabou. É por estas e por outras que eu às vezes entro em ironia e falo dos "seguidores do santíssimo profeta São Carlos de Tiers". Muito mais importante (e estritamente marxista) do que essa discussão (entre o que é "produtivo" e o que é "improdutivo") é a distinção entre "trabalho" e "força-de-trabalho". E no entanto há centenas de milhares de "economistas" em todo o mundo que desconhecem (ou passam alegremente ao lado) dessa questão. Disso (desse desconhecimento) pelo menos, não se podem acusar os conhecedores da chamada "vulgata marxista". Faz mesmo parte - e muito bem - do chamado "b-a-ba". É que é justamente a partir dessa distinção (e só a partir dessa distinção que vem toda a elaboração teórica sobre "exploração", com todas as outras e conhecidas consequências lógicas. Em segundo lugar, (a) se fosse possível (e até parece que é), sem ofender nenhuns cânones, dizer que as descobertas de Newton se podem resumir na Lei da Gravitação (se bem me lembro da cantilena... "matéria atrai matéria na razão directa das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias), ou ainda (b) se fosse possível resumir as descobertas de Einstein na sua célebre formula "energia igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado", então nesse caso não me parece descabido dizer que as descobertas de Marx se podem resumir à famosa fórmula que exprime a queda tendencial da taxa de lucro: "a taxa de lucro é igual à taxa de exploração a dividir pela composição orgânica do capital mais um". Que me desculpem os defensores do caracter intocável das "sagradas escrituras", mas para mim, a descoberta e prova irrefutável (?...) desta última fórmula, assim como da sua explicação a todos os que pretendem refutá-la (e são aos milhares) é trabalho para um vida. Mas que vale bem a pena. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
Subject | Author | Date |
Disfarça, continua a assobiar pró lado... Quanto mais assobias melhor a gente te topa... | Ex-militante (confirmando qe burro carregado delivros é dr) | 10/02/06 14:07:37 |