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Subject: Afinal Marx tinha razão


Author:
Francisco Jaime Quesado (Expresso, 4 Novembro 2006)
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Date Posted: 5/11/06 16:54:06

Nunca como agora Karl Marx passou a ter razão. Na moderna Sociedade do Conhecimento, os meios de produção, sob a forma de computadores, estão na posse dos trabalhadores que deles fazem o instrumento central de uma geração de valor baseada nos imperativos da criatividade e diferença estratégica. Caberá a estes ‘trabalhadores do conhecimento’, imortalizados por Peter Drucker, a difícil tarefa de demonstrar que a necessidade colectiva das organizações na utilização dos talentos tem que ser equilibrada com uma vontade individual dos talentos de se relacionarem com as organizações.

Quando Daniel Pink trocou a experiência de assessoria estratégica de Al Gore pela liberdade de participação individual enquanto colaborador da revista ‘Wired’, consultor independente e analista especializado, estava claramente a aumentar o número dos que preferem contribuir no quadro de uma independência colaborativa para a consolidação do conhecimento como a grande marca da diferença de uma sociedade moderna. Começam de facto a ser muitos os agentes autónomos dessa ‘classe criativa’ a quem cabe de forma inelutável a tarefa não encomendada mas demonstrada como necessária de induzir dinâmicas efectivas de criação de valor acrescentado nos processos e nas organizações.

Há um tempo para o Novo Capital. Trata-se claramente do vértice mais decisivo do ‘capital estratégico’ que importa construir neste novo tempo. O exercício de maior selectividade dos potenciais promotores de acções estratégicas e de maior atenção operativa a uma monitorização dos resultados conseguidos terá que ser acompanhado desta acção global de qualificação sustentada da rede de actores que compõem o quadro de animação social e económica da sociedade.

Não se realizando por decreto, não restam dúvidas de que esta acção de «competence building» das organizações estatais, centros de ensino e saber, empresas, associações e demais protagonistas da sociedade só tem sentido de eficácia se resultar de um exercício de ‘cumplicidade estratégica’ entre os diferentes protagonistas.

O Novo Capital só tem sentido enquanto factor de qualificação social se assente numa plataforma activa de relação entre actores e dinamização de redes em permanente interacção. A lógica de aposta no Novo Capital passa pela preferência dada à escala permitida pelas redes colaborativas e capacidade de articulação entre actores de diferentes competências num quadro de participação com dimensão internacional e de crescente carácter global. Daí a necessidade da aposta no ‘capital relacional’, na promoção de uma cultura de articulação proactiva entre actores tendo em vista a capacidade de poder estar na escala da dimensão global. Apesar da histórica capacidade da sociedade de protagonizar grandes exercícios de articulação estratégica, o certo é que é mínima, à escala global, a prática efectiva de inserção em redes colaborativas por parte dos nossos actores.

Cabe às elites a tarefa de liderança desta Revolução Tranquila de consolidação do Conhecimento e da Criatividade como peças centrais de uma nova matriz estratégica social. Tem que ser necessariamente uma Revolução diferente. Um compromisso entre tranquilidade participativa e perturbação inovadora. Como referido por Michael Young, no seu ‘The rise of the meritocracy’, a obsessão da sociedade pelo talento tem que ser controlada. Não se pode, a pretexto da apropriação do meio de produção individual do talento, pôr em causa uma mais do que nunca necessária coesão social, onde os perdedores têm que ter a sua oportunidade. A oportunidade da participação social assente na dimensão da verdadeira capacidade humana.

Karl Marx encontra na moderna Sociedade do Conhecimento a sua pequena vingança. As redes de que Manuel Castells nos fala implicam, cada vez mais, que “as elites sejam globais e as pessoas meramente locais”. Não há qualquer problema nesse facto. É essa a essência do Novo Capital , estratégico na sua dimensão inovadora e criativa. O que importa - e aí assentará verdadeiramente a razão que Karl Marx acabará por ter - é que entre o global das elites e o local das pessoas se construa uma plataforma de participação social justa e equilibrada.

Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento

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Re: Afinal Marx tinha razão - Pois...Guilherme Statter 5/11/06 17:23:28


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