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Subject: 14. O capitalismo, as crises e a revolução... - III


Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 27/11/06 16:51:54
In reply to: Guilherme Statter 's message, "Um "inventário" das ideias de Marx e Engels - Ou a peregrinação continua..." on 14/11/06 10:55:01


14. O capitalismo está permanentemente envolvido em crises, passando de uma a outra. Estas crises estarão a ficar cada vez mais profundas e assim o capitalismo entrará na sua crise final e na revolução do proletariado.

Convém aqui salientar, sublinhar, lembrar que, de um ponto de vista do paradigma convencional (a que hoje se chama de "linha principal" ou ainda "escola neoclássica") o qual se exprime no plano ideológico pela designação de "neoliberalismo",
o sistema capitalista tende inevitavelmente (de forma determinada...) para o EQUILIBRIO e a harmonia...
É o que "eles" ensinam nas escolas de economia por esse mundo fora.
Pelos vistos não é só marxismo e/ou o materialismo histórico que "sofrem do mal determinista"...

Entretanto, e no que diz respeito à "entrada na sua crise final" e consequente "revolução do proletariado", enquanto "tese geral", está ainda por verificar.
Enquanto "previsão" a realizar-se nos países do Centro (como parece ser legítimo deduzir dos escritos de Marx e Engels...) tem-se de facto verificado um aprofundar das crises. Só que os seus efeitos mais nocivos (para as classes dominantes - mas não só - dos países do Centro) têm sido como que "exportados" para os países da Periferia, onde a ocorrência de crises ("revoluções", "golpes de Estado"... crises de todas as "cores e feitios") tem assumido ao longo das décadas um caracter endémico.
Enquanto se tem olhado para cada fracção nacional do sistema capitalista como uma fracção autónoma e como que contida em si mesma, tem sido razoável – de um ponto de vista analítico – perspectivar as "crises" como "coisas estranhas" (vindas de fora do sistema ou apenas provocadas por uma "luta de classes" que apenas tem origem em "agitadores" e "subversivos"... ) ou "acidentes de percurso" que cada sociedade nacional acabaria por saber resolver a contento.
De um ponto de vista das classes trabalhadoras a conquista do poder do Estado, era vista, naturalmente de um ponto de vista de cada Estado de per se. A partir do momento em que as elites dirigentes (em nome do Capital) conseguem "exportar" para os países da Periferia os efeitos mais nocivos das sua próprias crises, as classes trabalhadoras dos países do Centro - tornando-se "menos vítimas" da crise - acabam por ser desmotivadas para a "revolução"... Passaram a ter "algo a perder".
Assim sendo, a expressão visível da "crise final", passa a ser um aumento exponencial de uma anomia na generalidade dos países mais frágeis da periferia, acompanhada – essa anomia – de migrações em massa (dos "deserdados da Terra") em direcção aos países do Centro. Processo que se acentua nas últimas décadas e que é naturalmente inverso do processo de há outras décadas antes...
Em contrapartida a essas "migrações" de gentes em procura de qualquer trabalho, temos a corrente oposta das deslocalizações de fábricas em procura da força-de trabalho "o mais barata possível".
Falando da luta de classes e da consciencialização de classe por parte dos trabalhadores "ocidentais" (era sobre esses trabalhadores que escreviam Marx e Engels), escrevia Engels em 1876/1878:
"E se hoje esse grito de abolição dos antagonismos e das distinções de classe, que até 1830 deixava impassíveis as massas laboriosas e oprimidas, se repete por milhares de ecos, se se apodera de um país após outro, à medida e na proporção em que a indústria se desenvolve em cada país, se conquistou numa geração uma força capaz de desafiar todos os poderes coligados contra si, se está certa da vitória num futuro próximo, então de que provém ?
Provem, por um lado, de que a grande indústria moderna criou um proletariado, uma classe que pela primeira vez na história, pode reivindicar a supressão, não desta ou outra organização de classe em particular, deste ou aquele privilégio de classe, mas das próprias classes. Uma classe que está colocada em situação tal que tem que fazer triunfar essa reivindicação sob pena de cair na escravidão dos coolies chineses".
(Anti-Duhring)
Ao contrário do que então parecia pensar Engels (e Marx...) a História afinal veio a mostrar que as classes trabalhadoras dos países do Centro acabaram por vir a contentar-se com uma via "reformista" enquanto os "coolies" e outros trabalhadores de outros países da Periferia iam sendo sujeitos a condições de trabalho do tipo "escravatura".
Hoje a disseminação das oportunidades de trabalho (utilização da força-de-trabalho disponível por esse mundo fora) vai sendo paulatinamente gerida pelas "nossas" elites, pondo os trabalhadores "privilegiados" dos países do Centro em concorrência com os trabalhadores (sôfregos por qualquer emprego...) dos países da Periferia.
Tudo indica que estamos ainda muito longe de uma consciencialização de classe (uma classe-para-si mesma...) à escala global deste nosso Planeta. Não é esse, de todo, o caso da alta burguesia, industrial e financeira, a qual é internacionalista por "vocação e feitio"...
Ou seja, a "revolução insurreccional" (do tipo antevisto e proposto por Marx e Engels nos anos da sua juventude) e na consequência de uma derradeira crise apocalíptica final, é bem capaz de estar adiada para as "calendas gregas"...

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Eh!Cepticismo face à catástrofe iminente.De resto,Voscência está pronto para continuar a ir à missa. (NT)vou ali volto já27/11/06 19:15:09


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