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Subject: 15. A sociedade pós-capitalista... | |
Author: Guilherme Statter |
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Date Posted: 28/11/06 13:14:46 In reply to: Guilherme Statter 's message, "Um "inventário" das ideias de Marx e Engels - Ou a peregrinação continua..." on 14/11/06 10:55:01 15. A sociedade pós-capitalista deverá primeiro passar por uma fase de transição – a fase da ditadura do proletariado. Só depois passará então à fase em que prevalecerá o verdadeiro comunismo. Relativamente a esta "tese", trata-se de futurologia pelo que tudo aquilo que se possa dizer é pura especulação. Apenas algumas reflexões sobre o caracter contingencial do significado de muitas palavras e/ou do conteúdo circunstancial de muitos conceitos. A própria ideia de "sociedade pós-capitalista" já tem sido explorada, não como sendo algo como o "socialismo", mas sim a própria sociedade em que vivemos. Já não estaríamos em "capitalismo", pois esta seria já uma "sociedade pós-capitalista"... Há de tudo! No que diz respeito à "ditadura", faz-me lembrar a estória da palavra "vilão". Hoje quer simplesmente (ou vulgarmente) dizer "o mau da fita". Mas tempos houve, aqui há uns séculos, em que queria simplesmente dizer "aquele que é da vila", como em "cavaleiro vilão". Aquele burguês ou homem livre (não servo da gleba) a quem o Rei tinha dado permissão para "montar a cavalo" e usar espada... Imagina-se o escândalo para a aristocracia feudal e o que se começou desde logo a dizer dos "cavaleiros-vilãos"... Como hoje dos "novos-ricos" ou ainda pior... A palavra "ditadura" (do proletariado ou outra) ganhou a conotação negativa que todos conhecem, pelo que a ideia de "ditadura do Capital", simplesmente não entra na cabeça do mais comum dos cidadãos. "Ditadura é quando temos um ditador, uma Pide ou um KGB..." Para os Gregos e Romanos era sempre e só uma situação de emergência. Ou seja a esmagadora maioria dos cidadãos não se dá conta de que vivemos todos. muito paulatina ou naturalmente sob o império – a ditadura - do fetichismo da mercadoria. Que é como quem diz, sob a ditadura do Capital. Por isso há uma enorme – gigantesca - dificuldade em aceitar a ideia de que alguma vez pudéssemos vir a ter um estilo de vida semelhante ao actual (com as liberdades concretas em que vivemos...) e que estivéssemos ao mesmo tempo, efectivamente, numa "ditadura do proletariado". Entretanto, é também com este tipo de discussões sobre o que virá a ser ou deixar de ser uma sociedade "socialista" e/ou uma sociedade "comunista" que se vai alimentado a literatura sobre Marx e o marxismo, dando argumentos a todos aqueles que falam do caracter "utópico" das ideias e teses de Marx sobre o funcionamento do capitalismo, tudo servindo para desacreditar Marx e, por conseguinte, tudo aquilo que ele propunha. O argumento é simples e resume-se a um silogismo: Se Marx era um utópico, então tudo aquilo que ele escreveu foi sobre o capitalismo estava errado. Logo, "era mais um profeta"... Logo, é apenas e mais um assunto "interessante" para estudos académicos, mas à maneira dos estudos "camoneanos". [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
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16. A inevitabilidade do curso da História... - I | Guilherme Statter | 29/11/06 17:32:04 |