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Subject: O fim do mundo ? | |
Author: Vasco Pulido Valente (Público, 15.09.2007) |
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Date Posted: 15/09/07 8:04:29 As civilizações percebem ou pressentem as grandes catástrofes? Não há uma resposta clara: às vezes sim, às vezes não. A aristocracia francesa, como é notório, "dançou sobre o abismo" até à tomada da Bastilha e alguma dela até muito mais tarde. A aristocracia russa não se mexeu (excepto extraordinariamente para matar Rasputine).As civilizações percebem ou pressentem as grandes catástrofes? Não há uma resposta clara: às vezes sim, às vezes não. A aristocracia francesa, como é notório, "dançou sobre o abismo" até à tomada da Bastilha e alguma dela até muito mais tarde. A aristocracia russa não se mexeu (excepto extraordinariamente para matar Rasputine). Em compensação, a partir de 1904-1906 a Europa "esperava" o fim do mundo, daquele mundo pelo menos, com esperança ou com horror. Toda a gente vivia como se a "normalidade" fosse eterna e toda a gente sabia, mesmo negando, que um pequeno percalço (um mal-entendido diplomático, um tiro em Sarajevo) chegava e sobrava para cair o céu. A guerra veio pouco a pouco, anunciada e certa, perante a inércia universal. Ninguém tentou a sério resistir ao "inevitável". Verdade que a velhice odeia a mudança e cada geração, à medida que passa, prevê um apocalipse iminente. Mas, neste ano de 2007, vale a pena fazer um intervalo para pensar. Bush (como a Europa do Kaiser e do Czar, da França e da Inglaterra) criou no Iraque um problema insolúvel. A estratégia do general Petraeus, que ele explicou serenamente no Senado, reforça o tribalismo sunita e, por assim dizer, "institucionaliza" a guerra civil. Pior ainda: para além "abandonar" os curdos, Petraeus tornou de facto inevitável a soberania do Irão sobre o Iraque xiita. O que ameaça a dinastia Saud e o Egipto e, através do Hezbollah e do Hamas, põe em perigo a própria existência de Israel. A América não pode sair e não pode ficar e já hoje, a qualquer momento e como em Junho de 1914 por um incidente sem sentido, uma explosão geral pode acontecer. Sobre isto, como dizia o outro, "paira o espectro" da bomba do Irão. Do partido republicano ou do partido democrático, nem um único candidato à sucessão de Bush deixou de prometer (e com a maior solenidade) que não permitirá um Irão "nuclear": Hillary, Obama, Giuliani, Romney e por aí fora. E, se a América, por absurdo, permitir, Israel com certeza não permite. Só falta descobrir a maneira de meter o Irão na ordem, sem provocar uma guerra suicida, que tarde ou cedo envolveria a Arábia, a Síria e o Egipto. Existem planos de uma enorme sofisticação; e de uma enorme falibilidade. O risco de intervir é igual ao risco de não intervir. É deste género de situações que se resvala, de repente, para o fim do mundo. De quando em quando, como hoje, com o mundo inteiro distraído. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |