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Subject: Re: Crescei e multiplicai-vos | |
Author: Paulo Silva |
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Date Posted: 30/07/07 1:39:13 In reply to: Inês Pedrosa 's message, "Crescei e multiplicai-vos" on 29/07/07 17:07:59 >À medida que subirmos no escalão de rendimento, mais >ridícula se nos afigurará esta conversa: alguém >acredita que uma família de classe média considere ter >um segundo um filho porque o Estado lhe paga 65 euros >por mês? Não. > >Não é só porque os montantes dos abonos serão, na >prática, irrisórios, face às dificuldades das famílias >e ao custo real de uma criança, que este incentivo do >Governo à natalidade me parece, mais do que ridículo, >perverso. Os pobres já são aqueles que mais filhos >têm, e isso em nada tem contribuído para a evolução >económica deles, nem do país. Temo que, num país com >uma tradição de desprezo pelos direitos da criança, >esta motivação financeira imediata funcione junto dos >mais desesperados - ou seja, os menos indicados para >assumir a enorme responsabilidade de criar um filho. Claro. > >Bem sei que o Governo espanhol decidiu atribuir, a >partir do próximo mês de Novembro, 2.500 euros por >cada parto ou adopção. Mas nós ainda não somos >espanhóis (por muito que o deseje o ibérico Nobel >nascido neste pequeno e orgulhosamente independente >jardim). 2.500 euros de prémio por parto são uma >tentação para qualquer drogadita alucinada. Na Alemanha em 2007 e de 25000 euros por nascimento de Uma pessoa que seja trabalhador, estudantes não contam. > >É evidente que as famílias mais numerosas devem >receber apoios maiores, e é irónico que os países do >Sul da Europa - Portugal, Espanha, Grécia e Itália -, >para os quais a família é, supostamente, sagrada, >sejam aqueles que menos a apoiam. Um estudo recente do >Instituto de Política Familiar catalão revelou que os >países europeus que maior auxílio oferecem aos >agregados familiares são o Luxemburgo, a Dinamarca, a >Suécia e a Irlanda. Qual o site do estudo? > >Quando o incentivo à família se restringe ao aumento >do subsídio por criança (um aumento, ainda por cima, >irrisório e miserabilista, no caso português), pode >até fazer-se crescer ligeiramente a natalidade, mas em >nada se está a contribuir para uma consistente >evolução económica e social das famílias. O acréscimo >nos abonos agora anunciado pelo Governo surge >acompanhado de uma ampliação do período de licença de >parto para as mulheres. No «Correio da Manhã» do >passado dia 23 surgia o seguinte título: «Mães com >mais tempo para os filhos». Pergunto, pela milésima >vez: e os pais? Quando terão mais tempo para os >filhos? Enquanto o tempo para a maternidade não for >equiparado ao tempo para a paternidade, continuaremos >a ter uma sociedade discriminatória, para homens e >mulheres: elas, porque continuarão a ser as últimas a >conseguir emprego; eles, porque continuarão a ser >preteridos (em caso de divórcio, por exemplo) no >direito aos filhos. Também os filhos são prejudicados, >no seu desenvolvimento, por este persistente >entendimento da paternidade como subproduto. Vivemos num pais conservador. > >Empurrar as mulheres para a vida doméstica com mais >uns tostões por gravidez não pode ser a solução da >natalidade - que passa, sim, pela ampliação da rede de >creches (que cobre apenas 23,5% do país) e jardins de >infância (uma em cada quatro crianças não encontra >vaga nos jardins-de-infância do ensino público), pelo >direito de escolha da escola pública, pela criação de >um sistema de transporte escolar e por apoios à >escolaridade (por exemplo, a redução do preço dos >livros escolares, que - sinal dos tempos - já se >vendem a prestações). Quanto custa um infantário? O valor do subsidio não chega para uma semana! > >Mas pergunto: o mundo está subpovoado? Pelo contrário. Certo >A população está é mal repartida. Não esta não, ja somos demasiados biliões. http://video.google.es/videoplay?docid=8642751995539239050&hl=es Porque é que >entendemos os problemas do Ambiente e da Natureza como >temas globais e que só globalmente podem ser >resolvidos - e não conseguimos olhar da mesma forma >para a questão populacional? Escreve o sociólogo >Zygmunt Bauman (em «Vidas Desperdiçadas», Jorge Zahar >Editor, Rio de Janeiro, 2005) : «Sempre há um número >demasiado deles. ‘Eles’ são os sujeitos dos quais >devia haver menos - ou, melhor ainda, nenhum. E nunca >há um número suficiente de nós. ‘Nós’ são as pessoas >das quais devia haver mais.» Recusamo-nos a aceitar >esses «eles» que sobram noutros lugares do mundo como >partes de «nós» - sem entendermos sequer que a miséria >é, além de perigosa, contagiosa. Recusamo-nos a >perceber que só quando escasseia o ser humano se torna >precioso - quando não é carne para canhão, a triturar >pelos poderes deste mundo. Isso ja se sabe. Paulo [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |