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Subject: O que aconteceu a Marx?


Author:
Teixeira Fernandes
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Date Posted: 2/05/07 12:12:23

O que aconteceu a Marx?

Decididamente as concepções de esquerda e direita já não são o que eram. (...) Uma concepção contemporânea de esquerda obcecada pela «différence» (Jacques Derrida), e que vê a igualdade e a universalidade como uma forma de opressão, está a emergir e deve-se, entre outras influências marcantes, a teorizadoras feministas como Iris Marion Young, da Universidade de Chicago, e a Judith Butler, professora de Literatura e teoria «queer» da Universidade de Berkeley. Provavelmente de forma bastante decepcionante para estas, a candidata socialista à presidência da república francesa, Ségolène Royal, está ainda presa a concepções "patriarcais" e igualitárias de uma esquerda herdeira da Revolução Francesa, avessa às inovações académico-políticas anglo-saxónicas (...) Mas quem faz parte desta nova concepção de esquerda, que não é propriamente a da Revolução Francesa e a da luta do proletariado? No Verão passado, Judith Butler, ao comentar a guerra entre Israel e o Hezbollah, terá afirmado, perante uma audiência académica em Berkeley, que o Hamas e o Hezbollah eram "movimentos sociais que fazem parte da esquerda global". Nesta perspectiva, a direita conservadora e religiosa do Médio-Oriente (constituída pelos partidos islamistas, entre os quais se encontram os radicais Hezbollah do Líbano e Hamas da Palestina e os islamistas-conservadores do AKP da Turquia), surge, agora, como uma nova imagem de "progressismo" social, e com uma identidade de "esquerda" global (com esta lógica, podemos imaginar como a FN de Jean-Marie Le Pen é também "progressista"). Todavia, nada de muito original se tivermos em conta que Michel Foucault viu na revolução iraniana de 1979 e nos islamistas radicais xiitas, liderados pelo «ayatollah» Khomeini, uma nova forma de "política espiritual". E que fazer, então, com o pensamento de Karl Marx e as suas preocupações igualitárias de um proletariado explorado pela burguesia e com a sua crítica à religião, vista como "ópio do povo"? Naturalmente que Marx só pode ser desconstruído (Jacques Derrida, 'Spectres de Marx') como mais uma "narrativa" feita por um «dead white european male" nascido numa família judaica (o que levanta a "suspeição", nestes novos "movimentos sociais da esquerda global", como o Hamas e o Hezbollah, que deveria ser também islamófobo). «Quo vadis» esquerda?

Teixeira Fernandes

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Ora cá está uma ironia (muito) bem esgalhada! (NT)Observador interessado, atento e empenhado 2/05/07 21:19:03


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