VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

21/12/24 14:32:55Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 1234567[8]9 ]
Subject: Argumentos do ‘sim’ e do ‘não’


Author:
Henrique Monteiro
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 25/01/07 7:56:59

Sobre o referendo acerca da interrupção voluntária da gravidez tenho, pessoalmente, duas posições muito claras, mas infelizmente pouco operativas:

- Sou contra um referendo como método de decisão para esta matéria (bem como para outras);

- Não entendo como se pode ser a favor do ‘sim’ ou do ‘não’ em absoluto.

Uma pessoa assim não sabe, verdadeiramente, o que fazer neste referendo. Não votar? Parece pouco cívico! Votar em branco? É escusado! Votar num dos lados, ao fim e ao cabo naquele que nos parecer menos mau? É errado. Vou tentar dizer porquê. Mas, antes, permitam-me que apresente dois argumentos que me irritam sobremaneira.

Um vem de alguns radicais que sustentam ser a mulher dona do seu corpo. Ora este argumento é indigente, uma vez que, pela mesma lógica, qualquer um de nós poderia chegar a um médico e pedir, em nome do mesmo princípio, que nos cortasse um braço, nos arrancasse o nariz, ou nos vazasse um olho.

Outro que me irrita é aquele que proclama que os nossos impostos servirão para pagar milhares de abortos. Ora, nós não estamos a referendar o Serviço Nacional de Saúde e menos ainda o facto de a medicina ser estatal, convencionada ou privada. Estamos a referendar a despenalização do aborto até às 10 semanas. Ou seja, estamos a referendar se uma mulher que abortar (a pagar, de graça, por favor do médico ou pelo que seja) deve ou não ser judicialmente processada e julgada.

Ora aqui me prende a impossibilidade de, em consciência, votar ‘não’. Eu não posso condenar mulheres pelo facto de abortarem até às 10 semanas. Mas, em boa verdade, e em determinadas circunstâncias, não as condeno até às 15 semanas, ou até às 20 semanas que seja.

A deputada Zita Seabra já prometeu que, mesmo que o ‘não’ ganhe, proporá uma lei que impeça o julgamento das mulheres por aborto. A ideia é boa, de aplaudir, mas queda-se estranha: o aborto não é legal, mas não será punido...

Porém, independentemente dos argumentos, melhores ou piores, a questão do aborto não pode, do meu ponto de vista pessoal, ser encarada de uma forma generalista. Há casos e casos.

Os mais gritantes (violação, mal-formação e perigo para a vida da mãe) estão na lei em vigor, que hipocritamente nunca foi aplicada: os apoiantes do ‘não’ acham-na de mais e os do ‘sim’ de menos. Apesar de ser uma lei igual à de Espanha, alguma vez médicos e enfermeiros apoiantes do ‘sim’ tentaram criar uma rede de clínicas? Não! As clínicas são espanholas, o que diz muito sobre nós.

Há, no entanto, casos não previstos na lei actual em que a prática do aborto é perfeitamente compreensível e que ninguém, verdadeiramente, condena.

Abortar é uma decisão grave que viola o direito do feto - e o feto, digam o que disserem, é uma vida. Mas há circunstâncias (psicológicas, de abandono e solidão, de azares da vida) em que essa decisão é admissível, sem radicalismos, nem falsos moralismos. Comparar, em absoluto, o aborto ao homicídio é tão estúpido e simplista como comparar a extracção de um dente à mutilação genital.

O mal do ‘não’ é este extremismo e o mal do ‘sim’ está nas consequências, nos sinais, que a sua vitória pode dar - a indicação de que, para a sociedade, o feto, o projecto de vida é algo sem importância que não cria, de imediato, uma responsabilidade tremenda e irrecusável para aqueles que o geraram.

É certo que nunca há soluções perfeitas. Mas, neste caso, o referendo é um perfeito absurdo.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Replies:
Subject Author Date
Re: Argumentos do ‘sim’ e do ‘não’oh pra ele...25/01/07 17:34:06


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.