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Subject: O senhor perigo


Author:
Pedro Lomba
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Date Posted: 10/12/06 20:41:09

O senhor perigo

Pedro Lomba
pedro.lomba@clix.pt


Nos últimos anos, a América Latina tem assistido a uma sequência de vitórias eleitorais de partidos de esquerda. Esta tendência explica-se por razões diversas. O enterro da Guerra Fria. A habituação às regras democráticas: as rupturas têm sido cada vez menos frequentes na região, sem dúvida um sinal de mudança da cultura política. Os níveis inconcebíveis de desigualdade social, só comparáveis aos dos países africanos. São factos que beneficiaram as várias esquerdas sul-americanas que, por terem sido satelitizadas pelo comunismo durante a Guerra Fria, foram em grande medida marginalizadas nos primeiros momentos da abertura democrática deste continente.

Mas parece haver ainda outro motivo: Hugo Chávez. O Presidente da Venezuela tem sido ele mesmo um incentivo à moderação de partidos de esquerda nos países da América Latina. O radicalismo alheio também pode ser uma fonte de aprendizagem. Primeiro, Chávez tem pretensões em se assumir como um líder regional, esquecendo que os Estados sul-americanos não apreciam que outros se intrometam nas suas opções internas. Segundo, o populismo chavista descende directamente de outros populismos de má memória da região: Perón na Argentina, Cardenas no México ou Vargas no Brasil (o cientista político Jorge Casteñeda chama a Chávez um Perón com petróleo). Apesar de líderes populistas como Chávez, Morales ou Obrador, as esquerdas sul-americanas não querem repetir a experiência. A circunstância de Chávez ser eleito, como voltou agora a suceder, não consola ninguém. Uma democracia precisa de democratas. O único propósito de Chávez tem sido criar uma sociedade inteiramente dependente do seu autoritarismo manipulador.

O socialismo do século XXI não é diferente do socialismo do século XX: uma economia estatizada e monolítica, assente na corrupção e obediência do povo. Chávez controla o petróleo, o Estado, a educação, a administração pública, as forças armadas e por aí fora. Tem um estentóreo desprezo pelas instituições e convenções democráticas. Sabe que na dependência as pessoas não têm outro remédio que não seja obedecer. E precisa de diabolizar os Estados Unidos para poder aparecer sempre aos venezuelanos como um salvador.

As esquerdas sul-americanas estiveram sempre demasiado presas a ideologias políticas revolucionárias largamente incompatíveis com a democracia constitucional. Não por acaso, um dos desafios destes novos governos de esquerda que agora triunfam na América Latina está em saber se eles serão capazes de respeitar o processo democrático e adoptar políticas moderadas. O que tem acontecido: no Brasil, Lula tem governado com realismo; no Chile, Bachelet é uma conservadora fiscal; no Equador, o vencedor das últimas eleições, Rafael Correia, pertence a uma esquerda cristã moderada; e na Nicarágua até a estrela de outras épocas, Daniel Ortega, não exclui um acordo comercial com os Estados Unidos, além de ter chegado ao poder em aliança com os liberais. Não é na Europa que precisamos de uma esquerda moderna, é na América Latina. Hugo Chávez tem ajudado.

in
http://dn.sapo.pt/2006/12/09/opiniao/o_senhor_perigo.html

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Replies:
Subject Author Date
Re: O senhor perigojovem atento10/12/06 20:42:20
Diario inglés: Chávez es el líder más popular entre los países democráticosAgencia Bolivariana de Noticias13/12/06 0:28:20
Re: O senhor perigochumiska13/12/06 0:48:53


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