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Date Posted: 16:16:44 06/23/07 Sat
Author: Zelia Nobre (Boa noite!)
Subject: Tradição e Modernidade

Abordado a questão Social nas obras de Machado de Assis “a Causa Secreta” e Rubem Fonseca “Feliz Ano Novo”.

O conto de Machado de Assis “a causa secreta” nota-se a predominância do formalismo do Autor, a linearidade presente no decorrer da narrativa, e exemplificada no modo de vida das personagens: Fortunato, Maria Luisa e Garcia. O conto apresenta como características tradicionais uma linguagem culta, localização precisa do ambiente, a busca da verossimilhança, objetividade das descrições e análise dos personagens.
A história narrada em terceira pessoa, marca a presença onisciente do autor que descreve os fatos, constitui uma notável caracterização psicológica em que revela, ao fazer o estudo do personagem Fortunato, em que o ápice do prazer que é conseguido na desgraça alheia.
A Causa Secreta mostra que na perfeita normalidade social de Fortunato - um senhor rico, casado e de meia-idade, que demonstra interesse pelo sofrimento, socorrendo feridos e velando doentes - reside, na verdade, um sádico, que transformou a mulher e o amigo num par amoroso inibido pelo escrúpulo. Este escrúpulo, que gera o sofrimento do par, é a causa secreta do prazer de Fortunato e de sua atitude de manipulação de que o rato, no conto, é símbolo, Garcia, o protagonista, estaca perante a representação do horror. Fascinado perante o gesto frio de Fortunato, Garcia não faz sequer um gesto. Apenas contempla o sócio torturar lentamente um rato. Cortes meticulosos, pata a pata, precediam a queima do mesmo no fogo. O lento ritual prolongava o prazer. O narrador não subsume a cena em poucas palavras, mostrando-a por inteiro ao leitor.
O conto "Feliz Ano Novo” de Rubens Fonseca, narrado em primeira pessoa, o escritor consagrava um estilo: linguagem seca e cortante, para contar histórias de personagens urbanos, muitas vezes do submundo, envolvidos em situações de extrema violência,como os ladrões que descem a favela e invadem uma festa em busca de roubo e matar pessoas como forma de diversão. A selvageria evidenciada através da violência gratuita, do matar por matar, mostra que aquele não é um simples assalto, mas os primórdios de uma revolução. Não querem apenas nosso dinheiro e nossas jóias, querem vingança, estrupando mulheres e matando por diversão. O grande triunfo de Feliz Ano novo é tratar a violência com frieza, naturalidade, como se fosse algo bastante corriqueiro, o que a torna ainda mais cruel.
Feliz Ano novo se estruturaria em torno desta contradição; realidade vivida pelo marginal versus realidade vivida pela alta burguesia.A concretização desta contradição se elaboraria a partir da reprodução dos impasses decorrentes da vivência em um cotidiano miserável, confrontada com o modelo de vida das classes abastadas, e que são agudizadas, no tema através das comemorações em torno da chegada de um ano novo.
No entanto, as duas obras traz contextos diferentes sobre a realidade de uma sociedade, na obra, “Feliz Ano Novo”, de Rubens Fonseca, o autor apresenta uma sociedade com uma grave problemática social, a ferida exposta é representada pela violência, a falta de respeito, a pobreza, os valores sociais investidos causa um colapso sócio-cultural.
A obra apresenta ainda uma linguagem vulgar, informal e com um fundo preconceituoso que retrata de certa forma a cultura do país. Em contrapartida, a obra de Machado de Assis, focaliza uma sociedade tradicional, onde a família é composta pelo pai, o chefe e a esposa, submissa o conto se passa no seio de uma família de classe média alta, um conhecido médico, recebe em sua casa um outro médico, com o tempo, o visitante torna-se íntimo da família, dando a entender um suposto triangulo amoroso, como já é argumento conhecido na obra de Machado de Assis.
Enquanto que em “Feliz Ano Novo”, a linguagem vulgar e informal, em “A Causa Secreta”, a linguagem é formal e rebuscada, apresentando palavras e expressões arcaicas.
No conto Machadiano, os valores sociais que são cultivados pela sociedade de uma forma bem rigorosa, traduzem um modo de vida, monótono e simples embasados nas boas maneiras de famílias mascaradas, sedentas por quebrar regras e tradições, que mais parece corrente sufocante, percebe-se isso muito bem na personagem de Maria Luísa, a esposa submissa de Fortunato, que percebendo os sentimentos que Garcia, o amigo de seu marido, nutria por ela, procurou acomodar-se às sombras da submissão.
Já as personagens de Rubem Fonseca, Pereba e o Zequinha, são escancaradas, com palavrões na boca e armas na mão, fazem assaltos como meio de vida, eles são representantes de uma sociedade esquecida pelo poder público, que traz na revolta uma forma de apresentar suas insastifações. É o fato de não ter respaldo de poder público, volta-se contra o mesmo um ato de pura brutalidade, desse modo, o conto apresenta a critica a sociedade de uma forma apelativa e explicita, como se fosse um chute na porta arrebentando, escancarando, nos mostrando o cheiro fedido do descaso social. É um conto que nos constrange e ao mesmo tempo têm pitadas de humor, um humor roto, bruto e pesado.
Pereba e Zequinha são representantes de uma pocilga a muito “esquecido” que agora vêem fazer cobrança a domicilio.
E assim são os dois contos, os dois tratam de uma sociedade hipócrita que minimizam seus problemas a ponto de achar que eles não existam mesmo vendo-os cara a cara.

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