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Subject: Em memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda | |
Author: Cravo de Abril |
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Date Posted: 27/09/08 18:06:18 27 DE SETEMBRO DE 1979 O primeiro governo constitucional, chefiado por Mário Soares, deu início, em 1976, a uma brutal ofensiva contra as conquistas da Revolução, tendo como objectivo destruir tudo o que de mais avançado e progressista tinha sido alcançado - ofensiva que foi prosseguida por todos os governos que lhe sucederam ao longo de 32 anos. A Reforma Agrária foi o primeiro alvo dos inimigos de Abril. Contra ela foi lançada uma operação cheia de ódio de classe que se desenvolveu através de ilegalidades, de roubos de terras e de gado, de sabotagens e de violenta repressão policial. A resistência dos trabalhadores foi heróica. No dia 27 de Setembro de 1979, uma força da GNR - comandada pelos capitães Martins e Faria e pelo sargento Maximino, todos conhecidos pelo seu ódio à Reforma Agrária - acompanhada por um grupo de agrários e por funcionários do Ministério da Agricultura, procedeu a um roubo de um rebanho de vacas na UCP Bento Gonçalves, no concelho de Montemor-o-Novo. Os trabalhadores resistiram. A GNR - agindo, como no tempo do fascismo, a mando dos agrários... - disparou, ferindo vários trabalhadores e assassinando dois: ANTÓNIO CASQUINHA, de 17 anos e JOSÉ CARAVELA, de 54 anos - ambos militantes comunistas. O Governo - na altura chefiado por Maria de Lurdes Pintasilgo - mandou instaurar um inquérito. A principal conclusão desse inquérito também fazia lembrar as conclusões tiradas pelos ministérios do interior no tempo do fascismo quando as forças repressivas matavam: a GNR disparou, sim, mas para o ar... O Cravo de Abril assinala, hoje, o assassinato dos dois camaradas com um poema escrito no dia do seu funeral - que se realizou para o cemitério de Escoural e ao qual acorreram dezenas de milhares de pessoas. (Em memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda) 1 Aqui nesta planície de sol suado dois homens desafiaram a morte, cara a cara, em defesa do seu gado de cornos e tetas. Aqui onde agora vejo crescer uma seara de espigas pretas. 2 Quando os dois camponeses desceram às covas, ante os punhos cerrados de todos nós, chorei! Sim, chorei sentindo nos olhos a voz do que há de mais profundo nas raízes dos homens e das flores a correrem-me em lágrimas na face. Chorei pelos mortos e pelos matadores - almas de frio fundo. Digam-me lá: para que serviria ser poeta se não chorasse publicamente diante do mundo? José Gomes Ferreira [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
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Re: Em memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda | António | 23/07/11 18:16:40 |