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Subject: Re: Em memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda | |
Author: António |
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Date Posted: 23/07/11 18:16:40 In reply to: Cravo de Abril 's message, "Em memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda" on 27/09/08 18:06:18 >27 DE SETEMBRO DE 1979 >O primeiro governo constitucional, chefiado por Mário >Soares, deu início, em 1976, a uma brutal ofensiva >contra as conquistas da Revolução, tendo como >objectivo destruir tudo o que de mais avançado e >progressista tinha sido alcançado - ofensiva que foi >prosseguida por todos os governos que lhe sucederam ao >longo de 32 anos. > >A Reforma Agrária foi o primeiro alvo dos inimigos de >Abril. >Contra ela foi lançada uma operação cheia de ódio de >classe que se desenvolveu através de ilegalidades, de >roubos de terras e de gado, de sabotagens e de >violenta repressão policial. >A resistência dos trabalhadores foi heróica. > >No dia 27 de Setembro de 1979, uma força da GNR - >comandada pelos capitães Martins e Faria e pelo >sargento Maximino, todos conhecidos pelo seu ódio à >Reforma Agrária - acompanhada por um grupo de agrários >e por funcionários do Ministério da Agricultura, >procedeu a um roubo de um rebanho de vacas na UCP >Bento Gonçalves, no concelho de Montemor-o-Novo. >Os trabalhadores resistiram. >A GNR - agindo, como no tempo do fascismo, a mando dos >agrários... - disparou, ferindo vários trabalhadores e >assassinando dois: >ANTÓNIO CASQUINHA, de 17 anos e JOSÉ CARAVELA, de 54 >anos - ambos militantes comunistas. > >O Governo - na altura chefiado por Maria de Lurdes >Pintasilgo - mandou instaurar um inquérito. >A principal conclusão desse inquérito também fazia >lembrar as conclusões tiradas pelos ministérios do >interior no tempo do fascismo quando as forças >repressivas matavam: >a GNR disparou, sim, mas para o ar... > >O Cravo de Abril assinala, hoje, o assassinato dos >dois camaradas com um poema escrito no dia do seu >funeral - que se realizou para o cemitério de Escoural >e ao qual acorreram dezenas de milhares de pessoas. > > >(Em memória de José Caravela e António Maria >Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda) > >1 >Aqui >nesta planície de sol suado >dois homens desafiaram a morte, cara a cara, >em defesa do seu gado >de cornos e tetas. > >Aqui >onde agora vejo crescer uma seara >de espigas pretas. > >2 >Quando os dois camponeses desceram às covas, >ante os punhos cerrados de todos nós, >chorei! > >Sim, chorei >sentindo nos olhos a voz >do que há de mais profundo >nas raízes dos homens e das flores >a correrem-me em lágrimas na face. > >Chorei pelos mortos e pelos matadores >- almas de frio fundo. > >Digam-me lá: >para que serviria ser poeta >se não chorasse >publicamente >diante do mundo? > >José Gomes Ferreira [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |