Author:
Francisco Sarsfield Cabral - DN
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Date Posted: 09:30:56 01/28/04 Wed
Revisionismos
Houve um tempo em que os sindicatos e os partidos de inspiração marxista respiravam uma enorme confiança, para além das vicissitudes das suas lutas: acreditavam que o sentido da história mais tarde ou mais cedo lhes daria o triunfo. Hoje, pelo contrário, esses sindicatos e partidos transmitem a penosa imagem de um combate defensivo para, na melhor das hipóteses, atrasar aquilo que é inevitável. De progressistas passaram a reaccionários, em questões que vão das leis laborais até à deslocalização e à falência de empresas, passando pela modernização da função pública.
Por isso é interessante a tentativa de Fernando e Maria Rosa Penim Redondo (Do Capitalismo para o Digitalismo, Ed. Campo das Letras) para actualizar aquela inspiração marxista. «A nível sindical, e mesmo dos partidos de esquerda, há um enorme défice de compreensão acerca dos desafios de gerir uma empresa», escrevem. Mais: «É chegada a altura de as teorias de raiz marxista fazerem as pazes com o mercado.» Marxistas heterodoxos, os autores consideram ultrapassada a teoria do valor assente no tempo de trabalho. Teoria que Marx foi buscar aos economistas clássicos ingleses e que serviu de base à sua tese da exploração capitalista através da apropriação da mais-valia pelo patrão. Os autores vêem nas novas tecnologias a possibilidade de acabar com o trabalho assalariado, numa economia do conhecimento permitindo um modo de produção cooperativo e sem alienações.
O problema é que as ideias fulcrais de Marx não foram postas em causa apenas pela revolução informática. Elas já não colavam à realidade do sec. XIX. Há cem anos, Bernstein, o primeiro grande revisionista, mostrou o erro das profecias de Marx. O marxismo nasceu obsoleto.
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